Aquilo que poderia ser uma nota de rodapé transforma-se em simulacro de artigo. Para “orientar” os leitores mal informados sobre a “prática” jornalística. Nele, Marina Amaral e Natalia Viana não poupam esforços para reparar o mal-entendido e isentar o colega de categoria William Waack da alcunha de informante dos EUA. Não são poupados esforços nessa direção (ver, neste Observatório, “De interlocutor a ‘informante’”).
Na opinião das duas, as atividades parajornalísticas de Waack em seu convívio com as representações norte-americanas no país não são apenas legítimas, como eticamente aceitáveis dentro da atividade jornalística e cidadã (ou será que uma exclui a outra?). A atividade de “informar” governo estrangeiro quando solicitado – no caso, o norte-americano – transforma-se em uma atividade que engrandece a profissão e presta um inestimável serviço à pátria, no que tange as relações bilaterais.
Jornalismo “vira-latas”
Em seu esclarecimento ao grande público, as duas colegas jornalistas usam a antiga tática de desqualificar a vítima, no caso, aqueles leitores cuja capacidade crítica os levam a distinguir entre jornalismo e militância política. E assim sendo, buscam outras fontes de informação que não seja a dos jornalões tradicionais. Segundo o esclarecimento divulgado, este leitor em específico não só ignora como, insensível que é, não reconhece o grande serviço prestado pelo grande patriota e brasileiro Waack.
Comparam, em sua defesa esclarecedora, atividades similares protagonizadas, coincidentemente, por figuras ligadas direta ou indiretamente ao governo petista. Não mencionam, por exemplo, as atividades de outro patriota, o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, grande “interlocutor” das relações bilaterais entre EUA e… quem mais?E nesta perspectiva de que “uma coisa leva a outra”, tentam justificar o injustificável. Fato é que o governo norte-americano utiliza a terminologia insider ao se referir ao jornalista William Waack em seus documentos. Não cabe a Amaral ou Viana afirmar a desproporção da terminologia, e sim, ao governo do Norte.
Por fim, faltou no esclarecimento informar se tal prática jornalística também se estende aos jornalistas da grande mídia mundial. Ou se tal atividade “bilateral” é uma característica típica do jornalismo “vira-latas” brasileiro.
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[José Luiz Ribeiro da Silva é psicólogo, Curitiba, PR]