Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Celular com sinal de TV digital chega ao mercado

Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 5 de março de 2008


TV DIGITAL
Gustavo Porto


Celulares que recebem sinal da TV digital chegam ao mercado


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem, na unidade da Samsung em Campinas (SP), o primeiro aparelho celular capaz de captar o sinal de TV digital aberta no Brasil. O telefone foi desenvolvido pelo centro de pesquisa e desenvolvimento da multinacional sul-coreana na cidade, e deve chegar às lojas nas próximas semanas, com o sinal da operadora Vivo.


A Samsung não informou quanto foi investido no desenvolvimento do aparelho. O equipamento V820L tem display colorido, câmera fotográfica com resolução de 2 megapixels, antena retrátil para TV digital e é compatível com redes móveis de terceira geração (3G).


No final deste mês, a Semp Toshiba também deve lançar seu celular com acesso à TV digital. O modelo terá tela sensível ao toque, reconhecimento de escrita, câmera de 2 megapixels e tocador de música digital. Assim como o aparelho da Samsung, também será vendido nas lojas da Vivo na Grande São Paulo – onde o sinal aberto digital está sendo propagado desde o último 2 de dezembro. A operadora, no entanto, não divulgou os preços dos aparelhos.


Os celulares permitem o acesso gratuito à programação normal das emissoras de televisão, onde houver o sinal digital – ou seja, por enquanto, apenas em São Paulo. A Rede Globo, SBT, RedeTV, MTV, Record, Bandeirantes e Gazeta transmitem os sinais para celulares. Mas as imagens não são de alta definição, como nos televisores. No celular, a imagem é compactada e, por isso, perde um pouco a qualidade.


Um dos principais argumentos para a escolha do padrão japonês ISDB-T para o Brasil foi exatamente a mobilidade. Ele era o único dos três sistemas internacionais avaliados – os outros eram o padrão europeu e o americano – que permitia a transmissão do sinal para celulares no mesmo canal usado para o sinal recebido pelos televisores. A tecnologia americana ATSC não previa a transmissão para celulares, e a européia DVB-T exigia que o sinal fosse transmitido num canal diferente de televisão.


O sinal para celulares começou a ser transmitido na estréia da TV aberta digital, em dezembro. Não havia no mercado, no entanto, aparelhos celulares que conseguissem captar o sinal. Os aparelhos japoneses, por exemplo, não funcionavam na rede de telefonia celular brasileira. Os modelos anunciados pela Samsung e pela Semp Toshiba precisaram ser adaptados às características do sistema adotado no País.


EVENTOS


O presidente Lula participou de uma série de eventos em Campinas, que incluíram a inauguração da sede dos centros de Monitoramento por Satélite da Embrapa e de Nanociência e Nanotecnologia Cesar Lattes.


COLABOROU MICHELLY TEIXEIRA’


 


INTERNET
Renato Cruz


Classe C brasileira avança na internet


‘‘É um mito que a internet é elitizada, que só fala para as classes A e B’, disse o presidente do Interactive Advertising Bureau Brasil (IAB) e diretor-geral do portal Terra, Paulo Castro. De acordo com o IAB Brasil, 37% dos internautas brasileiros no ano passado eram da classe C. Cinqüenta por cento eram da classes A e B e 13% da D e E. Este ano, a expectativa é que a fatia da classe C chegue a 40%. ‘Devemos fechar o ano com 18 milhões de usuários na classe C.’


‘Outro mito que queremos eliminar é que não existe massa crítica na internet no Brasil’, afirmou Castro. ‘Já estamos entre o sexto e o sétimo mercado do mundo, à frente da França, da Itália e da Espanha. Somos o segundo meio de comunicação mais abrangente do Brasil.’ Em primeiro lugar, está a TV.


No ano passado, o total de internautas no Brasil avançou 21%, chegando a 40 milhões. O crescimento foi incentivado pelas vendas de computadores, que somaram 10,5 milhões e ultrapassaram, pela primeira vez, o total de aparelhos de televisão vendidos no País. Para 2008, a expectativa de crescimento do número de internautas é de 15%, chegando a 45 milhões. ‘Os dois primeiros meses do ano mostraram números bem saudáveis de vendas de computadores’, destacou o presidente do IAB Brasil.


A publicidade na internet aumentou 45%, chegando a R$ 527 milhões em 2007. O número não inclui a maior parte dos links patrocinados, pequenos anúncios de texto que aparecem ao lado de resultados de busca e em páginas de conteúdo, principal fonte de receita do Google. Segundo Castro, existe um esforço da subsidiária brasileira do Google para que esses números possam ser agregados ao indicador. Hoje, a matriz da empresa não autoriza a sua divulgação para a entidade.


A internet foi a mídia que mais cresceu no ano passado. Para 2008, a IAB Brasil projeta uma expansão de 35%, chegando a R$ 712 milhões. Apesar do aumento acelerado, a internet ainda tem uma participação muito pequena no bolo publicitário, de 2,8% (sem os links patrocinados). ‘Temos de trabalhar com formação e informação’, disse Castro. ‘Existem anunciantes que ainda acham mais fácil trabalhar com o que já está perpetuado. A TV paga, que alcança entre 13 milhões e 15 milhões de pessoas, tem hoje uma participação um pouco acima da internet, com 3,4%. Uma explicação é que a forma de lidar com ela é parecida com a TV aberta. Oitenta por cento do poder de consumo brasileiro já estão na internet.’’


 


CRIME
Chico Siqueira


Presos policiais acusados de assassinar jornalista


‘Quatro homens da Polícia Militar foram presos ontem, acusados pela morte do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, morto com dois tiros calibre 12, na noite de 5 de maio de 2007, num bar próximo da rodoviária de Porto Ferreira (SP). A prisão preventiva foi determinada pela juíza Milena de Barros Ferreira, da 1ª Vara Criminal de Porto Ferreira, a pedido do Ministério Público.


Foram presos o capitão Adélcio Avelino, o sargento Edson Luiz Ronceiro e os soldados Valnei Bertoni e Paulo César Ronceiro, além de Carlos Alberto da Costa, primo do capitão. Todos responderão por formação de quadrilha, homicídio e tentativa de homicídio.


O grupo é acusado de se associar para matar o jornalista, que na ocasião supostamente apurava uma denúncia contra a polícia local. Os advogados dos PMs foram procurados, mas não foram encontrados até o fechamento desta edição.’


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


Raridades marcam homenagem da Cinemateca às mulheres


‘Todo ano é a mesma coisa. O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, presta-se às comemorações, e sempre surgem ciclos, em geral sobre grandes personagens femininas, ou com filmes dirigidos por mulheres. O desafio da Sala Cinemateca era – como fugir ao lugar-comum? Há um diferencial na programação deste ano. A mostra Perfis Femininos reúne obras de qualidade que também são raras. Ou são filmes que não estrearam no Brasil ou há muito não circulam, nem no circuito alternativo. Juliana do Amor Perdido, que abre hoje o evento – passa na seqüência de Depois Que Otar Partiu -, enquadra-se na segunda categoria. O filme de Sérgio Ricardo participou, fora de concurso, da Berlinale de 1970.


Você sabe quem é Sérgio Ricardo – o cantor e compositor de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha (‘Te entrega, Corisco…’), o talentoso diretor de uma jóia pouco conhecida do cinema brasileiro nos anos 60, Esse Mundo É Meu, com extraordinária interpretação de Léa Bulcão. Baseado numa lenda do litoral paulista, Juliana do Amor


Perdido conta a história desta garota, tida como santa numa aldeia de pescadores, o que impede seu romance com maquinista de trem. Na época, o diretor dizia que seu filme é uma denúncia daqueles que procuram impedir a solução dos problemas sociais, buscando escape no sincretismo religioso. Há 38 anos, Juliana do Amor Perdido foi o grande vencedor da Coruja de Ouro, o prêmio que o então Instituto Nacional de Cinema concedia aos melhores do ano.


Sérgio Ricardo anda tão recluso que a Cinemateca, apesar de todas as tentativas, não conseguiu nem informá-lo da apresentação desta noite. Maria do Rosário, Francisco di Franco e Ítala Nandi estão no elenco. Por falar em elenco, mais exatamente em atriz, a primeira categoria – a dos filmes inéditos – é representada, no ciclo da Cinemateca, por Você e Eu, da diretora francesa Julie Lopez-Corval. Ajuda bastante acrescentar que a protagonista é interpretada por Marion Cotillard, vencedora do Oscar deste ano por sua interpretação em Piaf – Hino ao Amor, de Olivier Dahan. O filme conta a história de redatora de fotonovelas que projeta, em suas criações, os próprios conflitos amorosos e também as angústias sentimentais de sua irmã.


Marion foi a segunda atriz francesa a receber o Oscar – e a primeira representando em francês -, quase 50 anos depois de Simone Signoret, por Almas em Leilão, de Jack Clayton, em 1959. Há exatamente 20 anos, outra francesa, Isabelle Adjani, esteve entre as indicadas para o prêmio da Academia de Hollywood e o filme, Camille Claudel, de Bruno Nuytten, sobre a obsessiva irmã de Paul Claudel e amante de Auguste Rodin, é outro destaque da programação. Prepare-se para (re)ver O Corpo Ardente, um dos maiores filmes de Walter Hugo Khouri, com Barbara Laage como mulher que sobe a serra em busca de ascese e se identifica com cavalo indomável. Celeste, de Percy Adlom, conta a história da governanta de Marcel Proust. Diva, de Jean-Jacques Beineix resgata uma pérola do neofilme noir à francesa, dos anos 80. E Deus Criou a Mulher retrocede aos 50 para mostrar o início do mito de Brigitte Bardot, sob a direção de Roger Vadim.


Os perfis de mulheres são muitos e variados – o ciclo vai até dia 30. Mamma Roma, de Pier Paolo Pasolini, traz Anna Magnani como prostituta que habita o subúrbio de Roma e vê o filho ser crucificado pela violência urbana. Madame Bovary, de Claude Chabrol, faz de Isabelle Huppert a heroína célebre do romance de Gustave Flaubert. Em Ana dos 6 aos 18 Anos, o cineasta russo Nikita Mikhalkov documenta o cotidiano da própria filha durante a derrocada do império soviético, período também enfocado por Otar Iosseliani em Desde Que Otar Partiu, no qual três mulheres esperam o homem que se foi. Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur, com Simone Simon, mostra como era o terror sugerido pelo produtor Val Lewton em Hollywood, nos anos 40. Em Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos de Oliveira, uma mulher, Leila Diniz, resume todas as outras. Nunca houve, na Cinemateca, comemoração mais bela do Dia da Mulher.


Serviço


Perfis Femininos. Hoje, 19 h, Desde Que Otar Partiu… (2003), de Julie Bertucelli; 21 h, Juliana do Amor Perdido (1970), de Sérgio Ricardo. Cinemateca (104 lug.). Largo Senador Raul Cardoso, 207, 3512-6101. R$ 8. Até 30/3′


 


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Gravação no centro


‘A Globo realizou, na semana passada, um encontro com o autor Alcides Nogueira para acertar detalhes da próxima novela das 6, Ciranda de Pedra, inspirada no livro homônimo de Lygia Fagundes Telles – o autor sempre afirma que não se trata de um remake da novela feita por Teixeira Filho, na mesma Globo, em 1981.


Na reunião, Alcides Nogueira conversou com a Central Globo de Comunicação (CGCom) para acertar detalhes da divulgação do folhetim. Houve ainda um workshop com os atores escalados para a trama. Alguns nomes confirmados são os de Bruno Gagliasso, Marcello Antony e Paola Oliveira.


Já no domingo passado, algumas cenas da novela foram gravadas em São Paulo, cenário da trama, que se passa em 1958. A maior parte da ação vai ocorrer no bairro da Vila Mariana , mas haverá outros cartões-postais na tela. ‘Foram feitas as primeiras gravações no centro, como na Rua Benjamin Constant, no Teatro Municipal, na Praça Ramos e na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco’, conta o autor. Ele fala que outras locações serão o Parque do Ibirapuera, a Casa das Caldeiras e ruas do Jardim Europa.’


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 5 de março de 2008


TV DIGITAL
Folha de S. Paulo


Celular da Vivo transmite sinal da TV digital


‘A Vivo anunciou ontem o lançamento de dois celulares que funcionarão como TV digital, recebendo os sinais das emissoras. Fabricados pela Samsung e pela Semp-Toshiba, chegarão às lojas em abril. Os canais em alta definição estão disponíveis em São Paulo e seguirão o cronograma das emissoras em outros locais.


Só o modelo da Samsung será 3G, permitindo baixar uma música durante a exibição de um show, por exemplo. Os preços: R$ 1.600 (Samsung) e R$ 1.200 (Semp-Toshiba).


‘O objetivo é a fidelização’, afirma Hilton Mendes, diretor de desenvolvimento da Vivo. No quarto trimestre de 2007, a operadora -líder em assinantes- perdeu cerca de 700 mil clientes, 2,1% do total. ‘O custo para recuperá-los e continuarmos com a liderança é mais alto que o da concorrência.’’


 


GOVERNO
Catia Seabra


Serra amplia gastos com propaganda


‘Oposição e governo podem divergir sobre o critério para análise de dados. Mas os números mostram que, sob a gestão do tucano José Serra, o governo de São Paulo ampliou significativamente a previsão de gastos com comunicação social para o período de 2008 a 2011.


No PPA (Plano Plurianual) enviado à Assembléia, o governo prevê R$ 720.377.473,00 para comunicação social no próximo quadriênio.


Segundo levantamento feito pela liderança do PT na Casa, essa dotação representa 490% a mais do que os R$ 122 milhões apresentados pelo governo Alckmin para gastos com comunicação no PPA referente ao período de 2004 a 2007.


O governo contesta o método do PT. Pelos cálculos da assessoria do Palácio dos Bandeirantes, os gastos com comunicação social no período de 2004 a 2007 chegaram a R$ 225,6 milhões. Ainda assim, a previsão para os próximos quatro anos é 220% maior do que a do quadriênio passado. Para comparação: a previsão de aumento de investimentos para os próximos quatro anos é de 99%.


Serra é potencial candidato à Presidência em 2010.


Para chegar aos R$ 225,6 milhões, o governo de São Paulo lembra que, de 2004 a 2007, a dotação inicial sofreu aumento: o Estado gastou mais em comunicação do que estava originalmente previsto no papel.


Segundo o Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária), de 2004 a 2007, foi autorizado o pagamento de R$ 193,7 milhões -cifra 271% menor do que a proposta no novo PPA.


Além desse aumento em comparação à previsão original, o governo aplicou uma inflação de 4% ao ano.


Em nota enviada à Folha, a assessoria de imprensa do governo afirma que a comunicação representará 0,16% de todo o PPA e não inclui apenas gastos com publicidade. Mas atividades como assessoria, montagem de site e editais.


Segundo a nota, o PPA prevê ações ‘que exigem novos esforços de comunicação para garantir a adesão da população’, como a Nota Fiscal Paulista.


Para o programa, diz, a Secretaria da Fazenda tem alocados R$ 86,9 milhões, ‘valor pouco significativo’ diante da expectativa de arrecadação: R$ 3 bilhões por ano. ‘O governo tem obrigação de prestar contas de suas ações à população. Também é dever da administração manter a população informada sobre assuntos que podem afetar a vida de todos.’’


 


CRIME
Folha de S. Paulo


PMs são presos em caso de morte de jornalista


‘Os policiais militares Valnei Bertoni, César Ronceiro e o irmão dele Edson Luiz Ronceiro foram presos ontem sob a acusação de participar do assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon, morto com dois tiros, no dia 5 de maio do ano passado, em um bar na periferia de Porto Ferreira. O capitão Adélcio Carlos Avelino é considerado foragido.


A prisão preventiva foi pedida pelo promotor Gaspar Pereira da Silva Júnior, do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado), de Campinas, e decretada pela Justiça.


‘Eles se sentiram perseguidos pelas denúncias do jornalista [sobre roubo de carga com envolvimento de policiais] e por isso resolveram praticar o crime’, disse o promotor.


Segundo testemunhas, Barbon foi morto por dois homens encapuzados. Um deles dirigia a moto e o outro desceu e disparou dois tiros à queima-roupa.


Kátia Camargo, viúva do jornalista, afirmou se sentir mais tranqüila. ‘Acho que a Justiça foi feita.’


A Folha não conseguiu ouvir o advogado dos PMs.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Os tambores


‘George W. Bush entrou em cena, apoiou Álvaro Uribe contra ‘manobras provocativas’ de Hugo Chávez -e o noticiário anglo-americano disparou. A BBC agora aponta a ‘linguagem cada vez mais belicosa’. O site da ‘Economist’ destaca os ‘rumores de guerra’. O ‘Guardian’ fala em ‘ponto de fervura’. O ‘New York Times’, no segundo destaque, só abaixo das primárias, deu que a acusação colombiana de ‘bomba suja’ dos guerrilheiros ‘representa escalada aguda na retórica’. Nos vários textos, o conflito se restringe a Colômbia e Venezuela, com apoio velado à primeira.


Apoio mais aberto foi dado em editorial pelo ‘Wall Street Journal’, justificando a invasão colombiana ‘por razões legítimas de autodefesa’. Com o título ‘Os tambores de ‘guerra’ de Chávez’, o editorial pouco notou o Equador, concentrando-se na Venezuela.


O TEATRO DE GUERRA


Dos canais mundiais de notícias ao ‘NYT’, as operações no conflito ganham tratamento visual que as aproximam da cobertura de guerra. O site da ‘Economist’ (esq.) destacou o ataque colombiano. O site do francês ‘Le Monde’ indicou a movimentação de tropas pelo Equador e pela Venezuela


FRANÇA VS. EUA


Correu on-line, à noite, a informação de que a Colômbia sabia que Raúl Reyes era interlocutor da França na libertação de Ingrid Betancourt.


Ainda sem eco da notícia, ‘Le Figaro’ e ‘Le Monde’ diziam que o ‘tom cresce’ e a ‘crise se agrava na América Latina’. E o ‘Monde’ destacava que uma fonte colombiana confirmou que a operação foi iniciada quando os serviços de informação dos EUA deram a localização de Reyes.


DECÊNCIA E O RUBICÃO


Já o espanhol ‘El País’ seguiu a edição do colombiano ‘El Tiempo’ e do venezuelano de oposição ‘El Universal’, com manchete para a denúncia da Venezuela pela Colômbia, em Haia, por genocídio.


Em editorial, mais significativamente, o ‘El País’ questionou Álvaro Uribe por ‘cruzar o Rubicão’ ao entrar no Equador, mas focou o ataque em Hugo Chávez, que não teria ‘a decência mínima que se exige de um chefe de Estado’.


ALTERNATIVAS


Nas manchetes do equatoriano ‘El Comercio’ ao longo do dia, as alternativas à guerra, em enunciados como ‘Governo pede força multinacional de paz para cuidar da fronteira com a Colômbia’. Da parte do Brasil, nas agências mas pouco além, os esforços -apoiados pelo Chile- por uma investigação da incursão militar colombiana.


Mas por aqui, enquanto isso, as Globos se voltavam ao fantástico -e fantasioso- envio de armas de Lula para Hugo Chávez, trombeteado pelo senador Arthur Virgílio.


‘A CHINA EM ASCENSÃO’


Dada de tempos em tempos como simpática à Venezuela, a China até acompanha a crise com atenção, por sua mídia estatal, sem tomar partido. O destaque ontem era de segurança, mas de outra ordem, com o salto no orçamento militar chinês e uma reação americana -e a ameaça, por Hu Jintao, de que ações ‘secessionistas’ de Taiwan são ‘a maior ameaça à soberania da China’.


E a nova edição da ‘Prospect’ (acima) se voltou ao pensamento produzido hoje na China em ‘ascensão’, com longo dossiê avaliando que a ‘classe intelectual’ chinesa é, também aí, ‘um sério desafio à hegemonia ocidental’.’


 


CENSURA
Folha de S. Paulo


Kremlin aprova vigilãncia de correio eletrônico e de celulares


‘O governo russo autorizou os serviços secretos do país a realizar escutas telefônicas e intervir em e-mails e mensagens de texto praticamente sem supervisão, informou o diário ‘Kommersant’. As empresas de telecomunicações deverão liberar as atividades ao FSB (ex-KGB), apesar de a Constituição exigir mandato judicial. Segundo um técnico, a ordem só regulariza algo que já é feito desde 2005.’


 


TELES
Folha de S. Paulo


Anatel aprova compra da Amazônia Celular pela OI


‘A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou a compra da Amazônia Celular (AM, RR, AP, PA e MA) pela Oi (ex-Telemar). A Amazônia Celular havia sido comprada pela Vivo (Telefônica) em agosto do ano passado, em negócio de R$ 1,9 bilhão que envolveu a compra da Telemig Celular (MG). Em dezembro, a Vivo vendeu a Amazônia para a Oi, por R$ 120 milhões.


A venda ocorreu porque, de acordo com as regras do setor, uma operadora móvel não pode ter duas concessões em uma mesma área e a Vivo já tinha licença para a região Norte. Com a compra da Amazônia Celular, a Oi passará a ter cobertura em vários Estados da região, com 1,3 milhão de clientes.


A Oi poderá usar uma rede já instalada para cobrir municípios onde teria de investir para cumprir exigências do leilão de 3G. Ela adquiriu um lote para operar na região por R$ 467,9 milhões.’


 


CINEMA
Ruy Castro


A morte do monstro


‘RIO DE JANEIRO – Morreu no dia 21 último, aos 82 anos, em Honolulu, o ator americano Ben Chapman. Não era famoso. Sua carreira resumiu-se a um filme, em que ele fazia o papel-título: ‘O Monstro da Lagoa Negra’, de 1954.


Chapman passava o filme todo dentro da fantasia do monstro -uma roupa de borracha inteiriça coberta de escamas e algas, encimada por uma cabeça de peixe ou lagarto, com lábios grossos e olhos esbugalhados. Seu rosto não era visto em nenhum momento. Os olhos eram da máscara, não dele, e ele não tinha uma única fala no filme.


Além disso, era o monstro apenas em terra firme. Nas seqüências debaixo d’água, em que se vê o bicho nadando (às vezes, por quatro minutos sem cortes e sem fazer bolhas), o ator era um campeão de mergulho, Ricou Browning. Ou seja, dos 79 minutos do filme, somando-se suas aparições, Chapman ficou em cena por, no máximo, 15. Mas seu porte fez do monstro um dos mais elegantes do cinema.


Por algum motivo, ‘O Monstro da Lagoa Negra’ ficou clássico. É o filme que Marilyn Monroe acabou de ver em ‘O Pecado Mora ao Lado’ pouco antes de o vento do metrô levantar-lhe o vestido. Marilyn comenta que achou o monstro uma gracinha. E ele era mesmo: estava quieto no seu canto no fundo do rio havia 150 milhões de anos, e os homens é que foram perturbá-lo.


O filme teve duas continuações, de que Chapman não participou. Nem precisava. Pelos 54 anos seguintes, até outro dia, viveu de aparições pessoais em eventos ao redor de piscinas, assinando autógrafos e posando fantasiado para fotos. Seus 15 minutos de fama duraram uma vida inteira. Nem há registro de que tenha tido crises de personalidade. Assumiu-se como o monstro da Lagoa Negra e foi feliz para sempre. Deve haver uma mensagem aí, mas não sei qual é.’


 


Gilberto Dimenstein


Personagens sem roteiro


‘O ATOR CAIO BLAT COMPROU UM FUSCA , começou a ir a shows de rap, assistiu a cultos evangélicos e até alugou uma casa na periferia para tentar entender como um jovem da periferia é seduzido pelo crime. O cenário dessa imersão de seis meses, concluída no final de fevereiro passado, foi o Capão Redondo, na zona sul, um dos símbolos da violência paulistana. ‘Descobri um outro planeta’, conta o ator, morador da avenida Paulista. ‘Nunca tinha vivenciado com tamanha profundidade o desalento dos jovens.’


Testemunhar os mecanismos desse desalento, gente sem roteiro na vida, ajudou Caio, um paulistano de 27 anos, que cursou direito no Largo São Francisco, a desempenhar o personagem Macu no filme ‘Bróder!’. Para ganhar dinheiro rapidamente, Macu planeja um seqüestro.


‘Quando entramos nesse mundo de jovens desorientados, sentimos na pele o efeito da falta de oportunidade’, diz ele.


Pelo menos naquele filme, alguns habitantes do Capão Redondo tiveram oportunidade de deixar sua marca. A trilha sonora foi feita pelos Racionais MCs; os diálogos foram escritos pelo escritor Ferréz, que, por ter uma grife, participou da elaboração dos figurinos. Moradores entraram como figurantes ou se tornaram membros da equipe de produção. Um dos principais personagens (Napão) é o Bronx, um rapper local. ‘O Capão foi tomando conta das gravações.’


Na sua imersão, visitando famílias, Caio chegou a conhecer um jovem que parecia tirado de seu roteiro. ‘De repente, estava na frente -ouvindo e tocando- do personagem que eu queria representar.’


Caio sabia que o Capão Redondo não teria a oportunidade nem mesmo de assistir ao filme no cinema e seria levado a comprar cópias piratas. ‘É uma tremenda contradição.


Dar voz no filme aos invisíveis, mas não permitir que vejam seu bairro na tela.’ Em suma, o filme seria rodado na periferia, mas visto na avenida Paulista por pessoas que, como o ator, estão longe do cotidiano dos marginalizados.


A primeira decisão foi lançar ‘Bróder!’ no shopping mais próximo daquele bairro -e, a partir disso, tentar realizar sessões gratuitas ou com ingresso popular. Menos de 1% dos moradores da periferia freqüentam salas de cinema.


Daquela imersão, o ator trouxe uma experiência de Mano Brown, líder do grupo Racionais MCs, para evitar as cópias piratas. ‘Como faz seus próprios CDs e cobra um preço popular, o Mano não sofre com a pirataria.’ Os fãs preferem ficar na legalidade e não deixar o dinheiro com atravessadores clandestinos.


Pretende-se, agora, fazer uma cópia do filme com valor semelhante à pirata e, assim, o Capão Redondo estaria ajudando a reescrever a história, tão comum, do crime contra a propriedade intelectual.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Aqui Agora’ volta sem notícia e sem ibope


‘Foi um fiasco a reestréia do ‘Aqui Agora’, anteontem à tarde no SBT. O telejornal popular retornou em versão tão higienizada que parecia ter sido editado por advogados, não por jornalistas com mais de três décadas de experiência. Para os saudosos, valeu pela vinheta. E só.


A primeira notícia já prenunciava a tragédia (para o telejornal): um caso policial ocorrido na última quinta, mês passado, portanto. Notícia velha, sem sangue, sem tiro, sem porrada, nada a ver com o título e a história do telejornal _que agora segue uma cartilha em que os repórteres não podem chamar bandidos (ops, suspeitos) por apelidos tipo Beira-Mar.


Em seguida, uma ‘notícia’ quente: ‘Cachorro de pensão escapa chamuscado de incêndio’. A terceira reportagem era sobre uma cidade em que só se sai dela se pegar carona. Fria.


A essa altura, o telespectador, entediado, já tinha mudado de canal. Em 15 minutos, o ‘Aqui Agora’ derrubou quase pela metade o atualmente minguado ibope do SBT.


A média final foi de 5,3 pontos, 0,9 a menos do que a emissora marcou no mesmo horário na segunda anterior, com enlatados. Ganhou nos décimos da Band (4,9). Ficou atrás da Globo (25,7) e da Record (8,2). Em minuto dramático, por 0,4 ponto não foi alcançado por desenho da Cultura. Pelo menos na estréia, o telejornal foi bom. Para Cultura, Gazeta e Record (todas subiram um ponto).


TENSÃO Pouco antes da reestréia de ‘Aqui Agora’, o SBT exibia cenas da mexicana ‘Maria do Bairro’ em que uma personagem atormentada empunhava um revólver, ameaçando matar a mocinha. Pelas normas do Ministério da Justiça, isso seria impróprio para o horário livre.


ESPETO Emissora em que todos os executivos são proibidos de falar com a imprensa e que no ano passado sequer divulgava sua programação, o SBT procurava ontem jornalistas para completar o júri do ‘Troféu Imprensa’, a ser gravado hoje.


PROCURA-SE A Record quer Adriane Galisteu ao lado de Karina Bacchi e no lugar de Ticiane Pinheiro na próxima edição de ‘Simple Life’, no ar no final do ano.


NOVOS TALENTOS 1 A Globo irá lançar novos profissionais com a minissérie ‘Maysa’, prevista para estrear em janeiro de 2009. Segundo o diretor Jayme Monjardim, 80% da equipe técnica será composta por estreantes. ‘A minissérie terá um posicionamento social em torno da causa de minha mãe, que lançou muita gente’, diz Monjardim.


NOVOS TALENTOS 2 A minissérie terá dois CDs. Um com interpretações de Maysa, gravado nos EUA, inédito. E outro com letras e poemas, também inéditos, a serem musicados por artistas consagrados e gravados por desconhecidos, ‘que precisam de uma oportunidade’. ‘Maysa’ renderá ainda um DVD, com nove clipes musicais. Cada capítulo será encerrado por um clipe diferente.’


 


Cristina Fibe


‘Brothers & Sisters’ encerra 1º ano


‘A série ‘Brothers & Sisters’ encerra a sua primeira temporada dividida entre a melancólica despedida de um dos irmãos, Justin (Dave Annable), que volta ao Iraque, e as alegrias do noivado de Kitty (Calista Flockhart) com o senador Robert (Rob Lowe).


O clima da festa pré-casório, em que a família Walker, protagonista, é apresentada aos loucos McCallister, parentes espalhafatosos do noivo, força uma alegria meio falsa, em contraste com as inseguranças de Justin.


Com medo de nunca voltar do Iraque, ele organiza passeios com cada um da família, como forma de despedida, mas a mãe se recusa -e se arrepende. O irmão gay de Kitty, enquanto isso, ‘conhece melhor’ o irmão gay de Robert, antes de descobrir que ele é pastor.


O título do episódio, exibido hoje, às 23h, pelo Universal Channel, explica bem em torno de quem ele gira: ‘Matriarcado’ parece afirmar que Nora Walker (Sally Field), a mãe, está ‘pronta’ para ficar sozinha, após a morte do marido, no início da temporada.


Um dos temas centrais é a saída de Kitty de casa -brigada com a mãe no começo da série, voltou a morar com ela ao perder o pai e agora tenta convencê-la a viver sem sua presença. A partir do dia 23 deste mês, a primeira temporada será reapresentada, sempre aos domingos, às 20h.


BROTHERS & SISTERS


Quando: hoje, às 23h; reprise no dia 12/3, às 23h


Onde: no Universal Channel’


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Produtor de disco dos Beatles dá aulas de música pela rede


‘Sabe quem pode participar de sua próxima aula de música? Um cara que cresceu perto dos Beatles -seu pai, George Martin, foi produtor de grande parte dos discos da banda e há quem o chame de ‘o quinto Beatle’.


Esse cara é Giles Martin -que produziu com o pai o álbum ‘Love’, lançado em 2006, para o espetáculo do Cirque du Soleil sobre os Beatles-, a atração do www.ivideosongs.com, site lançado na semana passada que traz aulas de guitarra, em vídeos em alta definição, cheias de closes nas mãos e explicações detalhadas.


Os filmes devem ser baixados para o computador, e grande parte deles tem um preço. Para assistir a uma aula de 47 minutos sobre a canção ‘Yesterday’, dos Beatles, com Martin contando bastidores da gravação original e um instrutor mostrando as técnicas para executar a música, é preciso desembolsar US$ 9,99.


Mas parte do material, especialmente as aulas para iniciantes, pode ser baixada gratuitamente. O conteúdo é separado por estilos musicais e nível do aluno.’


 


Daniel Bergamasco


A força da turma


‘A disputa nas eleições primárias para presidente dos Estados Unidos tem sido temperada neste ano por um elemento surpresa: os jovens daquela que acaba de ser batizada de ‘geração MySpace’. São internautas que trocam idéias e influenciam amigos em redes sociais (como Orkut, Facebook e outras redes menores) e que contribuíram para virar o placar no Partido Democrata, antes favorável a Hillary Clinton e, hoje, a Barack Obama.


O impacto mais palpável do movimento nas comunidades é monetário. Eleitores-fãs ajudam seus candidatos a multiplicar as doações de dinheiro, colocando links para contribuições via internet em seus perfis, o que ajudou Obama a bater a marca de US$ 135 milhões até o final de janeiro -quase todo o montante em pequenas doações via internet.


O fenômeno eleitoral alertou também quem não quer o voto, mas o dinheiro desse público. Uma revolução na publicidade está em curso, com dezenas de empresas trabalhando em programas para traçar o perfil do usuário a partir de sua atividade on-line.


Exemplo: o sistema reconhece o perfil de um homem, com namorada, que visita páginas sobre vinho, que tem fotos de viagens à Argentina e ao Uruguai e que conta aos amigos que sairá em breve de férias. O programa veicula então, especialmente para esse perfil, uma oferta de viagem a dois para as vinícolas do Chile.


O MySpace está trabalhando há alguns meses em uma plataforma com essa finalidade, a Hypertargeting. O Facebook foi mais rápido e já lançou a sua, a Beacon.


As redes sociais oferecem números gigantescos de acesso. No Brasil, país de 39 milhões de internautas (dados do Ibope/ NetRatings), há 55 milhões de perfis cadastrados no Orkut, segundo o Google. O MySpace tem no mundo 110 milhões de usuários ativos -um em cada quatro moradores dos EUA está no site. O Facebook já passou dos 60 milhões. Para completar, as redes sociais estão no topo do ranking de permanência on-line. Ou seja: os internautas não apenas passam aos milhões pelas páginas. Eles ficam nelas.’


 


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‘A internet vai ficar mais pessoal’


‘Criador do portal MySpace, em 2004, ao lado do amigo Tom Anderson, Chris DeWolfe, 42, segura uma latinha de energético light enquanto fala à Folha na segunda mesa de sua sala, na sede do MySpace, em Beverly Hills, Califórnia. A empresa foi vendida em 2005 para o grupo News Corporation, de Rupert Murdoch, por US$ 580 milhões. Desde então, DeWolfe e Anderson atuam como presidentes-executivos do MySpace, que tem 110 milhões de usuários ativos no mundo. De cabelo grisalho, anéis nas mãos e roupa social sem gravata, ele fala sobre o futuro das redes sociais e sobre os planos da empresa para o Brasil -que incluem, segundo a Folha apurou, negociações de conteúdo com Globo, Record e SBT.


FOLHA – Como vê o fenômeno do Orkut no Brasil? Você tem perfil no site?


CHRIS DEWOLFE – Não sou usuário, o Orkut não é grande aqui nos Estados Unidos. Eu sei que é um fenômeno cultural no Brasil e espero um dia ser tão grande quanto eles [no país], maior do que eles. Estamos procurando deixar o MySpace Brasil mais local. Tendo gente local, que entende a cultura brasileira e como os brasileiros usam a internet, isso nos dá uma grande perna [para ultrapassar a concorrência].


FOLHA – No escritório em São Paulo há apenas sete pessoas contratadas. É o modelo de negócios da internet?


DEWOLFE – Não, isso é porque acabamos de abrir. Teremos mais gente. O Brasil é estrategicamente importante para nós. É muito grande, e a economia, na última vez em que eu chequei, estava crescendo muito rapidamente. A base de usuários de internet e de acesso à banda larga está crescendo rapidamente, é um país-chave.


FOLHA – Quantas pessoas contratará?


DEWOLFE – Ainda não sei. No escritório do Reino Unido, temos 200 pessoas. Na China, temos 70. No Japão, temos 70. Crescendo como está crescendo, adicionaremos mais gente, não sei se serão mais 20, 50 ou cem, vamos ver a velocidade em que crescemos no país.


FOLHA – O que é preciso para trabalhar no MySpace?


DEWOLFE – Nós só contratamos gente que é grande usuária do MySpace e apaixonada pelo produto. Quem não está no MySpace não conseguiria entender direito a dor de um recurso não funcionando direito, por exemplo…


FOLHA – Qual é o futuro do MySpace?


DEWOLFE – Eu prefiro falar sobre o futuro da internet e as três tendências que vejo. A primeira é a internet se tornando mais pessoal, com as pessoas custumizando sua experiência on-line. Temos algumas respostas para essa tendência. Primeiro, criando um novo tipo de página de perfil, com diferentes visões do usuário baseadas em quem está visitando sua página. Você pode categorizar seus amigos. Minha mãe, minha avó são minha família; quando entrarem na minha página, verão fotos da família reunida. E terei meus amigos de festa, que verão as fotos de eventos da balada das últimas noites.


FOLHA – A personalização termina aí?


DEWOLFE – As pessoas apaixonadas pelo MySpace entram no site cinco, seis vezes por dia. Mas elas são apaixonadas por outras coisas na internet também. Queremos possibilitar que as pessoas coloquem no MySpace tudo aquilo de que gostam na internet. Agora, por exemplo, tem um recurso onde você pode colocar seu Gmail e ler no seu perfil do MySpace. Então você abre seu e-mail no MySpace. Eu quero trazer tempo, notícias, resultados de esporte, informações financeiras, para que você tenha tudo isso em seu MySpace.


FOLHA – E o que mais?


DEWOLFE – A segunda tendência é a internet se tornando mais portátil, com recursos para celular, por exemplo. A terceira área é a internet se tornando mais colaborativa.


FOLHA – Duas greves paralisaram recentemente Hollywood e Broadway, enquanto a internet colocava no ar produtos de entretenimento de sucesso feitos por amadores. A internet vai acabar com as empresas de entretenimento?


DEWOLFE – A mudança que aconteceu no mercado de música está acontecendo agora na área de vídeo. Você vê novos videomakers surgindo, produzindo porções de conteúdo sem muito custo e tendo também sua base de fãs. Pode ser um caminho para testar um show de televisão e cinema. É tão caro criar um piloto hoje em dia, mas é barato criar cinco episódios de três minutos de um novo show para internet e ver se as pessoas gostam. Hoje, apenas 10% dos pilotos acabam rendendo algo que vai ao ar. E você vê a mudança que aconteceu agora com as eleições [primárias, para presidente dos EUA]. Todos os candidatos têm um perfil no MySpace.


Nós tivemos o candidato Barack Obama no MySpace [em eventos on-line] antes de Iowa e New Hampshire, então não nos surpreendemos quando ele foi bem [em Iowa, onde venceu], porque antes ele havia vencido a primária no MySpace [em enquete].


FOLHA – E em cinema, o que muda?


DEWOLFE – Eu não acho que as pessoas querem se sentar em frente ao MySpace e ver um filme de duas horas. Acho que é mais uma plataforma promocional. E também que pode ter grande impacto para produtores independentes. Eu soube de um produtor independente que perdeu seu profissional de pós-produção e, navegando no MySpace, conseguiu um substituto e pôde finalizar o filme.


O jornalista DANIEL BERGAMASCO viajou a convite do MySpace.’


 


Daniela Arrais


Presença de amigos determina utilização


‘O MySpace é líder nos Estados Unidos. Um pouco mais acima, no Canadá, é o Facebook quem conquista a maior parte dos usuários. Na Rússia, nem um nem outro: é o LiveJournal, ferramenta para publicação de blogs, que tem a preferência. E, em lugares tão próximos geograficamente quanto França e Portugal, o Skyblog e o Hi5 são as redes sociais mais adotadas pelos internautas.


Em cada continente, os usuários têm interesse por uma rede social distinta, como mostra a análise feita em 2007 pelo Valleywag (valleywag.com), blog da companhia de mídia Gawker sobre notícias e fofocas do Vale do Silício -região da Califórnia que concentra grandes empresas de tecnologia, como Google e Yahoo!.


O ranking foi feito com base em dados da NetRatings e da comScore, empresas que fazem pesquisa sobre internet.


Para Owen Thomas, editor do Valleywag, os sites de relacionamento refletem as conexões que temos no dia-a-dia. ‘Uma vez entrincheiradas, elas dificilmente são desalojadas’, disse, em entrevista à Folha. ‘A razão pela qual você usa uma rede social não é por causa das características, das ferramentas que ela oferece, mas sim por conta dos seus amigos que já a utilizam.’


Outro fator que contribui para o sucesso de uma rede social é o fato de ela ser disponibilizada na língua nativa de seus usuários, de acordo com um analista sênior da comScore. ‘É por isso que vemos redes locais indo muito bem no âmbito doméstico’, disse.


Práticas como a do MySpace, que mantém diferentes idiomas em sua página, e a do Facebook, que anunciou em fevereiro a introdução do espanhol na rede, fazem com que elas conquistem o interesse de usuários de diversas línguas.


De olho nisso, a Hi5 (www.hi5.com), rede social que já faz sucesso na América Latina, lança, neste mês, sua versão em português do Brasil -dos 80 milhões de usuários, 2,5 milhões são brasileiros. ‘Criamos um serviço que pode ser customizado pelo usuário. Assim, os brasileiros podem conversar em sua língua mais comum. E quem gosta da cultura brasileira, também’, disse Ramu Yamalanchi, criador da rede, em entrevista à Folha.’


 


Tariq Saleh


Mundo virtual busca atrair internauta muçulmano


‘A libanesa Amina Ahmad, 24, é uma estudante muçulmana e, diferentemente de suas amigas, prática a religião e usa o hejab (véu islâmico). Mas, além de religiosa, Amina também é usuária de sites de relacionamentos sociais na internet.


Já adepta do Facebook, há alguns meses ela entrou para o MuslimSpace.com, em que fóruns sobre política e temas relacionados à fé islâmica são freqüentes.


Sites de relacionamentos sociais na internet vêm crescendo no mundo árabe. Segundo um executivo do Mecca.com, Sami al-Taher, estima-se que haja 105 milhões de usuários muçulmanos no mundo.


Para Amina, as redes sociais são mais que diversão, são uma forma de se conectar a um mundo globalizado, onde há muita informação. ‘Eu gosto dos grupos criados nos sites, em que eu me identifico e posso trocar idéias.’


Engajamento


Ela contou que não era muito conectada com atividades sociais e políticas, mas se tornou mais ativa depois que descobriu grupos no Facebook e no MuslimSpace.


‘Eu comecei a dedicar mais tempo em frente ao computador para debater em fóruns e participar mais ativamente de movimentos políticos no meu país.’


Em sociedades mais conservadoras, os sites tornaram-se um desafio a dogmas religiosos. No Líbano, embora mais liberal se comparado a outros países árabes, ainda existem tabus em relação a certas questões -e não importa se são cristãos ou muçulmanos.


O Facebook, o mais popular entre libaneses, impôs certos desafios a posturas e comportamentos, especialmente entre muçulmanos.


No caso de Amina, que usa o véu e é religiosamente ativa, um senso de autocensura foi vital para que não deixasse a internet ultrapassar suas crenças e valores.


‘Eu coloco somente fotos em que estou com minha família, em que uso meu hejab, para que os homens saibam que tipo de mulher sou e que tipo de pessoas procuro’, completou.


Refúgio


A analista política e também socióloga Sofie Saade, ex-professora da Universidade Americana de Beirute, disse que a internet se tornou um refúgio para muitos jovens libaneses (e árabes em geral). ‘Nas sociedades do Oriente Médio, as redes sociais tornaram-se uma forma de resgate de identidade. Os jovens se reúnem em tribos, se redescobrem através de gostos comuns’, explicou.


‘Mesmo havendo interação entre pessoas de diferentes religiões, algumas pessoas preferem buscar sites projetados para sua fé específica’, disse a professora.


Mas redes sociais passaram também a ser um problema para o Judiciário do país. Em janeiro, quatro jovens libaneses foram presos acusados de difamação eletrônica contra uma universitária no Facebook. O caso gerou debates sobre a falta de leis específicas no país quanto a crimes na internet.’


 


Ameaças são realidade em comunidades


‘Nos espaços das redes sociais também há caminhos sombrios. Crianças e jovens humilham uns aos outros, criminosos espalham links que levam a arquivos maliciosos, a privacidade esfrangalha-se e existe a ameaça de constrangimento sexual -até contra crianças.


Não que as grandes redes sociais não atuem para tentar impedir, ou, ao menos diminuir, os problemas. O Orkut, por exemplo, tem estreitado relações com ONGs de defesa das relações internáuticas e com a Justiça brasileira, além de investir em recursos que permitem determinar o grau de privacidade em um perfil.


O MySpace viveu um pesadelo em 2007, quando uma garota de 13 anos que sofria de depressão cometeu suicídio. A história teve como pano de fundo constrangimento via site: vizinhas da garota criaram um falso perfil de homem, que ficou amigo da menina para depois humilhá-la no site. Em fevereiro deste ano, o MySpace revelou um plano em comum com autoridades norte-americanas para investir em relações mais saudáveis na rede social. O plano abrange educação de pais e professores e maior entrosamento com autoridades na investigação de ameaças on-line.


O Facebook havia tomado atitude semelhante em outubro do ano passado.


Também no mês passado, promotores municipais de Nova York endossaram uma primeira proposta para banir criminosos sexuais das redes. O procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, quer, principalmente, proibir o contato dos criminosos com menores de idade.


Com agências internacionais’


 


Daniela Arrais


Orkut é líder, mas tem mais ameaças


‘No Brasil, quase não há espaço para outra rede social: o Orkut domina a preferência dos usuários. Em fevereiro, cerca de 12,9 milhões de pessoas acessaram o site, de acordo com ranking da comScore.


A supremacia do site criado por Orkut Büyükkökten fica ainda mais evidente quando comparada à segunda rede social mais acessada no país, o Fotolog (www.fotolog.com), com 1,8 milhão de acessos.


Para Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil, o grande impacto do Orkut se deve ao fato de a rede ter chegado ao Brasil no momento certo e de ter sido a primeira do gênero. ‘O brasileiro é muito social, gosta de manter os amigos próximos, gosta de saber o que os outros estão fazendo. O Orkut decolou por isso.’


De olho em um mercado em que os usuários chegam a gastar 12 horas em um mês entre recados, testemunhos e bisbilhotagem, o MySpace inaugurou sua versão brasileira no fim de 2007. De lá para cá, o número de usuários passou de 300 mil para 1,2 milhão, segundo Emerson Calegaretti, presidente do MySpace Brasil.


Entre as estratégias da rede para conquistar mais usuários está a realização de shows e a propaganda sobre uma diferença da rede: ‘Você pode configurar seu perfil para ter a sua cara’, diz Calegaretti.


Outro caminho é o de premiar os internautas que contribuem mais. ‘No Orkut, o usuário que cria um monte de comunidades que faz sucesso não ganha nada em troca. No MySpace, aquele que tiver uma idéia legal, uma página que todo mundo acesse, pode ganhar um computador novo, por exemplo, como nos EUA.’


Já o Facebook deixa o Brasil de lado, pelo menos por enquanto, e direciona sua estratégia para França e Alemanha, os próximos a ganharem páginas em seus idiomas nativos. Mas quem quer participar do plano de internacionalização tem um incentivo, segundo um porta-voz da rede ouvido pela Folha: ‘Construímos uma aplicação para permitir aos usuários participar nas traduções’.


Fenômeno


Depois de colocar músicas no MySpace, a cantora Mallu Magalhães, 15, virou um fenômeno na internet, a exemplo de artistas como a inglesa Lily Allen, e já recebeu convites para shows e propostas de gravadoras. ‘Para mim, música e internet estão muito ligadas. E gosto do MySpace porque ele é prático para pôr música, foto, vídeo’, diz.’


 


Daniel Bergamasco


Em carne e osso, MySpace parece estar no Second Life


‘Com pôsteres de bandas de rock, tênis All Star nos pés dos funcionários e sala para jogar videogame na hora do estresse, a sede do MySpace nos EUA tem o cenário que se espera para uma empresa moderninha de internet. Mas é tudo tão limpinho, organizado e sorridente, que a impressão é de não se estar em um lugar de verdade, mas na versão de uma empresa alternativa no Second Life.


A empresa fica em um prédio de três andares em Beverly Hills, na Califórnia, cenário de filmes como ‘Uma Linda Mulher’ (nas cenas em que Julia Roberts é maltratada em lojas de grife) e um dos poucos lugares do mundo onde é possível ver um congestionamento com Ferraris e Lamborghinis.


Pelos corredores, pôsteres de ícones da cultura pop, com a banda The Cure, estão emoldurados e instalados nas paredes em simetria perfeita. Os cinco funcionários selecionados para falar com a Folha na visita são muito simpáticos e falam com sorriso constante frases como ‘é um grande prazer estar aqui’ e ‘trabalhamos muito, mas é muito divertido’.


Na área de marketing, um funcionário faz aniversário e ganha bolo e balões coloridos de colegas, que quase não fazem barulho.


Ao lado da fotocopiadora, um bilhete avisa: é preciso ter cuidado com documentos de projetos sigilosos, trancar bem as gavetas e eliminar vestígios. ‘Um e-mail jogado no lixo pode ser um tesouro’, avisa o cartaz.


Há duas salas de relax, que são também usadas para reuniões mais informais. A primeira, e mais concorrida, é a de games, com X-Box, PlayStation e guitarras para jogar Guitar Hero, além de tabelas de basquete.


A outra é uma sala de leitura que parece suíte de motel chique, com decoração avermelhada, luz baixa e luminárias direcionadas para os pufes. Nas baias, ninguém usa gravata. As salas de Chris e Tom ficam no meio da área de produção. Todos são bem-vindos a bater à porta (que freqüentemente está aberta) e dar sugestões para melhorar a empresa.


Amit Kapur, 26, teve promoções sucessivas a partir de suas idéias. Era um funcionário comum da área de negócios em 2005, foi promovido a vice-presidente de negócios em 2006. Em janeiro, subiu na hierarquia da empresa de mil funcionários, e está agora abaixo apenas de Chris e Tom.


Ele diz que uma empresa criativa tem de filtrar idéias. ‘Temos que inovar sempre, mas é melhor escolher os quatro ou cinco projetos que terão o maior impacto e fazê-los bem, do que fazer cem projetos que podem ter um impacto insignificante’, diz.’


 


Daniela Arrais e Gustavo Villas Boas


Cineasta Spike Lee é júri em festival de filmes na internet


‘O cineasta Spike Lee, que dirigiu clássicos como ‘Malcolm X’ e ‘Faça a Coisa Certa’, é júri honorário do Babelgum Online Film Festival -premiação de cinema que ocorrerá totalmente pela internet.


Da inscrição à premiação, o festival promovido pela TV on-line Babelgum (www.babelgum.com) se mostra como alternativa para a produção de cinema. ‘As pessoas querem se expressar com produções originais. O que fazemos é oferecer uma plataforma’, disse o presidente-executivo da Babelgum, Valerio Zingarelli, em entrevista exclusiva à Folha.


De hoje até o fim de abril, um canal no site mostrará os concorrentes, que deverão ser votados pelos usuários. Os mais bem avaliados irão a júri.


A premiação, em maio, é de 140 mil -20 mil para cada vencedor em sete categorias, que abrangem curta-metragem e ‘procurando um gênio’.


O festival teve mais de mil inscrições de 93 países. ‘Filmes sempre foram feitos fora de Hollywood. Mas a internet passará a ser o meio alternativo favorito para distribuição’, disse Spike Lee, por meio de assessoria de imprensa.’


 


Gustavo Villas Boas


Lost, o jogo, mira os fãs da série, não os de games


‘Tem os flashbacks que mostram o que aconteceu antes da queda do avião. A trilha sonora é tão misteriosa quanto a da série. E Jack vai querer, como sempre, dar as ordens. O jogo Lost: Via Domus, baseado no seriado ‘Lost’, lançado na semana passada para Xbox 360, PS3 e PC deve agradar, principalmente, aos fãs da série -e nem tanto aos gamers, apesar dos gráficos e dos efeitos sonoros excelentes, que demandam um computador poderoso.


Isso porque tem uma história envolvente -o roteiro tem a participação de gente da ABC, o estúdio por trás da obra televisiva-, porém muito fechada, que se desenrola por meio de ações determinadas por um livro -faça isso, faça aquilo.


A não ser que Via Domus tenha surpresas escondidas, não é o tipo de jogo para ser concluído duas vezes -não há muito o que fazer de diferente.


História


O jogador comanda Elliot, um fotógrafo que está no vôo que cai na ilha aparentemente deserta. No game, a história se passa nos 70 primeiros dias no lugar. Elliot interage com os principais personagens da série, como o médico Jack, o careca Locke, e, da parte dos Outros -as pessoas que já estavam na ilha quando ocorreu a queda do avião-, Ben e Juliet. O jogador vai ter a chance de explorar cenários conhecidos pela TV.


O fotógrafo perde a memória e, para recuperá-la, precisa encontrar objetos familiares. A visão de uma mulher também o atormenta.


Entre os momentos mais interessantes do jogo, estão os flashbacks -as cenas que mostram o passado do personagem e o que o levou a pegar o vôo, como na série. É preciso controlar Elliot nesses trechos, que têm tomadas cinematográficas. Munido de uma câmera, o jogador/personagem deve capturar uma foto no momento certo para disparar a memória.


Em um dos flashbacks, ele descobre, por exemplo, que tirou uma foto de Kate entrando no avião algemada -e que ganhou um inimigo na ilha por causa disso.’


 


 


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