Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

DEM questiona no Supremo medida que criou TV Pública

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 22 de outubro de 2007


TV PÚBLICA
Folha de S. Paulo


DEM questiona medida que criou TV Pública


‘O DEM vai questionar na Justiça a medida provisória que criou a TV Pública. O partido vai ingressar no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) argumentando que não há ‘urgência e relevância’ que justifique a edição da MP, uma vez que o Estado já possui a Radiobrás, constituída por rádio e TV.


A criação da TV Pública por medida provisória também recebeu críticas do PSDB e de alguns membros do PMDB.’


 


TROPA DE ELITE
Fernando de Barros e Silva


Caveira social


‘SÃO PAULO – ‘A culpa é do sistema’. Capitão Nascimento insiste nessa tecla. Abusa da fórmula, com ou sem ironia, quando se refere à polícia corrupta e inepta, que inibe ou repele o bom policial. Mas não só. Em ‘Tropa de Elite’, este velho clichê da esquerda é virado de ponta cabeça, o que talvez ajude a explicar o sucesso sintomático do filme.


Afora a polícia imprestável, o ‘sistema’ que ‘Tropa de Elite’ desmoraliza, humilha e depois executa é nada menos que o conjunto da mentalidade progressista: ações, valores, aspirações -tudo vai para o lixo da história. Os estudantes do filme são retratados como um bando de desmiolados, entorpecidos pela fumaça teórica que lhes ensinam na sala de aula; reféns, ao mesmo tempo, do baseado e do pó que obtêm na favela, onde também mantêm uma ONG e exercitam suas boas intenções sociais.


A esquerda é míope. Há, no filme, uma tradução material dessa tese quando André, o estudante negro (também policial a caminho do Bope), descobre e mostra aos colegas de ONG que o garoto favelado de que cuidavam ia mal na escola porque não enxergava bem. Era um problema simples, que um par de óculos resolvia, invisível, porém, aos ‘ceguetas do progressismo’.


A direita sempre se gabou de ser mais eficiente. A superioridade que ‘Tropa de Elite’ reivindica agora é moral. O êxito sobre as esquerdas seria não apenas histórico e prático, mas sobretudo de princípios. Este, talvez, o pulo do gato do filme, o segredo do seu apelo reacionário.


O fato é que Capitão Nascimento caiu no gosto popular. A ideologia vitoriosa da nossa época se realiza na figura do primeiro Rambo brasileiro. Platéias amedrontadas projetam sua impotência sobre a tela, vingando-se, com aplausos nervosos, pelas mãos do torturador. Enquanto isso, os propagandistas do filme na mídia procuram fazer do policial psicopata e justiceiro um franco pensador dos novos tempos. Sistema é isso aí. Sujou geral!’


 


PORTUGUÊS
Luiz Costa Pereira Junior


O momento ‘língua portuguesa’ do Brasil


‘A LÍNGUA portuguesa é desses assuntos aos quais parecemos dar importância só em ocasiões especiais, como com a recente badalação em torno da reforma ortográfica prevista para 2009.


A questão foi tratada com uma urgência preguiçosa, de quem poucas vezes pensa no idioma, tão habitual o seu uso. Por coisa de momentos, o tema saiu das marginais do noticiário e esboçou relevo até ser engolido pelo próximo bombardeio de novidades.


Não sem razão. Como reforma, o acordo ortográfico dos países lusófonos pouco simplifica. Em alguns casos, como o uso do hífen, até baratina o que já era confuso (‘anti-semita’, por exemplo, perde o sinal, e ‘microondas’ ganha). Houve quem exagerasse e falasse da ortografia como ‘o’ fator de organização da língua; por isso, a reforma ameaçaria ‘transformar o idioma’. Mas, anunciada com temor ou desprezo, ela nem sequer é certeza. Portugal, que vê nela um ‘abrasileiramento’ do idioma, resiste e pode melar o acordo.


Se vingar, haverá, claro, implicações no mercado (livros reeditados), no ensino e na mentalidade (esforço, mesmo temporário, para desaprender grafias, como ‘idéia’ sem acento).


Já se viveu isso no país e sobrevivemos. Por isso, o assunto, na verdade, chama a atenção para outro aspecto, diria incidental, do português.


Sem dar pelota para a coisa, o país vive há uns dez anos o que se pode chamar de um ‘momento língua portuguesa’. Mesmo que não vivamos a inclusão digital, nunca se escreveu tanto como agora. São 500 milhões de mensagens diárias só pelo MSN no país. Mais do que há dez anos, nunca se viu tanta faculdade no Brasil em razão da abertura, não entremos no mérito, promovida desde a era FHC: são 2.300 instituições privadas mandando alunos escreverem monografias, trabalhos e dissertações.


Temos um respeitável mercado editorial cujo tema é o idioma (quase 25 milhões de exemplares de dicionários, gramáticas etc. vendidos todo ano) e uma carência de informação básica que turbinou a procura por consultores de português com consultórios gramaticais na mídia.


Os últimos anos ainda mostraram outro grau da língua nas corporações.


É de imaginar que a retomada do fôlego econômico do país estimulou o relacionamento de empresas em seu próprio idioma. Há hoje a intuição de mais negócios mediados por tecnologias que enfatizam a comunicação -mensagens eletrônicas e apresentações com projeções em tela, que não podem exibir tropeços. E, em reuniões de trabalho, o desempenho retórico virou chave empresarial.


Quem muito escreve ou fala tem risco maior de expor sua eventual falha de formação. Daí pipocarem os cursos de português para brasileiros, executivos, secretárias e gerentes.


Em paralelo a essa demanda no mundo do trabalho, mais que antes, temos um circuito de estudos sobre a língua com uma consistência, uma pluralidade e um amadurecimento que permitem maior certeza nas afirmações sobre os fenômenos do idioma e um debate cada vez mais acalorado entre tendências acadêmicas.


A percepção hoje é a de que a língua vai bem, obrigado, não está ameaçada, não precisa de proteção, mas de promoção. Falta um projeto de promoção do idioma a integrar o país, que corrija as distorções de um ensino que virou fábrica de decorebas.


O vale-tudo do idioma está não tanto no uso cotidiano que o brasileiro faz dele, mas na filosofia de ensino, que não é uniforme. Cada região, cidade, escola e professor parecem atirar para um lado.


Há cinco anos, apesar disso, vivemos uma atmosfera institucional pelo idioma. O preconceito de linguagem não foi suficiente para impedir a chegada de Lula à Presidência; o governo de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho criaram o único museu do mundo dedicado ao assunto, que agora virou inspiração para os ingleses; e o governo federal lançou o Instituto Machado de Assis, iniciativa a ser devidamente materializada, para promover o português no mundo e nas escolas do país.


A língua portuguesa não é a coisa chata das piores aulas, pode ser revigorante, ao ser percebida como aquilo que nos faz interagir, namorar melhor, vivenciar o cotidiano. A língua que usamos revela o que somos, e nem nos damos conta. Trai nossos preconceitos, nossas ênfases e os papéis que adotamos na sociedade.


Ao falar, o brasileiro expressa sua identidade, que nunca é uniforme, e o país respira sua diversidade, que insiste em nos unir.


Não será a badalação temporária por uma reforma duvidosa o único fato a nos lembrar disso.


LUIZ COSTA PEREIRA JUNIOR, 41, doutorando em filosofia e educação pela USP, é jornalista, editor da revista ‘Língua Portuguesa’ (Segmento) e autor de ‘A Apuração da Notícia’.


Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Novo velho FMI


‘Antes da reunião do FMI, entre outros, o ‘Washington Post’ deu editorial dizendo que ele ‘precisa de reestruturação’ para atender ao crescimento dos emergentes e o ‘Independent’ reportou que a pressão era ‘crescente’, sublinhando a ameaça de Lula ‘e outros líderes de emergentes’ de criar fundo ‘rival’.


Mas veio o domingo, acabou a reunião e os enunciados nas agências eram de que, de novo, ‘FMI cobra vigilância contra inflação’ dos bancos centrais, nada mais. Pior, segundo o ‘Financial Times’, em destaque no site, ‘FMI fracassa em avançar sobre reforma’. Não fez ‘nenhum progresso’ e até ‘retrocedeu’. Mas o novo diretor se diz ‘confiante’, talvez ‘em um ano’.


BRASIL VS. FUNDO


Por ‘Wall Street Journal’, ‘El País’, ‘Clarín’ e agências, o porta-voz da insatisfação dos emergentes com o Fundo foi Guido Mantega. Sob títulos como ‘Brasil bate na forma como FMI tratou da crise de crédito dos EUA’, o ministro sublinhou o contraste com ações e pressões anteriores, nas crises dos emergentes.


RICOS VS. EMERGENTES


O destaque de ‘New York Times’ e ‘FT’ foi antes para os alertas da reunião dos ‘países ricos’ do G7, ecoados em seguida pelo FMI, contra os ‘fundos soberanos’ dos emergentes, Brics em especial, que ameaçam comprar ‘companhias ocidentais’. Sobrou também para a moeda chinesa, mas não para o dólar.


QUE DESENVOLVIMENTO?


Ontem no editorial ‘Que rodada do desenvolvimento?’, o ‘NYT’ lembrou que Doha abriu há seis anos com mote de ajudar aos ‘mais pobres’. Mas que ‘as regras estão sendo escritas para beneficiar os ricos, como sempre, e agora também os grandes em desenvolvimento’. Avalia que os ‘mais pobres fazem concessões, mas enfrentam custos’. E cobra dos ‘países grandes’, Brasil inclusive.


PLANETA EM PERIGO


Vai ao ar depois de amanhã, ao mundo, mas já vem sendo adiantado em textos no site da CNN e de agências o especial ‘Planeta em Perigo’, de quatro horas, realizado nos ‘mais remotos lugares da Terra’ e em ‘alta definição’ pelo âncora Anderson Cooper e outros.


Abre aqui com a ‘destruição de florestas’, ouvindo WWF e Greenpeace, e avança por ‘aquecimento global’, ‘perda de espécies’ e ‘superpopulação’, no Alaska, Chade etc. Segundo a AP, ‘nada é novo, mas a CNN carregou com imagens e informações que dão à história nova urgência’.


PETRÓLEO E…


Agências de Europa e EUA noticiaram com alarme, no final de semana, a decisão da Agência Nacional de Petróleo de prospectar na Amazônia, que a Petrobras já explora. O temor é que se ‘estrague uma das últimas áreas intocadas da maior floresta do mundo’ -como já expressa até o Ministério do Meio Ambiente.


MÚSICA NA SELVA


Postada pelo Google, a AP fez especial de fim de semana desde Belém, no Pará, sobre o ‘tecnobrega, uma das cenas pop de maior sucesso’, mas que é ‘alimentada pela pirataria’. John Perry Barlow, ex-Grateful Dead e hoje da Electronic Frontier Foundation, chamou a ‘música da selva’ de ‘verdadeiramente genial’.


NOVA VOZ


Heraldo Pereira, informou Daniel Castro, se tornou ‘o primeiro comentarista negro da Globo’, a um ano de nova eleição. Mas nos primeiros dias ele pouco comentou -ou revelou- para além do ‘clima de pânico no Congresso’ com a fidelidade partidária.’


 


LIVRO ROUBADO
Moacyr Scliar


A paixão pelo livro


‘Livro que integra escultura de Drummond e Quintana é furtado em Porto Alegre. Um livro de bronze de três quilos que integra uma escultura em homenagem aos poetas Mário Quintana (1906-1994) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) exibida na praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, foi furtado. O crime ocorreu há cerca de duas semanas -a Polícia Civil não sabe a data exata. De autoria dos artistas Xico Stockinger e Eloísa Tregnago, a peça foi inaugurada em outubro de 2001, por encomenda da Câmara Riograndense do Livro. Os poetas são representados em tamanho real. O gaúcho Quintana está sentado e olhando para Drummond, que é representado em pé, com um livro pregado em uma de suas mãos. Foi este o pedaço de escultura levado. O quilo do bronze é vendido por cerca de R$ 5 em lojas e depósitos de sucata de Porto Alegre. Quem furtou o livro teve cuidado, tempo e habilidade para não danificar o restante da escultura: as mãos de Drummond permanecem intactas, sem sinais aparentes de que tenham sido forçadas. Cotidiano, 18 de outubro


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– DESCULPE, DRUMMOND , tu sabes que eu sou meio distraído, como os poetas costumam ser, mas, por acaso, ontem, não tinhas um livro na mão?


– Tinha, Mário, tinha um livro na mão. Só que este livro foi roubado, Mário.


– Roubado, Drummond? Que coisa. Roubaram um livro da tua mão. E quem foi que roubou, Drummond?


– Não conheço a pessoa. Mas até que foi gentil. Não me machucou, não me agrediu. Simplesmente levou o livro e se foi.


– Quem sabe é um leitor teu, Drummond. Leitores, às vezes, fazem o possível e o impossível para obter as obras de seus autores preferidos. Claro, o cara podia ter esperado a Feira do Livro, que abre esta semana, mas vai ver tinha pressa em te ler e estava sem dinheiro.


– Pode ser, Mário. Mas acho que o nosso amigo terá uma decepção. O livro não tinha nada escrito. Era um livro de bronze.


– De bronze, Drummond? Que interessante. Tu sabes que uma vez quiseram me homenagear fazendo o meu busto em bronze. Eu disse que um engano em bronze era um engano eterno. Acho que o leitor não conhecia a minha frase, porque o livro de bronze foi para ele um engano, não é mesmo, caro Drummond?


– Não sei, Mário. Não sei. Você sabe que o quilo do bronze é vendido por cerca de R$ 5 em lojas e depósitos de sucata. Como este livro tinha 3 quilos, o nosso amigo vai faturar R$ 15. Tem muito livro que não chega a esse preço. Ou seja: se foi engano, pelo menos foi um engano lucrativo.


– Mas de qualquer maneira terá uma decepção. Se fosse um livro de verdade, ele, pelo menos, leria um poema teu. Aliás, Drummond, uma curiosidade: se tivessem te pedido um poema, um único poema, para o livro de bronze, qual seria?


– Não sei. Acho que faria algo inédito. Que tal este, Mário? ‘No meio do caminho tinha um livro de bronze/ tinha um livro de bronze no meio do caminho…’


– Muito bom, Drummond. E eu completaria: ‘Todos esses que aí estão/ atravancando o meu caminho/ eles passarão…’


– ‘Eu passarinho’, Mário?


– É, Drummond. Eu, passarinho. Voando, voando. E levando comigo um livro de bronze.


MOACYR SCLIAR escreve, às segundas-feiras, um texto de ficção baseado em notícias publicadas na Folha’


 


TELEVISÃO
Folha de S. Paulo


Programa da Record mostra acusação contra padre Júlio


‘A TV Record trouxe ontem à noite, no programa ‘Domingo Espetacular’, entrevista com uma mulher que, sem se identificar, disse ter visto o padre Júlio Lancelotti trocando carícias com um rapaz de menos de 18 anos dentro da Casa Vida, onde ela afirma ter trabalhado com o religioso durante um ano.


Lancelotti afirmou ontem à noite não ter visto o programa, mas nega qualquer envolvimento. ‘Se ela sabe de algo, deve ir à Justiça. Como ela não se identificou, não sei quem é. É difícil’, disse ele.


Na semana passada, o padre acusou um ex-interno da ex-Febem de extorsão, sob a ameaça de revelar um suposto caso de pedofilia, o que ele nega. O padre chegou a pagar prestações de uma Pajero ao acusado, que está foragido.’


 


Daniel Castro


Globo esconde grade e prepara ‘surpresa’


‘Numa atitude inédita, a TV Globo decidiu manter sigilo sobre a programação deste final de ano e de todo 2008. Nos bastidores da emissora, já se especula que o motivo seria um suposto projeto secreto, que traria um formato novo para a televisão brasileira.


A programação de final de ano não deverá ter surpresas. Além dos manjados especiais, como o de Roberto Carlos, serão testados quatro novos programas, anunciados no mês passado. Mas as datas de exibição só serão conhecidas por por parte do primeiro e por todo o segundo escalão da rede em meados de novembro.


Para 2008, já se confirma, por exemplo, a continuidade de ‘A Grande Família’. Porém, haverá renovação de boa parte das atrações das linhas de shows _exibidos entre a novela das oito e o ‘Jornal da Globo’.


Somente quatro profissionais da rede guardam os segredos da programação: Octavio Florisbal (diretor-geral), Mário Lúcio Vaz (diretor-geral artístico), Roberto Buzzoni (diretor de programação) e Manoel Martins (diretor da central de produção). Até agora, só eles sabem qual conteúdo ocupará o horário da minissérie entre o início de janeiro e 15 de fevereiro _’Queridos Amigos’ só estréia em 18 de fevereiro.


Florisbal confirma que ‘está trabalhando’ para estrear algo inovador em 2008. Diz que não fala sobre grade e novidades por uma questão ‘estratégica’.


NOVAS SÉRIES 1 O Warner Channel estréia sete novos seriados em novembro. Entre eles, estão ‘Cane’ (dia 5), ‘Californication’ (6) e ‘Gossip Girl’ (8). O primeiro é um drama em torno da disputa de poder numa rica família cubano-americana, protagonizado por Jimmy Smiths.


NOVAS SÉRIES 2 David Duchovny, o eterno Mulder de ‘Arquivo X’, retorna à frente de ‘Californication’. Nessa comédia, ele interpreta um escritor divorciado, mulherengo e bebum.


NOVAS SÉRIES 3 Já ‘Gossip Girl’ mira os adolescentes. Do mesmo criador de ‘The O.C.’, retrata um grupo de jovens ricos de Manhattan, habituados a trocar fofocas (sobre eles) pelos últimos (e mais caros) modelos de celular.


PARTICIPAÇÃO O ex-jogador Zico aparecerá, em um vídeo gravado na Turquia, no episódio desta quinta de ‘A Grande Família’. O programa comemora os 35 anos da estréia do seriado. Nele, Lineu (Marco Nanini) é apresentado como um craque de futebol na juventude, melhor do que Zico.


PÓS-LIPO Suzi, a personagem que Maria Clara Gueiros fará em ‘Beleza Pura’, próxima novela das sete da Globo, será uma socialite cheia de histórias, com com problemas de dieta e beleza.


SEGURO Os quadros ‘Dança no Gelo’ e ‘Circo do Faustão’ já estão confirmados no ‘Domingão do Faustão’ em 2008, apesar dos acidentes que marcaram o primeiro e de o segundo não ter sido um megasucesso no Ibope.’


 


Ricardo Bonalume Neto


Programa busca as origens de Hitler


‘Que família tinha um dos maiores monstros do século 20, o ditador Adolf Hitler (1889-1945)? O documentário ‘Hitler: um Retrato de Família’ mostra que um dos maiores carniceiros do século passado teve uma boa influência familiar para virar genocida.


Claro, não há explicações simples e rápidas para mostrar como um sujeito cuja família os americanos hoje chamariam ‘disfuncional’, ou cuja experiência na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi traumatizante, esteve na origem da pior guerra da história humana.


O pai do ditador, Alois Hitler, (1837-1903), era um funcionário da alfândega austríaca que gostava de mulheres bem mais novas -a sua terceira e mãe do ditador era uma prima, Klara Pölzl, (1860-1907).


Adolf também teve uma relação mal-explicada com uma sobrinha bem mais nova, que se matou. O ditador ignorou ao máximo seus irmãos e meio-irmãos. E se casou apenas pouco antes de se suicidar com sua amante, Eva Braun, com quem não teve filhos.


O documentário revela fatos pouco conhecidos. Que um meio-irmão de Hitler, com o mesmo nome do pai, Alois, teve um filho com uma britânica de origem irlandesa. O meio-sobrinho William Patrick Hitler tornou-se fuzileiro naval americano e teve descendentes americanos, ainda vivos.


HITLER: UM RETRATO DE FAMÍLIA


Quando: hoje, às 23h


Onde: The History Channel’


 


CINEMA
Inácio Araujo


Não há ‘Terra em Transe’ sem Paulo Autran


‘Não há Paulo Autran sem ‘Terra em Transe’ (Canal Brasil, 2h), assim como não há ‘Terra em Transe’ sem Paulo Autran. É o seu único papel no cinema, a rigor. O resto são umas participações.


Isso porque só Glauber Rocha tinha esse sopro épico à altura do ator, capaz de fazer de Porfirio Diaz, o novo senhor de Eldorado, um personagem gentil, enérgico, carismático, sofisticado e duro. Enfim, alguém muito consciente da luta de classes que travava. Seu perfil, o vento soprando no rosto, segurando a cruz com uma das mãos, já era uma foto oficial de seu governo.


Não é possível, neste filme notável, esquecer de Jardel Filho, o Paulo Martins, nem dos outros. É menos ainda possível esquecer que o cinema, naquele momento (1967) pensava o Brasil com uma originalidade que nunca voltaria a reencontrar.


É interessante verificar como hoje o pensamento único cinematográfico classifica Rocha, nosso maior cineasta, de ‘chato’. Falar é fácil.’


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 22 de outubro de 2007


TV PÚBLICA
O Estado de S. Paulo


DEM vai ao Supremo contra MP da TV Pública


‘O DEM anunciou ontem que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a criação da TV pública por meio de medida provisória. Segundo nota divulgada, a criação da emissora não atende aos princípios da urgência e relevância exigidos para que o governo use a MP. Para o DEM, a medida repactua ‘de forma unilateral e inconstitucional, contrato do governo com a Fundação Roquete Pinto.’’


 


CIDADE LIMPA
Marili Ribeiro


Marketing em forma de arte de rua


‘A Lei Cidade Limpa, que proibiu, desde o início do ano, o uso de outdoors e outros tipos de mídia exterior em São Paulo, faz com que empresas e agências de publicidade quebrem a cabeça tentando encontrar substitutos para essas formas de comunicação. Uma das alternativas que vêm ganhando destaque é o grafite. Artistas ligados a essa forma de arte, como Flavio Samello, Rafael Armando e Baixo Ribeiro, dizem que nunca receberam tantos chamados de agências de publicidade como agora.


Samello, que já trabalhou para campanhas da Nike, construtora Max Casa e tênis Vans, diz estar com a agenda cheia. Armando, por sua vez, assina o grafite das peças publicitárias da linha de cosméticos Éh, criada pela agência MPM.


‘O leque de opções de como chegar ao público potencial hoje é bem diferente do que era há cinco anos’, diz o vice-presidente de criação da agência JWT, Mário D’Andréa. ‘A dificuldade criada pela Lei Cidade Limpa apenas acelerou um processo de renovação que já vinha se impondo.’


A Lei Cidade Limpa, aliada à saturação do uso das mídias convencionais, impulsiona ações feitas sob medida para cada demanda do cliente. Até a próxima semana, a agência de marketing Espalhe pretende atrair clientes para o novo projeto imobiliário da Cyrela com esculturas gigantes (mais de três metros de altura) feitas por artistas populares das praias. Para a empresa de telefonia Brasil Telecom, a agência convidou grafiteiros para viajarem em um utilitário, envelopado de branco, que podia ser repintado a cada parada.


O uso desses artifícios, claro, não é novidade. Iniciativa em espaço público encomendada pela Sony Ericsson há dois anos, por exemplo, já explorava o universo grafiteiro. Artistas pintaram muros com temas relacionados à música, associando o grafite a aparelhos celulares com tocador de música digital produzidos pela empresa. Os nomes do produto e da empresa vinham logo abaixo dos desenhos, o que seria vetado hoje pela prefeitura.


Um desses muros pichados a pedido da Sony Ericsson, aliás, ainda chama a atenção de passantes, caso do publicitário Marcelo Guimarães que, na semana passada, fotografou e postou o grafite da Sony no site BlueBus. Consultado sobre o assunto, o secretário municipal das Subprefeituras de São Paulo, Andrea Matarazzo, não titubeou: ‘Grafite como meio para publicidade não pode. Em pouco tempo, a cidade voltaria a ficar poluída como na era dos outdoors.’ Para ele, só deve ser autorizado o grafite espontâneo, sem vínculos comerciais.


No início do ano, a Motorola também apostou nas artes gráficas para divulgar seus celulares. Embora a ação fosse global, caiu como uma luva em São Paulo, onde, em janeiro, já era restrito o uso de peças de mídia exterior. Cerca de 70 muros da cidade de São Paulo foram ilustrados com um papel criado pelo designer americano Joshua Davis. A ação, concebida por uma agência inglesa, foi trazida ao Brasil pela Espalhe.


‘A imagem criada por Joshua, inspirada na estética dos caleidoscópios, era também o papel de tela usado no celular e permeava toda a campanha’, diz Gustavo Fortes, diretor de planejamento da Espalhe. É possível que muita gente que circulou no entorno das ruas onde a ação aconteceu não tenha sido atingida pela mensagem, já que não havia menção à marca. Mas o público jovem, com quem a Motorola queria se comunicar, provavelmente entendeu o recado.


PROCESSO


Reportagem publicada recentemente na revista inglesa The Economist expôs o medo das grandes empresas de mídia exterior com a onda de proibições de outdoors, reforçada pela boa aceitação da medida pela população de São Paulo. A maior delas, a americana Clear Channel, presente em mais de 50 países, anunciou a disposição de processar a prefeitura paulistana. Matarazzo não se abala diante da ameaça e aposta que o futuro da mídia exterior é mesmo desaparecer.


Embora pareça clara a necessidade de se buscar alternativas, há um perigo embutido nessas novas ações, segundo o mentor de estratégia do Grupo NewComm, Walter Longo. Para ele, se não houver identificação entre o produto e a mensagem, o esforço pode redundar em um enorme fracasso. ‘Marcas não associadas ao universo desse tipo de iniciativa correm o risco de perder identidade’, diz. ‘As ações podem ser moderninhas, mas sem nexo para como a empresa é percebida.’’


 


MÚSICA
O Estado de S. Paulo


MTV Latina premia artistas no México


‘Em um evento marcado pela desorganização e improviso, a MTV Latina entregou na noite de sábado os prêmios aos melhores artistas do ano, na Cidade do México. A banda britânica The Cure abriu a festa, que foi interrompida por 15 minutos por problemas técnicos causados por um chuva artificial no palco. Os mexicanos Belinda (melhor artista-solo e vídeo do ano), Camila (melhor artista novo norte e revelação) e Maná (melhor grupo e artista do ano) foram os destaques latinos. Já a cantora canadense Avril Lavigne levou para casa outros dois troféus (melhor artista pop internacional e canção do ano).’


 


TRAPALHÕES
Alline Dauroiz


Ô da poltrona


‘Está previsto para o próximo mês, pela Editora Matrix, o lançamento do livro-reportagem Os Adoráveis Trapalhões, de Luís Joly e Paulo Franco, os mesmos autores de Chaves: Foi Sem Querer Querendo? A nova obra, aliás, surgiu da vontade de retratar um fenômeno humorístico brasileiro similar ao do garoto pobre mexicano.


‘Os Trapalhões é referência no Brasil em termos de humor genuinamente simples, muito parecido com a graça inocente de Chaves’, explica Joly. A idéia de um livro dedicado ao quarteto na TV é pioneira no País.


Os Adoráveis Trapalhões traz curiosidades pouco exploradas na memória do grande público, como o fato de o primeiro trapalhão ter sido o galã da Jovem Guarda Wanderley Cardoso. Depois, uniram-se ao cantor para a primeira formação do grupo, Ted Boy Marino, Ivon Cury e, por último, Renato Aragão.


Mas engana-se quem pensa que vai encontrar detalhes sobre as picuinhas mais recentes entre Didi e Dedé ou entre eles e os familiares de Mussum e Zacarias. ‘O livro fala exclusivamente sobre a origem, o auge e o fim de Os Trapalhões, que acabou oficialmente em 1995’, adianta Joly.’


 


INTERNET
Angela Lacerda


Blog contabiliza mortos em Pernambuco


‘Criado em maio por quatro jornalistas pernambucanos, o blog PEbodycount (www.pebodycount.com.br) recebe na próxima quinta-feira o prêmio Vladimir Herzog na categoria internet, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Em cinco meses de existência o site recebeu 2 milhões de pageviews e uma média de 20 mil visitas mês. Não se trata de um campeão de audiência na web, nem este é seu objetivo. Sua motivação é a determinação de fazer do blog um facilitador da discussão e enfrentamento da violência. Ele já é o segundo com maior destaque em Pernambuco, de acordo com o ranking de referência de blogs Technorati. O nome do site vem da expressão em inglês para ‘contagem de corpos’.


Eduardo Machado, João Valadares, Carlos Eduardo Santos e Rodrigo Carvalho, jornalistas do batente na cobertura da área de segurança pública, se inspiraram nos sites Iraqbodycount (www.iraqbodycount.org, criado em 2003 para contabilizar os mortos durante a recente Guerra do Iraque) e Riobodycount (www.riobodycount.com.br, criado pelo cartunista carioca André Dahmer – autor da tira Os Malvados – e atualmente fora do ar) e para dar vida ao PEbodycount.


A versão pernambucana, no entanto, nunca se limitou a contar os mortos em matérias publicadas na imprensa, como funcionava o do Rio, por exemplo. Além de contabilizar os mortos, eles vão atrás da história por trás de cada morte e dos dramas vividos pela população de um dos Estados mais violentos do País, com análise e textos para reflexão. O site também abre espaço, sem censura, para depoimentos e denúncias de quem já sofreu ou convive com algum tipo de violência, através do link Eu, Vítima. ‘O blog é como uma reportagem de fôlego, uma grande reportagem’, compara Valadares.


Independente e sem fins lucrativos, o blog é como uma pedra no sapato. A cada morte computada – de sua inauguração em maio deste ano até a semana passada o número estava próximo das 2 mil mortes- os rapazes reforçam a cobrança por ação e a busca por saídas coletivas. Eles não deixam o governo estadual, as prefeituras, as instituições e a sociedade esquecerem, por exemplo, que Recife é a quinta capital mais violenta das Américas (segundo pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a capital brasileira com maior número de homicídios (de acordo com a Organização dos Estados Íbero-americanos).


Também não entendem, por exemplo, porque a prefeitura da cidade não aborda a questão, preferindo se ater ao aspecto do ‘Recife capital e berço de cultura’ – sem desmerecer a cultura. ‘Não queremos estudar o maracatu, o cordel ou Chico Science, queremos discutir o assunto mais importante de Pernambuco que é a violência’, diz Eduardo Machado, ao destacar que o papel do blog não é o da crítica pela crítica. ‘Queremos ir adiante, queremos fomentar o debate, lutamos por transparência’, complementa Rodrigo Carvalho.


As atividades vão além do mundo virtual. No lançamento do PEbodycount, no dia primeiro de maio deste ano, o advogado e ex-secretário de segurança de Bogotá, Hugo Acero, foi o convidado para expor sua experiência na Colômbia. Na semana passada, ao lançar o projeto-piloto Marcas da Violência, o blog convidou o ex-capitão Rodrigo Pimentel, roteirista do filme Tropa de Elite, para uma palestra. Marcas da Violência consiste na pintura em vermelho do contorno de um corpo caído ao lado da palavra ‘basta’ no chão de locais onde pessoas foram assassinadas no Recife. ‘É o blog no asfalto’, define Carlos Eduardo Santos.


Dividindo-se entre o blog, o trabalho em jornal e cursos de pós-graduação os produtores do PEbodycount têm como meta para o futuro próximo fazer do blog um braço de uma organização não-governamental, cujo nome já está escolhido: CLIP (Centro Brasileiro para a Livre Informação Pública). É inspirado no Center for Public Integrity, que funciona em Washington e reúne 30 jornalistas que se dedicam ao jornalismo investigativo, sem patrão, sem prazo e com recursos.’


 


O Estado de S. Paulo


‘The Economist’ põe seu acervo na rede


‘A revista semanal inglesa ‘The Economist’, uma das mais tradicionais de economia do mundo, irá disponibilizar na internet todo o acervo de textos dos 160 anos de existência da publicação, que nasceu em 1843. Serão mais de 600 mil páginas digitalizadas, que poderão ser pesquisadas por assunto, data, seção, etc. O serviço deve ser lançado oficialmente em dezembro, quando passará a ser cobrado. Até lá, a revista promete disponibilizar versões gratuitas para teste.’


 


Pedro Doria


Os piratas apelam à lei


‘O trio de rapazes responsável pelo Pirate Bay, o maior site de pirataria da internet, decidiu dar um passo inusitado em sua antiga e dura briga com grandes estúdios e gravadoras. Eles entraram numa delegacia policial de sua Suécia natal e prestaram queixa contra Sony, Fox, Universal e EMI. Acusam todas de conspirar para a sabotagem de seus sistemas.


Isso mesmo: os piratas contra-atacam.


Ali no primeiro parágrafo escrevi que o Pirate Bay é o maior site de pirataria da internet – mas não é exatamente isso. Pirate Bay é um índice. Em seus extensos arquivos estão os endereços na rede de trocas BitTorrent para filmes, músicas, discos inteiros, softwares vários que, utilizando algum programa que entre nessa rede, poderão ser baixados. O site mostra o caminho para quem busca o arquivo pirata – mas não o entrega.


Acontece que, em meados deste ano, um hacker conseguiu copiar todos os e-mails enviados por um dos responsáveis pela empresa MediaDefender. O objetivo dessa empresa – defender a mídia, naturalmente – é cumprido com ataques propositais às redes de troca. Espalha, por exemplo, arquivos que levam o nome de filmes famosos mas que, na verdade, não contêm nada. O pirata fica horas baixando e, no fim, recebe nada.


Não apenas: MediaDefender faz ataques para derrubar servidores e, há quem insinue, espalha softwares para troca de arquivos que servem de cavalos-de-tróia. Espionam o computador de quem pirateia.


No meio dos e-mails vazados da MediaDefender estava a lista de todas as companhias que buscaram seus serviços. E é com base nestas provas que a trupe da Pirate Bay foi bater à porta da polícia.


Os rapazes do site-índice pirata são militantes políticos. De certa forma, anarquistas. Da maneira como vêem, a informação – toda informação – deve ser livre. O que eles ajudam a fazer, protegidos por uma extensa legislação de proteção à liberdade de divulgar idéias, é facilitar o acesso a informação, não importa se venha na forma de livros, filmes ou discos.


A grande indústria pode não gostar e tem suas razões. Mas a leitura feita por esse trio de suecos dos direitos criados pelas revoluções liberais é interessante. A livre expressão, nos tempos da internet, se encontra com a liberdade de ir e vir. Afinal, na rede, encontrar informação desejada é também o direito de ir onde se deseja na rede.


Talvez.


Os números são impressionantes. Todos os dias, 2 milhões de pessoas prestam visitas ao Pirate Bay. As redes de troca, atualmente, são responsáveis por 37% do tráfego na internet. Para se ter uma idéia, a web – que inclui noticiário, download de programas, vídeos nos YouTubes da vida, imagens mil – representam 39% do tráfego.


A briga não se encerrará aí. Pela primeira vez, os piratas estão tentando processar os donos do material. É possível que ganhem: nem todas as armas são válidas, e a contratação de hackers como se fossem mercenários digitais é tática de guerra suja.


Quando tudo terminar, em alguns anos, a maneira como pagamos por filmes e músicas, fatalmente, terá se transformado por completo.’


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