Somente entre o domingo e a sexta-feira da semana passada, a Folha S. Paulo dedicou três editoriais (em 22, 24 e 26/04) ao tema da educação no país, além de reportagens sobre o lançamento do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) pelo governo federal – a relevância do tema justifica tal empenho, e condiz com o papel da imprensa como instrumento para reflexão de questões tão prementes.
Seria interessante que o jornal também dedicasse, senão semelhante espaço, ao menos o suficiente para ‘diagnosticar’ a realidade educacional nos estados brasileiros, a começar, por exemplo, pelo estado de São Paulo – avaliando as condições de trabalho dos professores, bem como sua luta por melhores salários.
A esse respeito, no entanto, chega a ser constrangedora a ausência de notícias sobre a paralisação/protesto dos professores do estado paulista (juntamente com representantes da polícia militar e servidores da saúde), ocorrida no último dia 17, com direito à marcha na avenida Paulista e manifestação na Assembléia Legislativa, onde, aliás, tramita projeto do governador sobre reforma previdenciária, significando mais perdas para os servidores.
Se a Folha realmente está empenhada – como o diz no manifesto de apoio às metas básicas do Compromisso Todos pela Educação, no editorial de domingo – com a causa educacional, assumindo tal postura diante de seu público leitor (e da sociedade), não pode deixar de tocar em pontos ‘espinhosos’ da administração estadual em relação à educação e à política educacional, tanto no ensino fundamental quanto nas universidades estaduais.
Visão crítica
Apenas para ilustrar esse aspecto basta atentar para a questão da autonomia administrativa nas universidades ou das nomeações – que se espera sejam pautadas por critérios técnicos – dos dirigentes regionais de ensino em diversas diretorias do estado.
Certamente, o sucesso do PDE depende de todos – e, acima de qualquer interesse (partidário político), deve prevalecer uma visão crítica e global das metas a serem atingidas, bem como da implementação das medidas e do emprego adequado (sem camuflagens estatísticas ou desvios) das verbas disponibilizadas.
O cidadão leitor/eleitor merece que o assunto continue em pauta e seja aprofundado.
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Funcionário público, Jaú,SP