A divulgação em jornais e outdoors italianos, na semana passada, da fotografia de uma mulher anoréxica nua gerou críticas na Itália. A campanha, da grife de moda Nolita, foi lançada durante a semana de moda em Milão e tinha o objetivo de chamar a atenção para o distúrbio alimentar.
Segundo o polêmico Oliviero Toscani, autor da foto, ‘ao olhar para o anúncio, as meninas com anorexia vão pensar em encerrar a dieta’. Em 1992, Toscani surpreendeu ao registrar a imagem de um homem morrendo de AIDS para uma campanha da Benetton. A grife Nolita se defendeu das acusações de que teria usado a anorexia para autopromoção e alegou que o propósito é ‘usar o corpo nu para mostrar a todos a realidade desta doença, causada na maioria dos casos pelos estereótipos impostos pelo mundo da moda’.
Já a presidente da Associação Italiana para o Estudo da Anorexia, Fabiola De Clercq, discorda. Para ela, a mulher na foto – que pesa 31 quilos e sofre há 15 anos de anorexia – deveria estar no hospital. Além disso, defende Fabiola, a imagem é muito ‘violenta’. ‘Longe de ajudar as mulheres que sofrem de anorexia, a foto pode fazer com que muitas delas queiram ser ainda mais magras que a modelo’, opina.
Banidas
No ano passado, a Semana de Moda de Madri proibiu garotas com índice de massa corporal abaixo de 18 das passarelas – pessoas com índice menor que 18,5 são consideradas abaixo do peso normal para a altura. Já a Semana de Moda de Milão anunciou que as modelos devem ter certificados médicos garantindo estar sãs para desfilar.
A campanha da Nolita foi aprovada pelo Ministério da Saúde italiano. No ano passado, o governo e a indústria de moda do país já haviam lançado uma campanha contra a anorexia entre modelos, que incluía o compromisso com o aumento da modelagem das roupas nas coleções de estilistas. Informações de Emma Heald [Reuters, 24/9/07] e da AFP [26/9/07].