A consultoria de estratégia Stratfor mandou na quarta-feira (2/11) aos destinatários de seu mailing um convite, para fazer assinatura, que contém pertinente crítica da maneira como a mídia, de modo geral, cobre conflitos. No caso, o da Líbia. Uma nuvem de tags está contida numa figura que corresponde ao mapa da Líbia. São, todas, expressões otimistas: paz, direitos humanos, riqueza, liberdade, prosperidade, democracia ocidental, corrupção nunca mais, eleições, vida, liberdade e busca da felicidade, fim da opressão, fim da guerra. E, fora do mapa: “Fala sério!”
A crítica da mídia está contida no texto que acompanha o mapa, aqui apresentado em tradução livre, escoimado de ofertas comerciais:
“Muitos pensam que a destituição de Qaddafi (*) é motivo de comemoração, mas os leitores de Stratfor estão guardando a champanhe para outra ocasião. Eles são mais bem-informados. A ‘oposição’ líbia – antes unificada por um inimigo comum – voltou a ser um bando de facções rivais.
“Com religiões conflitantes, facciosismo tribal, dispersão geográfica, vácuo de poder e uma borrifada de petróleo, a Líbia tem todos os ingredientes para um conflito prolongado.
“A Primavera Árabe é um manual clássico de wishful thinking da mídia hegemônica [mainstream media]. Você tem nas mãos uma minoria tentando derrubar um regime? Basta colocar nela a etiqueta de revolução unânime contra o autoritarismo e atribuir-lhe um ar de democracia emergente. Problema resolvido!
“Stratfor é imune ao wishful thinking. Nós damos o nome verdadeiro às coisas, sem embelezar o quadro, sem [subordinar a descrição a] ideais políticos”.
——–
(*) Grafia preferida pelo professor de árabe da USP Mamede Mustafá Jarouche, tradutor das Mil e Uma Noites.