Depois do violento ataque contra um cinegrafista da rede de televisão Gigavisión, ocorrido na manhã de sábado (25/7) próximo ao escritório da emissora, em La Paz, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou as autoridades bolivianas a investigarem exaustivamente a agressão e a levarem os responsáveis a julgamento.
Às 6h00 do sábado, dois indivíduos empurraram Marcelo Lobo para um beco próximo à emissora e o golpearam várias vezes na cabeça, segundo as informações da imprensa local. Quando o cinegrafista perdeu a consciência, seus agressores cortaram sua face e parte de sua língua, contou aos repórteres Alex Arias, diretor da Gigavisión. Lobo foi levado para o hospital Obrero, acrescentou Arias. As câmeras de segurança da Gigavisión gravaram parte do ataque, informou a imprensa local.
De acordo com o jornal El Dever, Lobo, que cobre temas ligados à criminalidade para a Gigavisión, havia trabalhado recentemente em matérias sobre corrupção e protestos contra o governo na cidade de Santa Cruz. Renan Estenssoro, presidente do grupo local Fundação para o Jornalismo, disse ao CPJ que não tem conhecimento de nenhuma ameaça contra Lobo anterior à agressão.
Onda de violência
À imprensa local, Arias disse acreditar que a agressão foi uma retaliação à Gigavisión, mas não especificou nenhuma matéria que pudesse tê-la provocado. Alberto Aracena, diretor da Força Especial de Luta Contra o Crime de La Paz, autoridade encarregada da investigação, explicou que os investigadores estudam a possibilidade de represália contra o jornalista como possível motivo, embora não tenha especificado se a agressão estaria vinculada à vida pessoal ou profissional de Lobo. Aracena disse à imprensa tratar-se de um crime claramente premeditado e que os agressores roubaram o telefone celular, a jaqueta e o relógio de Lobo, informou a agência de notícias oficial da Bolívia, ABI.
‘Este é um ataque deplorável com a clara mensagem de impedir que o jornalista se expresse’, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. ‘As autoridades devem garantir que Marcelo Lobo receba a proteção necessária para poder continuar trabalhando.’
Em 2008, dezenas de jornalistas foram atacados, perseguidos e ameaçados em uma onda de violência que limitou a cobertura da luta pelo poder entre o governo de esquerda do presidente Evo Morales, um indígena Aymara, e os governadores conservadores da oposição nas terras baixas orientais, segundo a pesquisa do CPJ.
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo