Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

De que lado está a imprensa?

‘O brasileiro precisaria de um salário mínimo no valor de R$ 2.157,88 para conseguir arcar com suas despesas básicas’, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O cálculo foi feito com base no salário mínimo de R$ 510,00, que passou a vigorar este ano. A entidade verificou que são necessários mais de 4,23 vezes o mínimo para suprir as demandas do trabalhador. Esta informação está aqui.

Diante desta constatação de defasagem do salário mínimo do brasileiro, o presidente Lula aprovar os 7,7% de aumento para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo não deveria ser uma atitude que merecesse crítica da imprensa em geral. Ou, pior, como estão dizendo, fosse vista como uma atitude eleitoreira. Tal aumento para uma boa parte dos aposentados significa pouco mais de R$84,00! Ora, é demais isso? Menos de R$ 100,00 por aposentado, uma vez que a grande maioria ganha por volta de R$ 1.000,00?

Qual será o salário mínimo dos Estados Unidos, por exemplo? Cerca de US$ 7,25 por hora trabalhada, o que dá, multiplicando 8 horas/dia por 20 dias úteis, US$ 1.360,00. Então, se tudo o Brasil copia lá de fora, como o fim de diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista, por que a imprensa não defende o aumento do salário mínimo?

Se a imprensa estivesse do lado do povo brasileiro, lançaria uma campanha para que o salário mínimo do Brasil saísse das últimas colocações no ranking mundial e figurasse nas primeiras, com remuneração pelo menos mais digna de um país que quer evoluir nas suas conquistas democráticas e humanas. Mas não é isso que a gente vê por aí. Não sei que liberdade de expressão tem alguém que ganha R$ 510,00… Resta viver aglomerado, em pencas de pessoas, em 30 m2, ou pior, erguer uma edícula em um terreno em área de risco.

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Jornalista, São Paulo, SP