Repórteres sem Fronteiras expressa seu horror pelo assassinato, no dia 5 de janeiro, em Maceió, de Walter Lessa de Oliveira, de 53 anos, cinegrafista de TV Assembléia, canal da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, no nordeste do país. Embora o motivo do crime esteja ainda por determinar, a pista mais séria parece ser a vingança de um narcotraficante, num contexto geral de insegurança particularmente preocupante.
‘O nordeste do Brasil continua a ser um território de alto risco para os jornalistas. Sem pretender especular sobre as futuras conclusões da investigação, a vingança brutal de um traficante de droga apresenta-se como uma hipótese verossímil, tendo em conta a forte presença do crime organizado na região. Esperamos que o principal suspeito venha a ser rapidamente localizado e interrogado. Da mesma forma, manifestamos o nosso desejo de que a alarmante situação de insegurança no estado de Alagoas possa ser resolvida o mais brevemente possível’, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Walter Lessa foi morto por disparos no dia 5 de janeiro de 2008, quando se encontrava num ponto de ônibus da periferia de Maceió, capital do estado de Alagoas. Com base nos numerosos testemunhos recolhidos, a polícia apontou o traficante de droga conhecido como ‘Aranha’ como o provável autor do crime. O criminoso teria parado o seu carro ao lado da vítima e disparado quatro vezes em sua direção. Atingida na cabeça, a vítima teve morte imediata.
Recrudescimento da criminalidade
Walter Lessa havia filmado e distribuído à televisão do estado imagens de ‘Aranha’, o que teria motivado a sua vingança. A hipótese de latrocínio chegou também a ser equacionada mas foi finalmente posta de parte, já que não corresponde aos testemunhos recolhidos pela polícia e, por outro lado, nada foi subtraído da vítima.
Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Walter Lessa de Oliveira, ex-diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas e funcionário durante mais de vinte anos do canal televisivo TV Gazeta, trabalhava como cinegrafista para o canal parlamentar de Alagoas e para o Centro de Estudos Superiores de Maceió. A sua morte produz-se em pleno período de recrudescimento da criminalidade nesta cidade. Só entre os dias 5 e 7 de janeiro, registraram-se dezesseis homicídios. A polícia do estado, há cinco meses em greve por melhores salários, parece impotente perante esta grave escalada da insegurança. [9/1/2008]
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