Um pistoleiro não identificado assassinou a tiros o jornalista colombiano Hárold Humberto Rivas Quevedo no departamento de Valle del Cauca, no oeste do país, na noite de 15 de dezembro. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as autoridades colombianas a investigarem o assassinato e a fazerem todo o possível para levar os responsáveis à justiça.
Rivas, de 49 anos, apresentador do programa político Comuna Libre na estação local de televisão CNC Bugavisión e narrador esportivo da estação de rádio local Voces del Occidente, saiu do escritório da emissora um pouco depois das 22h00, disse ao CPJ o gerente, Javier Gil. Minutos mais tarde, Rivas chegou a uma funerária administrada por ele, onde um indivíduo usando um capacete de motocicleta escuro se aproximou dele, segundo informações da imprensa colombiana. O agressor não identificado disparou cinco tiros na cabeça de Rivas antes de fugir, com outro indivíduo, em uma motocicleta que se encontrava em frente à funerária. Rivas morreu na hora, informou Gil.
Na noite de sua morte, Rivas havia terminado de gravar um programa ao vivo. Segundo o gerente da emissora, Rivas criticava os problemas da cidade de maneira geral, mas não dirigia suas críticas diretamente a nenhum funcionário ou autoridade, nem abordava temas sensíveis. Ainda não ficou claro se o assassinato ocorreu em represália direta por seu trabalho.
Críticas à corrupção e aos políticos
Uma equipe especial de investigadores da polícia local abriu imediatamente um inquérito, noticiou o jornal El Tiempo. Segundo Gil, os investigadores ainda não divulgaram as linhas de investigação.
‘As autoridades colombianas devem investigar rigorosamente e sem demora a morte de Hárold Humberto Rivas Quevedo’, declarou Robert Mahoney, diretor-adjunto do CPJ. ‘Em um país onde a autocensura se converteu em norma para os repórteres provinciais, as autoridades devem demonstrar seu compromisso com a proteção da imprensa local levando à justiça todos os responsáveis pelo assassinato de Rivas.’
O índice de mortes de jornalistas diminuiu ligeiramente na Colômbia, historicamente um dos países mais letais para a imprensa, como indicam as pesquisas do CPJ. Embora o governo considere que isto é decorrência da política de segurança, a investigação do CPJ demonstra que a existência de uma autocensura generalizada converteu a imprensa um alvo menos visado.
Em sua análise anual de fim de ano, publicada hoje, o CPJ apurou que, em todo o mundo, ao menos 68 jornalistas foram mortos no cumprimento de seu trabalho informativo em 2009, a mais alta cifra documentada pela organização até agora. Uma das vítimas deste ano foi o jornalista colombiano José Everardo Aguilar, de 72 anos, correspondente da Radio Súper na cidade de Patía, no sul do país, que foi morto a tiros em sua casa em 29 de abril. Ele era conhecido por suas fortes críticas à corrupção e aos vínculos entre políticos locais e grupos paramilitares de extrema-direita [Nova York, 17 de dezembro de 2009].
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CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa no mundo