O primeiro-ministro da Polônia, Jaroslaw Kaczynski, ficou furioso ao ser comparado ao presidente russo Vladimir Putin na edição polonesa da revista Newsweek, publicada pela editora alemã Axel Springer. Irritado, ele pediu por ‘limites’ para a influência alemã na imprensa polonesa. A revista publicou uma matéria de capa intitulada ‘Quase como Putin’, que traçava paralelos entre Kaczynski e o líder russo. O premiê foi representado como uma boneca tipicamente russa, colocada dentro de outra boneca maior com o rosto de Putin.
Segundo o jornal polonês Gazeta Wyborcza, Kaczynski alertou à editora que pensasse com cuidado se ‘é válido publicar este tipo de absurdo’. Ele reclamou também na estação de rádio pública Polskie Radio que ‘uma grande parte da mídia na Polônia é alemã’ e afirmou que ‘limites devem ser estabelecidos’ quanto a isso. Kaczynski classificou o artigo da Newsweek de uma ‘agressão doente’ e ‘mentirosa’. O texto acusa o primeiro-ministro de ‘se aproveitar da lei’ e de ter um ‘estilo autoritário’. O editor Aleksander Kaczorowski afirma que tanto Putin quanto Kaczynski seguem políticas nacionalistas fortes e se apóiam em seus serviços secretos.
Independência editorial
Em resposta às críticas do primeiro-ministro, a porta-voz da Axel Springer, Edda Felds, enfatizou a independência da editora. De vez em quando, ressaltou ela, a companhia é acusada de ser amigável até demais ao governo polonês. O editor-chefe da edição polonesa da Newsweek, Michal Kobosko, defendeu a revista. ‘O premiê não entende a mídia’, afirmou. ‘Suas declarações revelam uma fobia antigermânica’.
Kaczynski, líder do partido de direita Lei e Justiça, costuma reclamar com freqüência das críticas que sofre da imprensa. Já a Axel Springer formou uma coleção de inimigos em seus 60 anos de história. O curioso é que, normalmente, a editora, que segue tendências direitistas, é atacada pela esquerda. Informações de Oliver Hinz [Der Spiegel, 1/2/07].