Aos jornalistas – e leitores – mais experientes, proponho uma aula de História. O tema é censura. Tenho 27 anos e muito li e ouvi a respeito dos censores nas redações durante a ditadura militar, dos sonetos de Camões e receitas culinárias no lugar do que seriam matérias no Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, dos textos escritos de modo sutil e imperceptível às canetas-pilot dos que fiscalizavam o conteúdo de jornais e revistas.
Agora, nestes tempos ‘democráticos’, enfrenta-se outro tipo de restrição ao noticiário, que também se percebe amplamente, sobretudo em meios de comunicação de pequeno porte: a censura econômica.
Panfletos – não merecem a denominação de jornais – publicam notas positivas de políticos para obterem anúncios oficiais. E quando malham os ‘poderosos’ é porque ou são financiados por opositores ou batem até receberem uma fatia do orçamento público reservado à mídia.
Os que viveram as duas épocas, por favor, manifestem-se. O que foi ou é pior: não poder falar por medo da violência física ou pelo temor de perder o emprego em tempos cada vez mais bicudos? Desculpem-me. Confesso não saber a resposta.
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Repórter do jornal Diário do Litoral, de Santos (SP), e do telejornal Band Cidade, na TV Bandeirantes