Foram anunciados na noite de segunda-feira (16/4) os vencedores do Pulitzer, maior premiação jornalística dos EUA. O Wall Street Journal foi o único veículo a levar mais de um prêmio na edição deste ano. O jornal foi laureado na categoria Serviço Público, por sua cobertura sobre o escândalo de vendas de ações com datas retroativas – que levou à investigação de mais de 100 empresas americanas e à demissão de dezenas de executivos –, e na categoria Reportagem Internacional, por matérias sobre o crescimento econômico da China e seu impacto em aspectos que vão desde desigualdade social até poluição.
O Pulitzer foi criado pela vontade do publisher Joseph Pulitzer, morto em 1911. Em seu testamento, ele doava dinheiro para a criação da escola de jornalismo da Universidade de Columbia e especificava que parte deste dinheiro fosse destinada aos prêmios. A primeira edição do Pulitzer aconteceu em 1917. Hoje, os vencedores de cada categoria recebem US$ 10 mil e um certificado, com exceção do ganhador de Serviço Público, que recebe uma medalha de ouro.
Reportagens de destaque
A equipe do Oregonian, de Portland, ganhou na categoria Furo de Reportagem pela cobertura sobre o drama de uma família californiana que ficou perdida por mais de uma semana nas montanhas do Oregon durante uma nevasca. James Kim, sua mulher e duas filhas pegaram a estrada errada quando voltavam para casa após uma viagem; Kim foi encontrado morto, mas sua mulher e filhas foram resgatadas com vida.
Kenneth R. Weiss, Usha Lee McFarling e Rick Loomis, do Los Angeles Times, venceram a categoria Reportagem Explicativa por uma série de artigos que examinava como a química dos oceanos foi alterada com a industrialização da sociedade. Brett Blackledge, do Birmingham News, levou o prêmio de Reportagem Investigativa pela denúncia de nepotismo, favorecimento de cargos e corrupção no sistema universitário do Alabama.
Charlie Savage, do Boston Globe, venceu na categoria Reportagem Nacional pela revelação do uso exagerado, pelo presidente George W. Bush, das controversas ‘declarações assinadas’ para aprovar ou se opor a cláusulas em novas leis. Debbie Cenziper, do Miami Herald, foi homenageada em Reportagem Local pela denúncia de fraude na construção de projetos de habitação em Miami.
Andrea Elliot, do New York Times, venceu no quesito Reportagem Especial pelo perfil de um imigrante islâmico, líder de uma mesquita no Brooklin, em sua luta para conciliar as tradições muçulmanas com a cultura americana. Já o New York Daily News levou o prêmio de Editorial por editoriais ‘fortes e cheios de compaixão’, segundo o júri, sobre os trabalhadores do Marco Zero.
Cynthia Tucker, do Atlanta Journal-Constitution, foi escolhida por ‘colunas corajosas e de mente aberta’ na categoria Comentário. Walt Handelsman, do Newsday, foi laureado por Cartum, e Jonathan Gold, do LA Weekly, em Crítica, por suas resenhas gastronômicas.
Imagens na memória
Pela Associated Press, Oded Balilty ganhou o prêmio de Furo de Reportagem Fotográfica. A imagem vencedora mostra uma mulher desafiando sozinha soldados israelenses que expulsavam colonos ilegais da Cisjordânia. Renee C. Byer, do Sacramento Bee, ganhou na categoria Fotografia pelo retrato de uma mãe solteira e seu filho, que luta contra o câncer.
Este ano, o conselho do Pulitzer prestou homenagem especial ao fotógrafo iraniano Jahangir Razmi. Uma foto de Razmi foi premiada em 1980, mas ele permaneceu anônimo até dezembro do ano passado, quando o Wall Street Journal revelou sua identidade.
Expressão artística
O prêmio também homenageia anualmente categorias culturais. O Pulitzer de Ficção foi dado ao escritor Cormac McCarthy, por The Road; Lawrence Wright venceu em Ensaio pelo livro The Looming Tower: al-Qaeda and the Road to 9/11, que analisa a influência do fundamentalismo islâmico sobre o mundo moderno. Na categoria Teatro, o vencedor foi David Lindsay-Abaire, pela peça Rabbit Hole. O saxofonista de jazz Ornett Coleman levou o Pulitzer de Música, pelo álbum Sound Grammar. Com informações de Deepti Hajela [AP, 16/4/07] e do New York Times [17/4/07].