A maioria dos venezuelanos (o equivalente a 56,2%) apóia os protestos estudantis pelo fechamento do canal de oposição Radio Caracas Televisión (RCTV), revelou uma pesquisa divulgada na semana passada pelo instituto Datos. Foram entrevistadas, durante o mês de junho, 600 pessoas de diversas classes sociais. Apenas 23,8% dos venezuelanos entrevistados são contra as manifestações, 19,3% não têm opinião sobre o assunto e 0,7% não quiseram responder.
O presidente Hugo Chávez, que não renovou a concessão de funcionamento da RCTV no fim de maio, alega que tais manifestações fazem parte de um plano dos EUA para derrubá-lo do poder. ‘Tudo isto faz parte de um plano conspiratório’, afirmou em seu programa televisivo semanal, logo após a divulgação dos dados da pesquisa nos jornais do país. Chávez alega ainda que é vítima de uma tentativa de ‘golpe suave’, ao estilo da ‘Revolução Laranja’, ocorrida na Ucrânia, em 2004.
Segundo seus partidários, os estudantes estão usando os mesmos gestos vistos nos protestos contra o presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, em 2000, e na ‘Revolução Rosa’, na Geórgia, em 2003, quando os manifestantes distribuíam flores aos policiais.
Golpe e censura
Chávez acusava a RCTV, mais antiga emissora televisiva do país, de violar normas de transmissão e de participar de um golpe que o tirou brevemente do poder, em 2002. Na freqüência do canal, foi colocada uma emissora estatal. Desde então, são freqüentes os protestos por milhares de estudantes, que acusam o presidente de prejudicar a democracia na Venezuela.
Críticos de Chávez afirmam que a censura à mídia reflete sua tentativa de centralizar órgãos do setor público, judiciário, Exército e da indústria do petróleo. O presidente, que planeja uma reorganização política na Venezuela para instalar um ‘modelo socialista’ no país, tem ainda em seus planos a instalação da ‘reeleição ilimitada’ para seu cargo.
Segundo a pesquisa do Datos, 66,9% dos entrevistados se opuseram ao fechamento da RCTV. Em abril, pesquisa divulgada pela Datanalisis dizia que 70% dos entrevistados também foram contra o fechamento. Chávez ameaça fechar o Globovisión, último canal aberto de oposição, que acusa de incitar os protestos. Informações da Reuters [17/6/07].