Como toda a imprensa internacional, os principais jornais brasileiros voltam suas atenções na sexta-feira (25/9) para alguns acontecimentos que retratam o estado do mundo.
O principal destaque das edições do Estado de S.Paulo e do Globo foi para a decisão do Conselho de Segurança da ONU estabelecendo limites para a produção e estocagem de armas nucleares. Mas o encontro dos dirigentes dos vinte países mais desenvolvidos, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, perde espaço para notícias de Honduras, onde o presidente deposto Manuel Zelaya seguia, até então, refugiado na embaixada brasileira.
A despeito da importância das negociações em Pittsburgh, onde ficou decidido que o G-20 vai substituir o G-8, formado pelos sete países mais ricos e a Rússia – o que coloca o Brasil na cúpula das nações que vão reorganizar a política econômica global –, Folha e Globo preferem dar destaque a declarações dos golpistas de Honduras ameaçando o Brasil.
Destaque esdrúxulo
Para quem acompanha com atenção os acontecimentos internacionais, pode parecer estranho que alguns jornais considerem mais importante a reação de um punhado de aventureiros num país centro-americano pouco expressivo do que a mais concreta manifestação das mudanças geopolíticas que afetam o mundo contemporâneo.
Além disso, há dois fatos relevantes sobre Honduras. Um deles é a decisão dos líderes golpistas de aceitar um diálogo com o presidente deposto, o que aponta um caminho para o fim da crise e o acerto da comunidade internacional de não reconhecer o governo provisório. Essa foi a notícia escolhida pelo Estadão.
Outro fato é um comunicado do governo interino de Honduras acusando o Brasil de haver apoiado a volta de Manuel Zelaya ao país e ameaçando responsabilizar o governo brasileiro por qualquer consequência do refúgio dado a Zelaya na embaixada em Tegucigalpa.
Inconfidência de um colunista da Folha dá a entender que a direção do Globo mandou seu enviado especial a Pittsburgh dar mais atenção à declaração dos golpistas hondurenhos do que à reunião dos dirigentes do G-20. Como resultado, temos a Folha e o Globo destacando na primeira página um simples bate-boca provocado por aventureiros do que uma decisão que altera o quadro do poder econômico no mundo.
Por essas e outras, a imprensa brasileira deixou há muito de ser fonte confiável para pesquisas acadêmicas.