Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A zombaria e o jogo na aviação brasileira

Temos assistido a insultos à inteligência dos brasileiros, mormente aos que entendem de aviação. Há uma verdadeira explosão histérica e no limite da ética, na divulgação pela mídia de imagens de morte, dor e revolta das vítimas, que vem sendo impressa diariamente em jornais/revistas ou mostrada, em close, pela TV. Tudo com a chancela de políticos e autoridades. Isto mostra o nível de falta de sensibilidade e verdadeiro sarcasmo a que chegaram. Mas a última mostra de insensibilidade foi a divulgação do diálogo na cabine do A-320.

Políticos da CPI, mídia em geral e autoridades envolvidas, exceto o CENIPA, pareciam estar sedentos por este último golpe. Todos cumprindo rigorosamente sua ‘agenda própria’, seja ela para tirar proveito político, no caso dos políticos, ou achar um culpado e – como é de praxe – condená-lo de pronto, no caso da mídia, sem procurar os ‘porquês’. Que é o que mais importa em um acidente aeronáutico.

Mais frescobol

A ninguém mais, além das autoridades de investigação aeronáutica e de alguns familiares das vítimas, poderia interessar aquela divulgação. Foi desrespeito e uma verdadeira zombaria o que fizeram. Não dá para aceitar isto. Temos que mudar o jogo que vem sendo ‘jogado’, não só na aviação, mas na vida brasileira como um todo. Temos que parar de ganhar o jogo em cima do outro e procurar mais pelo bem comum. Precisamos jogar mais frescobol!

Explico: enquanto, por exemplo, no squash a intenção é matar o ponto derrotando o adversário, onde até um olho vazado faz parte, no frescobol a intenção é fazer a bola permanecer voando – nenhum dos jogadores quer a vitória sobre o outro – a dupla quer o prazer de continuar o agradável jogo. É disso que precisamos: mais jogadores de frescobol e menos jogadores de squash na vida brasileira.

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Oficial aviador, piloto de linha aérea, agente de segurança de vôo, Porto Alegre, RS