JORNAL
Folha de S. Paulo muda colunistas da Ilustrada
‘A partir desta terça-feira (08/01), a colunista Mônica Bergamo, da Ilustrada, da Folha de S.Paulo, ocupará a página 2 inteira do caderno. Essa é a principal mudança que o jornal anunciou nesta segunda entre os colunistas da editoria.
Atualmente, Mônica conta com um espaço correspondente a 3/4 da página – o quarto restante é revezado por colunistas não-fixos. Com a alteração, alguns colunistas mudaram de lugar nas páginas da Folha e outros deixaram de escrever suas colunas.
O português João Pereira Coutinho vai freqüentar o alto da última página da Ilustrada às quartas, no lugar de Bernardo Carvalho e Fernando Bonassi, que perderam espaço.
Thiago Ney escreverá nas páginas de música e livros do caderno, bem como Fábio de Souza Andrade e Manuel da Costa da Pinto, respectivamente, às sextas e sábados.
Cecilia Giannetti passa a ser colunista do caderno Cotidiano. Deixam de ser publicadas as colunas de Marcos Augusto Gonçalves, que escrevia às quintas, e do crítico Guilherme Wisnik, às segundas.
Carreira da Monica
Mônica Bergamo começou a trabalhar na Playboy, entre 1990 e 1991. Depois, entrou na Veja São Paulo e, em seguida, na Veja, em Política, sendo transferida, mais tarde, para a sucursal de Brasília desta mesma editoria. Em 1997, assumiu a direção de Jornalismo da Rede Bandeirantes, na capital federal.
Na Folha, Mônica começou a escrever em 1999, como repórter especial, para, atualmente, ganhar o posto de colunista. Em 2006, a jornalista venceu o Prêmio Comunique-se, na categoria Colunista Social.
A colunista está de férias e não foi encontrada pela reportagem.’
IMPRENSA NA JUSTIÇA
Processo criminal de Amorim contra Mainardi corre em segredo de Justiça, 4/1
‘O relato do Consultor Jurídico com detalhes sobre a audiência pública entre Paulo Henrique Amorim e Diogo Mainardi, ocorrida no dia 17/12, fez com que o promotor público Arnaldo Hossepian Júnior pedisse em 20/12 que a ação criminal que o primeiro move contra o segundo corra em segredo de Justiça. No mesmo dia, a juíza Michele Pupulim decidiu pelo trâmite sigiloso.
Amorim move ação contra o colunista da Veja por calúnia, quando uma pessoa atribui um crime a outra indevidamente, e difamação, quando uma pessoa busca diminuir o conceito público da outra. Mainardi escreveu, na edição de 06/09/06, que o jornalista da TV Record está numa fase descendente de sua carreira e afirma que ele foi contratado pelo portal iG por R$ 80 mil e se engajou pessoalmente ‘na batalha comercial do lulismo contra Daniel Dantas’. O colunista também sugeriu que o dinheiro gasto para manter a página de Amorim no iG é público, e que o portal segue uma linha editorial ‘petista’.
Amorim recorre da decisão na esfera cível
O apresentador, que também move ação na esfera cível contra Mainardi, recorreu ao Tribunal de Justiça porque esta julgou improcedente a ação motivada pela mesma coluna.
A defesa de Amorim alega dano à sua honra e imagem e à sua intimidade. Pede 1.500 salários mínimos de indenização, acrescidos de R$ 0,50 por exemplar de Veja em que o texto foi publicado.
Na sentença, o juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª Vara Cível de São Paulo, afirmou que a matéria é de interesse público por envolver fundos de pensão com participação acionária no iG.’
CRIME
Cinegrafista é assassinado em Maceió
‘Walter Lessa de Oliveira, cinegrafista da TV da Assembléia Legislativa de Alagoas, foi assassinado com quatro tiros de pistola, às 14h de sábado (05/01), em um ponto de ônibus em Maceió. O crime pode ter relação com sua profissão: Oliveira fez imagens de um traficante conhecido como Aranha, e distribuiu para algumas emissoras.
O traficante é o principal suspeito. A polícia também trabalha com a possibilidade de reação a um assalto. Oliveira tinha ido buscar o dinheiro de um aluguel, e nenhuma quantia foi encontrada com ele. Testemunhas afirmam que o cinegrafista teria discutido com um homem antes dos disparos. O crime está sendo investigado pelo 10º Distrito Policial de Maceió.
Oliveira tinha 52 anos e trabalhava na TV Assembléia de Alagoas e no Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac). Ele trabalhou em diversas emissoras da cidade, e foi diretor do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal).
O cinegrafista foi enterrado no domingo (06/01), no Cemitério Parques das Flores.’
TELEVISÃO
Fantástico: Público elogia Patrícia Poeta sem dispensar Glória Maria
‘A nova apresentadora do Fantástico estreou no domingo (06/01) com a missão de substituir Glória Maria, que tirou período sabático de dois anos do programa e da TV Globo. Embora Patrícia Poeta tenha dito que Glória é insubstituível, pessoas ouvidas pelo Comunique-se, no centro da cidade do Rio de Janeiro, aprovaram a estréia da jornalista. Houve até quem dissesse que a substituição foi a melhor notícia envolvendo a emissora nos últimos dias.
´Não sei se é costume, mas ainda prefiro a Glória. Gostei da Patrícia mas acho que ainda falta uma certa sintonia ao lado do Zeca (Camargo). Nada que o tempo não resolva´, observou a manicure Andréia da Silva.
A recepcionista Cristiane Alves também acha estranho assistir ao Fantástico e não ver mais a Glória Maria. ´A gente se acostuma, não tem jeito. Mas a Patrícia vai ganhar o espaço dela. Cada um tem sua marca. Acho que ela vai dar um tom diferente ao programa.´
O jornalista Tiago Cordeiro, ex-repórter do Comunique-se, gostou do que assistiu, embora acredite que falta entrosamento com o outro apresentador. ´Ainda é um pouco estranho ver o Fantástico sem a Glória Maria, mas acho que é questão de tempo.´
´A Patrícia estava bem tranqüila. Mostrou-se à vontade, confiante e, sobretudo, feliz por estar ali. Ela chegou para ficar´, elogiou o economista Antonio Mendes.
Para o advogado Fernando Bulhões, Patrícia foi agradável. ´Deu o tom e uma presença bonita ao programa. Tem tudo para dar certo´, afirmou.
Já o designer André Barroso não lamenta o afastamento de Glória. ´Não sei se era influência do que eu via, mas a Patrícia me parece mais neutra, o que é importante para um jornalista. E, falando em substituições, poderiam tirar o Zeca Camargo também´, aconselhou.’
MÍDIA DIGITAL
Bruno Rodrigues
As bibliotecas não morreram – pelo contrário, 4/1
‘Nunca fui um aficionado por bibliotecas – o que não as torna menos importantes em minha vida. Lembro-me bem, aos seis anos, entrando pela primeira vez na biblioteca do meu colégio, o Marista de Brasília. Não procurava livro específico algum; simplesmente estava curioso em conhecê-la. Lá dentro o que mais me chamou a atenção foi uma coleção de maquetes sobre a pré-história, e já saí feliz só por isso.
No início a adolescência, na primeira semana de estudos de inglês do Ibeu, já no Rio, não havia como não notar a biblioteca: ela era a primeira coisa que se via, ao entrar. Toda envidraçada, era um convite à curiosidade. O que mais me chamou a atenção, desde o início, foi a coleção de revistas ´Time` que fazia parte do acervo. No final dos anos 70, ler uma revista estrangeira toda semana era – uau! – um privilégio para qualquer um, ainda mais para um jovem estudante de inglês.
Fato é que, como dizem por aí, uma coisa puxa a outra. Afinal, é de se esperar que uma biblioteca atraia visitantes por conta de maquetes ou revistas estrangeiras? Aparentemente, não. Mas não teria sido essa a intenção das equipes de ambas as bibliotecas, ao criar ´iscas` para atrair alunos, futuros leitores? Esta semana, eu tive certeza que sim.
Segundo um dos institutos de pesquisa mais atuantes em comportamento web, o Pew Internet & American Life Project, os jovens americanos, a tal ´Geração Y´, têm freqüentado cada vez mais as bibliotecas. O motivo? Em princípio, os livros, mas, tal qual acontecia comigo no Marista de Brasília ou no Ibeu, o que tem levado público a visitá-las é uma boa isca, desta vez a internet.
Como assim? Não há segredo. Para começar, já são muitas as bibliotecas americanas – assim como as brasileiras, e tantas outras – que colocam à disposição na web a lista de seu acervo, o que facilita tremendamente; se você tem certeza de que há o livro que procura em uma biblioteca, é meio caminho andado, não há risco de viagem perdida. Além disso, hoje as bibliotecas estão repletas de computadores com acesso à Rede – e, segundo o instituto Pew, este é o aspecto mais interessante da recente pesquisa.
O cenário que está fazendo toda a diferença é o seguinte: o adolescente chega a uma biblioteca, procura por um livro de Ray Bradbury, ´Fahrenheit 451´, por exemplo. Ele começa a folhear o livro, adora, mas quer saber mais sobre o autor. Que tal a web? Sem sair da biblioteca, ele dá um pulinho no computador e fica sabendo mais – senão tudo – sobre o autor, e fica interessadíssimo, também, por exemplo, em ´Frutos Dourados do Sol´, obra-prima menos conhecida de Bradbury. Touché: como ele está em uma biblioteca, é só pedir o livro. Feliz da vida, o jovem leva para casa ou lê ali mesmo ambas as obras, e o que um dia era desconhecimento vira um horizonte cheio de possibilidades – a grande magia do livro, afinal.
Como dá para notar, ainda há muito por vir, e muita coisa a descobrir. O mais fascinante, contudo, é observar que finalmente chegou o tempo em que a tecnologia da informação, mais especificamente a internet, é vista com naturalidade, sem provocar medo ou rejeição.
Por isso, torço para que pesquisas como a da Pew sejam feitas cada vez mais, e sempre. Lá se vão mais de dez anos de internet, e já amadurecemos bastante – mas é preciso que isso seja dito aos quatro ventos. Que 2008 seja o início desta nova etapa, então!
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Quem quiser ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é só entrar em contato pelo e-mail extensao@facha.edu.br ou ligar para 0xx 21 2102-3200 (ramal 4) para obter mais informações sobre meu curso ´Webwriting & Arquitetura da Informação´.
As aulas da próxima turma, que terá início em 12/02, serão ministradas no Rio de Janeiro, ao longo de seis terças-feiras à noite, em Botafogo. Comece o ano de 2008 atualizado e com o pé direito! 🙂
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ´Webwriting – Pensando o texto para mídia digital´, e de sua continuação, ´Webwriting – Redação e Informação para a web´. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ´Webwriting` do ´Dicionário de Comunicação´, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
ESPORTES
Reprises cansam os telespectadores, 2/1
‘Olá, amigos. Está certo que no fim do ano não há muito o que se fazer no que diz respeito à programação, principalmente para as redes de TV a cabo. A falta de eventos faz com que algumas tenham de recorrer às reprises de especiais e de programas que tiveram boa audiência e interesse durante o ano. O telespectador já está acostumado com isso, e sabe que, entre o fim de dezembro e o início de janeiro, as retrospectivas reinarão na telinha.
Mas, em alguns casos, essas reprises acabam cansando até o mais fanático torcedor. Não é culpa da emissora, que continua tendo que preencher uma grade totalmente voltada para esportes durante 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas acredito que as análises deveriam ter um pouco mais de espaço nessas grades do que a reapresentação contínua de uma atração.
Um ponto importante para se analisar o que levar ao ar pode ser o momento pelo qual passa o esporte nacional. Especialmente, em 2007, o futebol teve bons momentos, e vem tendo seu noticiário muito movimentado pelas especulações. Acredito que resida aí a solução para a mesmice da programação esportiva das TVs a cabo. Se as emissoras resolverem adotar a fase de especulações como uma atração, e não como notícia concreta, certamente terão muito assunto para os famigerados 15 dias em que nada acontece.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
MEIO AMBIENTE
Peido de canguru merecia mais atenção
‘Junto com os 6 bilhões de seres humanos, habitam nosso planeta mais de um bilhão de bovinos e outro bilhão de carneiros e ovelhas. Esses dois bilhões de animais comem e peidam sem parar jogando na atmosfera talvez mais da metade de todas as emissões de metano, um dos gases que mais contribuem para o efeito-estufa e o aquecimento global.
Felizmente temos um grande amigo como companheiro de planeta: o canguru. Que também peida muito, mas, por capricho da natureza, sem metano. Pesquisadores australianos isolaram a bactéria que, no aparelho digestivo do canguru, impede a produção do gás ameaçador e prometem que, brevemente, bois e carneiros estarão recebendo em sua dieta a bactéria redentora.
O canguru pode ser a salvação da Humanidade, amigos, já é um herói na luta contra o efeito-estufa, mas, a meu ver, nossa imprensa não deu a atenção merecida a seu peido inocente e tão revelador para a ciência.
Como sabemos, o ciclo de informação sobre o conhecimento tem a colaboração de três espécies de curiosos: os pesquisadores científicos, sempre em busca de explicação para os mistérios do homem e da natureza que o cerca; os jornalistas, sempre em busca do que está acontecendo, de ´todas as notícias que merecem ser impressas´, como é o lema do New York Times; e os historiadores, que procuram no passado verdades perdidas e lições ainda úteis.
Estupro não pode no cinema, só na internet
O filme ´Lost in Beijing` (Perdidos em Pequim) teve a exibição e a distribuição suspensas. A produtora está proibida de qualquer atividade no país durante dois anos.
´Perdidos em Pequim´, cuja história e personagens se inspiram na luta de trabalhadores rurais migrados para a capital do país, tinha sido lançado em 30/11, depois de ter dez minutos cortados, por conta de uma cena em que a heroína é estuprada pelo patrão.
O órgão de censura (Administração Estatal para Rádio, Cinema e Televisão) disse que os produtores aproveitaram as cenas cortadas da versão original e as divulgaram pela internet como forma de propaganda do filme. Os produtores se defendem dizendo que não têm qualquer culpa, as cenas teriam ido parar na internet a partir de cópias pirateadas.
Por falar em China, ainda temos tempo
A China em 2002 previu que sua renda per capita chegaria a 3 mil dólares em 2020. Nesta sexta, 04/01, a Academia de Ciências Sociais anunciou que essa meta foi antecipada uma década, para 2010. Em 2007 estima-se que a RPC tenha atingido 2.200 dólares. E, para 2020, já falam em 6 mil dólares.
Mas o país ainda tem 300 milhões abaixo da linha da pobreza, alarga-se a desigualdade entre ricos e pobres bem como entre a população urbana e a rural. Quem mora em áreas rurais teve em 2007 um aumento de 7% na renda, mas nas cidades o aumento foi de 12%.
O Brasil, com uma população sete vezes menor, ainda tem uma renda per capita bem maior do que a China. Temos território um pouco menor, mas nossas terras agricultáveis têm pelo menos o dobro das chinesas. Temos mais potencial energético. Só falta a mesma decisão de crescer.
(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Besteiras de sempre, 3/1
‘Com o frio aço de suas espadas
os capitães do rei foram
ocupando terras e rios
(Talis Andrade in O Resgate)
Besteiras de sempre
O considerado Bruno Viécili, assessor de imprensa em São Paulo, passeava pela web em final de tarde recente, à procura de um passatempo até a hora de ir para casa, quando encontrou pelos blogs afora duas pérolas do jornalismo televisivo nacional:
Em tempos de erros de português cada vez mais freqüentes em todas as mídias, chamaram minha atenção duas ocorrências inusitadas: uma palavra inglesa maltratada e um algarismo romano inexistente (pelo menos até onde a Tia Edilene, minha professora de matemática, ensinou).
A primeira, uma legenda da RedeTV! que me causou espanto, tratava de um aquário subterrâneo do século IXX (isso mesmo, IXX, e não XIX). A segunda, uma imagem de fundo da Gazeta Esportiva, que me causou arrepios, mostrava um painel do Campeonato de Clubes da FIFA (do qual o glorioso Timão foi justamente o primeiro vencedor), o qual trazia uma desinência inédita na língua inglesa: CHAMPIONCHIP, desta forma, com C.
Janistraquis acha altamente temerário telejornais utilizarem legenda ao pé das matérias; atrapalham as imagens e, em vez de esclarecer alguma coisa, o que conseguem é duplicar as besteiras de sempre.
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Dispensadora é o…
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo varandão debruçado sobre a ignorância geral é possível ver funcionários do Palácio do Planalto a expulsar mais alguns verbos e plurais a pontapés, pois Roldão, que não é homem de meia voz, despachou para cá mais esta justíssima indignação:
Termina mais um ano e eis-me, ainda e sempre, lutando com as palavras, tal como Drummond em seu famoso verso.
Encontro na edição do meu jornal diário, o Correio Braziliense deste 31 de dezembro duas palavras que me causam espécie.
Na página 7, um cacoete atual: disponibilizar. Contrariando a lei do menor esforço, tem-se preferido gastar 14 letras em seis sílabas em vez de economizar, usando outros verbos, com oito letras, como oferecer e entregar.
Em chamada na primeira página e no suplemento Gabarito apresenta-se uma idéia das mais estrambóticas: uma máquina dispensadora (sic) de preservativos a ser instalada nas escolas brasileiras.
Deixo a discussão da proposta e fixo-me na palavra dispensadora. É uma péssima tradução do inglês. Na nossa língua, dispensar tem cinco significados: 1. prescindir. 2. recusar. 3. demitir, despedir. 4. desobrigar, isentar, livrar, liberar. 5. conceder, conferir.
Nenhum deles corresponde ao inglês dispense dessa tradução, que quer dizer distribuir, fornecer, que é o que a tal engenhoca vai fazer.
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A coisa tá braba
O considerado José Guido Fré passeava os olhos pelo site Bol quando algo esquisito lhe chamou a atenção:
A legenda de uma das Imagens do Dia dá bem a idéia de como está o conhecimento do idioma deste bando de focas que invadiu as redações…
´Veterinários vestem botas em elefantes no zoológico de Cingapura; os animais Jamilah (e) e Tun (d) ganharam o curativo para se protegerem de lesões nas solas das patas.`
Eles não sabem que botas são calçadas e não vestidas.
Tal confusão também deixou Janistraquis bastante aboleimado, ó Zefré:
´Considerado, nosso saudoso burro Salomão calçava ou vestia aquelas ferraduras horrendas que a gente encomendava ao Zé Boleco?`
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Paulinho da Viola
Foi tão grande o espanto que os tamborins se calaram no reveillon do Rio de Janeiro; Paulinho da Viola foi assaltado na Barra da Tijuca!!!
Janistraquis leu, releu e concluiu:
´Considerado, a polícia só não prenderá os bandidos se não quiser trabalhar neste início de ano, porque uma boa pista ela já tem; afinal, Paulinho é um dos mais ilustres vascaínos do Brasil e só pode ter sido assaltado por uma quadrilha formada por torcedores do Flamengo.´
É bem pensado.
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O olho do mestre
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema cujo excerto é a epígrafe da coluna; está inserido em Sertões de Dentro e de Fora, um dos livros do poeta, o qual anuncia outros mais. O considerado Talis Andrade, que submeteu-se àquela operação, está enxergando muito além da Taprobana.
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Sem ventilação
Legenda sob foto em matéria do UOL:
Jovem de 21 anos mora em buraco de seis metros quadrados por um metro de altura, sem ventilação, na Praça Itália, no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre (RS).
Janistraquis, que foi apresentado à pobreza absoluta ainda na infância, como seu conterrâneo Luiz Inácio, leu, releu e concluiu:
´Considerado, ficou parecendo que se o buraco tivesse ventilação, tudo bem…´
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Proibição de garrafas
Chamada de capa da Folha de S. Paulo:
Governo Serra quer proibir a utilização de garrafas PET.
Janistraquis, que não tolera proibições, comentou com alguma e justíssima impaciência:
´Considerado, São Paulo tem tantos problemas, mas tantos e tantos, que o chamado ´assunto em epígrafe´, como escrevem as secretárias, transmite a idéia de que o governador não tem rigorosamente nada pra fazer. Alguém, um assessor ou talvez amigo, parente, vizinho, qualquer um que se preocupe com a imagem do Serra deveria dizer a ele pra botar o galho dentro e cuidar em trabalhar.`
É uma boa. Afinal, 2010 está aí.
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Lula e Vargas
O considerado Carlos Roberto Costa, geólogo aposentado que vive nas montanhas de Nova Friburgo, envia esta prognose:
Num programa de sábado, na GloboNews, a comentarista Cristiana Lôbo disse :
´Lula confessou a amigos que quer ser lembrado, no seu 2º mandato, como Getúlio Vargas.`
Carlão se lembrou de 1954, quando tinha 14 anos e vivia em João Pessoa:
A idéia me parece excelente; só falta o suicídio.
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Delírio paraibano
Certamente com algum constrangimento, o indispensável site Consultor Jurídico publicou:
Advogados costumam dizer que há juízes que pensam que são deuses e juízes que têm certeza. É o caso da juíza Adriana Sette da Rocha Raposo, titular da Vara do Trabalho de Santa Rita, na Paraíba.
Nas palavras da juíza: ´A liberdade de decisão e a consciência interior situam o juiz dentro do mundo, em um lugar especial que o converte em um ser absoluto e incomparavelmente superior a qualquer outro ser material´.
O pernambucano Janistraquis, que conhece a Paraíba e até já esteve em Santa Rita para tomar memorável porre nos alambiques do Engenho do Meio, comentou, num esgar de profundo desprezo:
´Considerado, a ilustríssima e excelentíssima, que não parece ser uma potência intelectual, desconhece até hoje as artes que fizeram a fama do colega (dela) na Justiça do Trabalho, Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, sem contar as ações de refinada canalhice, safadezas gerais e filhadaputice explícita.
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Trabalhar pra quê?
O considerado Symphronio Veiga, velho companheiro dos horrores do CPOR de Belo Horizonte, entre 1961 e 62, envia esta obra-prima da política clientelista do governo Lula:
O zelador de um prédio em Natal/RN pediu à administração do condomínio onde trabalhava que o demitissem.
Contou o motivo: tem dois cunhados desempregados, lá mesmo em Natal, e que, por conta da bolsa-escola, cartão-cidadão, cartão-alimentação, vale-gás, transporte gratuito, vale-refeição (acreditem: vale-refeição) e demais benefícios do nosso governo, distribuídos a título de esmola, vivem melhor que ele.
Aí paramos e fomos fazer umas continhas.
Leia no Blogstraquis as continhas que Symphronio fez e quanto um sujeito pode ganhar sem trabalhar.
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Esculhambação
O leitor Ernesto Vidal Laranjeira, professor aposentado que trabalhou 35 anos no interior de São Paulo, leu no UOL Vestibular:
Os alunos que vão se inscrever para o vestibular da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), em São Paulo, terão pela primeira vez a opção de concorrer pelo sistema de reservas de vaga. No total, 20% das vagas de cada curso serão destinadas aos estudantes da rede pública. Desse percentual, 35% irão para negros ou pardos. As inscrições terminam no próximo dia 26, pela Internet.
Ernesto deixou fluir a rabidez:
´Ora, não importa se o sujeito saiu da rede pública, da particular, ou se é preto, branco ou pardo ou amarelo ou seja lá o que for; o que interessa ao país é que o elemento tenha competência para entrar na universidade, na de São Carlos ou qualquer outra. Precisamos acabar logo com esse sistema de cotas!
Consultado a respeito, Janistraquis assim se manifestou:
´O professor está coberto de razão; se não forem tomadas providências, daqui a pouco teremos vagas reservadas a gays, cornos e felas…´
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Nota dez
Sob o título Sportv dá olé na Folha de S. Paulo, o considerado Antonio Carlos Teixeira escreveu no Observatório da Imprensa:
O canal fechado SporTV e o jornal Folha de S.Paulo protagonizaram dois lances opostos sobre futebol. A TV marcou gol de placa; o jornal deu de canela na bola.
No domingo (23/12), o diário paulista publicou ranking dos supostos clubes brasileiros mais vencedores da história. Para chegar ao resultado, a Folha criou seus próprios critérios, que irritaram muitas torcidas Brasil afora. Uma delas – a do Santos – mobilizou-se na internet para rebater o conteúdo da publicação.
Sites, blogs, listas de discussão por e-mail e comunidades no Orkut relacionados ao clube da Baixada repercutiram ao que se passou a chamar entre os santistas de ´afronta à história de Pelé e Cia.´.
Leia aqui a íntegra do artigo que faz justiça à gloriosa história do Santos.
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Errei, sim!
‘COMO É QUE É?!?!?! – Manchete de capa do jornal Unidade, órgão oficial do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo: NOSSO HERÓI. Pensei que se referisse à performance de Matinas Suzuki na cobertura da Copa do Mundo, mas o herói era (pasmem!) o ex-secretário da Receita Federal, Osíris Lopes Filho.
A chamada ´imprensa sem patrão` tenta passar atestado de idoneidade a um homem que, segundo o jornalista José Nêumanne, amealhou fortuna de um milhão de dólares com proventos de funcionário público. ´E ainda vira herói do Sindicato dos Jornalistas!!!´, indigna-se Janistraquis.` (outubro de 1994)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ´Carta a Uma Paixão Definitiva´.’
O XIS DA QUESTÃO
Lembrando Betinho, para um bom começo de ano
‘O XIS DA QUESTÃO – Evocar Betinho é uma bela maneira de colocar argumentos notáveis nas reflexões que o início do novo ano propicia e estimula. O sociólogo Herbert de Souza não teve jornais seus, nem emissoras de rádio, nem TVs. Mas jamais lhe faltaram microfones e repórteres, para a multiplicação estratégica do discurso da solidariedade com que deixou marcas no Brasil e no mundo. Graças à difusão jornalística, Betinho movia montanhas com a força da palavra e a persuasão da sinceridade.
Em tempo de férias, e em pleno exercício do direito ao ócio, sinto-me livre da obrigação de ler jornais ou assistir a telejornais. Sem compromissos com o dever de estar informado, ´surfo` livremente pelos canais da Net nos poucos momentos em que aceito sentar-me para assistir TV. E no ‘surfar` de ontem, fui sacudido pela agradável surpresa de um belo documentário de evocação da vida, das idéias e da obra de Betinho, num canal por esse motivo também surpreendente, o da Assembléia Legislativa de São Paulo, à frente do qual estão os jornalistas Alberto Luchetti (diretor) e Laerte Mangini (chefe de redação).
Para que os méritos sejam atribuídos a quem são devidos, registre-se que, embora ontem exibido na TV Assembléia, o documentário foi produzido pela TV Câmara, com a qual a TV Assembléia mantém parceria. Foi o que me disse Mangini.
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O documentário emocionou-me. Por isso, resolvi também escrever sobre Betinho, que foi um ser humano admirável, um inesquecível ativista dos direitos humanos. Evocá-lo é uma bela maneira de colocar argumentos notáveis e atuais nas reflexões que o início do novo ano propicia e estimula.
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Betinho, nome público do sociólogo Herbet de Souza, era um homem frágil, doente, um cidadão sem qualquer dos poderes formais que a democracia atribui pelo voto ou pelo decreto. Com as defesas imunológicas devastadas pela aids, viveu anos sob a perspectiva da morte. Mas tratava a morte a pontapés, como certa vez disse o compositor Aldir Blanc. Tão perto a morte andava, que podia ser tratada a pontapés. E a morte o levou, no sábado 9 de agosto de 1997, deixando inerte um corpo de 39 quilos.
À época, em texto memorável escrito em homenagem à memória desse grande brasileiro, Fernando Gabeira via Betinho sentado à porta do céu. De dentro, alguém o chamava, para que entrasse. Mas, na visão poético-literária de Gabeira, Betinho decidiu aguardar; só entraria no eterno descanso quando todos pudessem entrar. Não aceitava a injustiça de que até para as alegrias celestiais houvesse excluídos, ao lado dos quais ficaria.
Se, na Terra, solidariedade foi a palavra chave das convicções de Betinho e do sentido de vida que o guiou, por que seria diferente às portas do Céu?
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Na época, também eu escrevi sobre Betinho, um texto que reencontrei no baú dos ´guardados´, do qual recorto o seguinte trecho:
´Deus vai ter um problema dos diabos com esse sujeito enfezado, de aparência ressequida pela doença, olhos tão mais vivos quanto mais afundados, sorriso desajeitado, fala mansa e palavra afiada. É bem capaz de já andar por lá, nos adros do céu, a reunir grupos de almas penadas, mobilizando-as com propostas de luta, para a libertação e a felicidade. E arranjará jeitos de chamar a atenção de anjos e santos. Não demorará muito, tê-los-á como aliados, em campanhas que ampliarão palavras e idéias, e as transformarão em ações concretas de respeito à dignidade de todos os filhos de Deus e de preservação da vida ameaçada por castigos injustos, quaisquer que sejam os purgatórios – o maior deles a fome terrena, que dizima povos e humilha pessoas.
E Deus que se cuide. Apesar de amigo e velho conhecido, levará bons puxões de orelha, se continuar a permitir que, aqui na terra, as aparências pomposas dos rituais continuem mais importantes do que a singeleza do amor ao próximo.´
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Entre nós, profissionais e/estudantes de comunicação, importa lembrar que, apesar do bolso vazio e do corpo frágil, quase transparente, Betinho foi homem e um cidadão poderoso, capaz de articular multidões em campanhas de solidariedade. Assustava governos e governantes. Agendava as mais importantes discussões públicas. Cada vez que falava, sacudia a consciência da nação e introduzia valores novos na sociedade brasileira. Não teve jornais seus, nem emissoras de rádio, nem TVs. Mas jamais lhe faltaram microfones e repórteres, para a multiplicação estratégica do discurso da solidariedade, contra a fome e a injustiça. Graças à difusão jornalística, Betinho movia montanhas com a força da palavra e a persuasão da sinceridade com que dizia e fazia. E com a palavra e a sinceridade, únicos e irresistíveis poderes que teve e soube usar, mobilizou artistas e platéias, encantou jovens e idosos, desentocou acomodados e cépticos, deu sentidos novos ao comportamento de idealistas e inconformados.
Relembro Betinho para que entremos inquietos neste 2008 que nos desafia.
(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’
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