Quando surgiu no noticiário, denunciando ter sido atacada por neonazistas na Suíça, a advogada Paula Oliveira era tratada como ‘a jovem brasileira’. Agora que ela á acusada de haver inventado a história, a Folha de S.Paulo e o Globo passam a chamá-la de ‘a pernambucana Paula Oliveira’. Mas essa é apenas uma das trapalhadas da história. (L.M.C.)
A nossa advogada em Zurique, Paula Oliveira, já está em casa descansando, embora indiciada pela justiça suíça, mas aqui continua o show de barbaridades a propósito do episódio. Uma das últimas foi oferecida pelo chanceler Celso Amorim, que costuma ser cauteloso e ponderado nas suas manifestações públicas. Mas como se tratava de justificar o seu desempenho pessoal tão logo estourou o caso, foi obrigado a apelar para a paupérrima desculpa da verossimilhança.
Algo fantasioso também pode ser verossímil, dizem os dicionaristas, o que não significa que seja verdadeiro. Um turista estrangeiro no Rio de Janeiro pode acusar de ladrão um inocente ciclista que nele esbarrou porque a violência na cidade torna a história perfeitamente verossímil.
Um banqueiro que faz cooper na praia com uma mochila nas costas pode ser acusado de estar fugindo do país com o dinheiro dos clientes. Não é verdade, mas é verossímil diante de tantos escândalos financeiros.
Uma autoridade não pode se fiar nas aparências, elas podem ser enganosas. Nem todo vereador é infrator, embora seja verossímil que um deles em atitude suspeita esteja cometendo um ilícito.
A teoria da verossimilhança é, em si, antijurídica, antiética e, sobretudo, preconceituosa. Mas também é xenófoba, racista e irracional. Nem todo jornalista é irresponsável, mas se ele se agarra à teoria da verossimilhança pode ser confundido com um neonazista, neofascista ou neo-estalinista. Seria perfeitamente verossímil.