Todos os dias, leio os principais jornais do Brasil e, na última semana, o pessimismo assola nossos jornalistas. As notícias sobre a economia sofrem com títulos desastrosos e uma frase que demonstre insegurança torna-se destaque para a crise econômica.
Ninguém sabe nada, nem os economistas mostram opiniões concretas sobre os reflexos da crise mundial no Brasil. As assessorias de imprensa estão escrevendo releases com títulos monstruosos só para o jornalista (que está adorando o momento) se interessar pela sua pauta. Qual o papel das assessorias e da mídia nesse momento? Afundar nossa economia, só pode ser.
Daqui a pouco, o consumidor vai acreditar em tudo o que sai nas manchetes dos jornais, mesmo que o carnê das Casas Bahia, pelo qual sempre pagou juros altos, não tenha reduzido suas prestações. Ou você acha que esse cidadão está sendo afetado pela falta de crédito? As pessoas não entendem de economia e mal lêem as reportagens, olham os títulos e saem comentando que a crise vai destruir o mundo.
Todos sabemos que o Brasil já está mais do que calejado com dólar em alta, tira de letra os abusos nos índices de inflação. A população está confusa, os jornais publicam que essa é a pior crise de anos, mas esses brasileiros não entendem que esta, de fato, pode ser a pior em proporções mundiais, mas não é a pior para o Brasil. Esqueceram de todas as nossas crises? E em 1992, quando a inflação atingia o patamar de 700% ao ano? Os jornalistas não lêem o que escrevem? Os índices de inflação publicados em agosto e setembro já mostravam uma tendência de alta que nada tem a ver com a crise.
Sejamos mais conscientes
Outro dia, um economista falou que essa crise é muito mais psicológica que efetiva. Temos, sim, setores que estão sendo atingidos, mas também temos muitos que não serão. É inevitável sermos atingidos de alguma forma, já que estamos falando de problemas na maior economia mundial, mas já superamos momentos muito piores internamente e esse não vai nos derrubar.
A Ipsos divulgou uma pesquisa que revela que o brasileiro sabe mais da vida da Eloá (a menina assassinada em Santo André) do que da crise econômica. Com todo esse bafafá em torno da crise, as pesquisas logo indicarão que o consumidor terá medo de comprar. Se nosso consumo diminuir, vamos transformar a crise mundial em crise nacional e aí, sim, vamos fazer a nossa crise. Ninguém vai deixar de comer três vezes ao dia, ninguém vai deixar de comprar produtos de primeira necessidade; o mundo, a nossa vida, não podem parar. Senão, daqui a pouco seremos fiéis consumidores da indústria farmacêutica.
Colegas jornalistas, sejamos mais conscientes em nossas publicações, vamos parar de culpar a crise por tudo e culpá-la apenas pelo o que é de direito. Não vamos deixar que os responsáveis por desandar a economia sejamos nós mesmos.
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Assessora de Imprensa da Alshop – Associação Brasileira de Lojistas de Shopping