Repórteres sem Fronteiras exprime seu alívio após o anúncio da condenação, a 11 de agosto de 2009, de Odinei Fernandes da Silva, conhecido como ‘Zero Um’, e Davi Liberato de Araújo, ou ‘Zero Dois’, que seqüestraram e torturaram uma jornalista e um fotógrafo do diário O Dia, assim como seu motorista, em maio de 2008 na favela do Batan, no oeste do Rio de Janeiro. Os dois homens foram condenados cada um a trinta e um anos de prisão por ‘tortura’, ‘formação de quadrilha’ e ‘roubo’ (ler comunicado de 12 de dezembro de 2008).
‘A condenação dos dois cérebros desse caso, que provocou uma comoção considerável, constitui um passo fundamental na luta contra a impunidade, em um momento em que a segurança dos jornalistas brasileiros continua a ser uma questão de atualidade (ler comunicado de 6 de agosto de 2009). Outros suspeitos, detidos no final de 2008, devem ainda ser julgados. Esta investigação revelou a grave cumplicidade que existe entre alguns elementos das forças da ordem e o crime organizado. Que a justiça seja feita representa um verdadeiro desafio de caráter nacional’, declarou Repórteres sem Fronteiras.
‘Decisão histórica’
Odinei Fernandes da Silva, ex-inspetor da Polícia Civil, se entregara às autoridades a 16 de junho de 2008, após semanas de fuga. Davi Liberato de Araújo já havia sido detido doze dias antes. A jornalista e o fotógrafo de O Dia realizavam uma reportagem sobre o suposto envolvimento de agentes e antigos membros das forças de segurança no seio de uma milícia na comunidade do Batan. As vítimas, capturadas a 14 de maio, sofreram sete horas de suplícios nas mãos dos milicianos, que procuravam obter informações sobre a investigação da equipe de reportagem na favela.
No decurso da instrução processual, o juiz apurou que três das testemunhas de defesa haviam prestado falsos depoimentos. O advogado de defesa dos condenados, André Luiz Silva Gomes, refutou as provas e declarou que vai recorrer do veredicto.
O diário O Dia se felicitou de uma ‘decisão histórica’. ‘A justiça mostra que a sociedade não quer e não pode permitir que favelas virem feudos de senhores da guerra’, escreveu o jornal no seu editorial. Repórteres sem Fronteiras se reuniu com representantes da redação em julho de 2008. A jornalista e o fotógrafo, cuja identidade não foi revelada, procuraram refúgio fora do Estado do Rio de Janeiro logo depois de sua libertação.
******