Frente à imoralidade que corrompe o cenário político nacional, parece quase impensável resgatar Aristóteles e o conceito de que a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana. Desgastados com a mesmice da corrupção, temos a nossa moral assolada, nossos direitos digladiados, nossa cidadania pisoteada. Engolimos a indignação como um pão nosso de cada dia que o Estado amassou. Mas quem compõe o Estado senão nós, cidadãos brasileiros?
O que nos abate é reflexo de nossa inação, de nosso descaso e da total ausência de interação, tanto entre o governo e a população, quanto entre os cidadãos brasileiros de um modo geral. Algo incompatível com a revolução colaborativa que vem chacoalhando os meios de comunicação e propiciando a multiplicidade do acesso à (e a troca de) informação.
É nesse cenário que novas iniciativas têm surgido com o intuito de dar voz ao ciberativismo, como uma alternativa de transpor o monopólio da opinião pública e a mídia como até então era produzida e veiculada. E o melhor: sem passar pela chacota de (des)usuários fakes que acomete sites de relacionamento e a web 2.0 de um modo geral.
Vide a iniciativa do site Democracia.com.br. Partindo do pressuposto de que sem informação não há democracia, a plataforma pretende promover a interação de forma nunca antes experimentada entre políticos, candidatos e cidadãos brasileiros. Por enquanto, apenas o blog está na rede, mas dentro em breve haverá debates, abaixo-assinados on-line e perfis de usuários cadastrados, bem como daqueles que ocupam ou ocuparam cargos eletivos, já perfilados antes mesmo do cadastro.
Como assim? É que a versão anterior do site funcionava como uma espécie de banco de informações aprofundadas sobre a vida política de nossos ilustres representantes, além de enquetes virtuais. Repaginado, o Democracia.com.br volta à tona com a importante missão de revolucionar a vida política do país e dar voz, também, à inclusão digital.
Que tal pôr as ‘mãos na massa’?
Mais pelo conteúdo do que pela usabilidade e interatividade, o Fala, Brasil! também funciona basicamente através da pluralidade da produção de conteúdo. Com colunistas que ‘não têm medo de controvérsia nem de escrever com inteligência’, como auto-escancara, o portal traz textos de nomes expressivos do cenário político nacional, como Cristovam Buarque e Alberto Dines, e propicia a interação dos internautas com os autores e entre si, através de comentários e livre troca de opiniões. Há controvérsia? Pouca. Talvez por não ser lá tão interativo assim: nem todos podem inserir artigos no portal. Mas vale (e muito!) pelo poder de formar massa crítica e consciência política, tão escassas atualmente quanto a ararinha azul em extinção.
Há opções para todo tipo de ciberativismo. Até mesmo divertidas. Ou então, digamos, trajadas com nariz de palhaço. Não, não se trata de menosprezar a iniciativa. É que o Não Sou Palhaço funciona exatamente assim. Mais de 1.500 internautas já estamparam suas fotos com acessórios de arlequim e desceram o teclado contra a corrupção e o abuso dos políticos brasileiros. Com navegabilidade prática e divertida, o site permite que em poucos minutos você também alardeie a sua indignação.
Indignados, todos estamos. Mas nem sempre fazemos a nossa parte. Falta de tempo? Preguiça? Ou desinformação? É hora de compartilhar conhecimento. Ao invés de ‘mãos ao alto’, que tal as ‘mãos na massa’?
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Jornalista, Rio de Janeiro, RJ