Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Diego Assis

‘Uma casa, seus habitantes, alguns atores e, claro, uma dúzia de câmeras filmando a rotina desse povo todo durante 24h por dia. Não, este não é o próximo ‘reality show’ da televisão: é o novo game que vem sendo desenvolvido por uma rapaziada de Recife com o título sugestivo e obviamente provisório de ‘The Truman Show’.

Livremente inspirado no filme em que Jim Carrey interpreta, sem saber, o personagem principal de seu próprio ‘reality’, o jogo pretende emprestar ainda algo da bem-sucedida fórmula do jogo ‘The Sims’: a principal atividade do jogador será se relacionar com os outros personagens da história ou, como dizem no ramo dos games, trata-se de um ‘jogo de relacionamentos sociais’.

‘Uma das coisas que o ‘The Sims’ não tem e todo mundo sente falta é roteiro. Ele é muito mais um brinquedo do que um jogo, não há um objetivo para você cumprir’, aponta Jeferson Valadares, 28, game designer e sócio-fundador da Jynx Playware, empresa criada há cerca de três anos no coração do Porto Digital de Recife.

Ao acrescentar uma pitada de ‘reality show’ ao jogo, Valadares cria o que chama de ‘uma ferramenta de contar histórias’. ‘A idéia é que o jogador construa o roteiro do seu próprio jogo com o objetivo de aumentar a audiência do ‘programa’, explica. ‘Ele vai ter que ficar gerando intrigas, estimulando relacionamentos, criando sempre coisas interessantes para que o público goste.’

Num primeiro momento -o jogo está sendo desenvolvido inicialmente como uma ‘demo’ para ser apresentado em agosto na Games Convention da Alemanha-, serão quatro os atores/jogadores entre os quais você, caro diretor, poderá escolher: a fofoqueira, o estudioso, a atleta e o agressivo. Quem dá mais ibope?

‘Nosso parâmetro é fazer algo tão bom quanto o ‘The Sims 2’, arrisca Valadares. Só para ter uma idéia, toda a linha de ‘The Sims’ -que inclui uma série de ‘expansões’, que ajudam a dar nova cara aos cenários e personagens- já vendeu mais de 22 milhões de cópias no mundo todo. Algo parecido, por exemplo, com o que o álbum ‘Thriller’, de Michael Jackson, conquistou.

Projetado com a mesma tecnologia usada pelos criadores de ‘Grand Theft Auto: Vice City’, um dos principais sucessos dos games do ano passado, tanto por jogadores quanto por críticos de arte, que o premiaram como o melhor ‘design’ de jogo de 2003, o jogo da Jynx promete não deixar a desejar no quesito acabamento.

Além dos programadores, estão empregando roteiristas, para traçar o perfil psicológico dos personagens, desenhistas, animadores e, se necessário, pretendem até testar em breve a tecnologia Mocap, a mesma usada em ‘Matrix’ para captar os movimentos de atores reais e transformá-los em arquivo digital pronto para ser animado e remodelado.

‘Jogos são a nova mídia. É uma linguagem que, para muitos, já significa mais do que as outras. Quando lançou ‘Underworld’ nos EUA, a Sony fez um mod [versão alternativa] do ‘Half Life’ [um dos jogos on-line mais populares do momento] para usar como propaganda do filme. Você baixava no site deles e, no lugar de lutar contra terroristas do ‘Half Life’, enfrentava vampiros tirados do filme’, conta Valadares.

Papo de gamemaníaco? No começo do mês, o instituto de pesquisa Nielsen abriu uma divisão só para pesquisar o impacto dos anunciantes ‘dentro’ dos videogames. É que pesquisas recentes mostravam uma queda de audiência, principalmente de homens entre 18 e 34 anos, no horário nobre da TV americana. Foram analisar e descobriram o que muitos já desconfiavam: eles estavam jogando. Abre o olho, Bial!’



KAJURU & PUGILATO
O Fuxico

‘Quiprocó esportivo: Pugilista parte pra cima de Kajuru durante programa ao vivo’, copyright O Fuxico (http://ofuxico.uol.com.br/noticias/notas_123432.html), 29/04/04

‘Durante participação ao vivo, na primeira edição do ‘Esporte Total’, da Bandeirantes, o pugilista Mario Soares, o Marinho, perdeu a compostura ao ser acusado de covarde pelo apresentador Jorge Kajuru, que o definiu como culpado pela internação de seu oponente e questionou severamente seu profissionalismo.

Kajuru ‘entrevistava’ Maurinho sobre a luta que aconteceu no ultimo sábado, quando derrotou Garrido por nocaute, após derrubar seu adversário com uma seqüência de golpes que o deixou caído, desacordado na lona. Com a queda, o adversário bateu a cabeça no solo e foi internado às pressas no Hospital São Paulo, onde esta em estado de coma induzido na UTI.

Vai encarar?

Cutucado com vara curta, Marinho se inflamou. Levantou-se de seu lugar e partiu pra cima de Kajuru para tirar satisfações. Visivelmente nervoso, colocou o dedo no nariz do jornalista e a discussão ganhou ar de briga de boteco. As cenas inesperadas pegaram a equipe do programa de surpresa e foi possível ver, ao fundo, o diretor de jornalismo da emissora, Fernando Mitre (no detalhe da foto), circular desnorteado pelo estúdio.

Boa parte da briga foi transmitida e tinha tudo para terminar em sopapos. O meio-pesado partiu para cima do apresentador colocando o dedo em seu nariz e utilizando adjetivos nada carinhosos para definir sua postura. O apresentador não abaixou a cabeça, mas deu bons passos pra traz. Rapidamente a transmissão foi cortada para os intervalos comerciais e na volta, já com Mario Soares fora do estúdio, Kajuru não tocou mais no assunto. Abaixo você encontra o texto integral do quiprocó televisivo:

Marinho: ‘Calma, calma, você quer me punir embasado em que?’

Jorge Kajuru: ‘Embasado no fato de que você não precisava dar os dois últimos socos nele. Ele já estava caído…!

M: ‘Calma, isso é burrice, você é burro. Não precisa entender de boxe, tudo bem, mas isso é burrice. Minha missão é nocautear meu adversário. Quem é você para me chamar de covarde?

JK: Você me chamou de burro e eu chamo você de covarde’

M: ‘Calma ai! Não, não… Sou um esportista e profissional, aquilo é uma luta profissional e não tem esta de querer matar. Se você acha que sou covarde, vem aqui me mostrar. Se você é tão homem assim’ (Marinho se levanta e parte pra cima de Jorge Kajuru). ‘Você é burro!’

JK: ‘E você é covarde’

M: ‘Covarde é você… Eu quero ver você ter coragem de subir lá! Seu frouxo! Não vem me chamar de covarde.

JK: ‘Você me chamou de burro…’

M> ‘Quem é você, heim???’

JK: ‘Eu sou jornalista…. Eu não tô correndo não. Eu to aqui. Você quase matou ele, rapaz. Na minha opinião, pra que fazer isso?’

M: ‘Ah, vai pra PQP, seu trouxa… Você e louco, só é homem porque está na televisão…’.

JK: ‘Eu não, estou aqui, eu sou jornalista’

M: ‘Eu tenho 21 lutas… Não me chama de covarde porque eu estava lá. Seu bunda mole, seu frouxo!’

Audiência

O barraco entre o lutador e o jornalista não conseguiu fazer milagres na audiência. Exibido das 12h00às 13hs, a segunda-edição do ‘Esporte Total’ ficou em 3o lugar com media de 3 pontos segundo medição do IBOPE. Confira o ranking da audiência durante o programa, segundos dados do IBOPE e DATANEXUS:

IBOPE

Globo – 13

SBT – 9

Record – Band – 3 (empatadas)

Cultura – 2

Gazeta, Rede TV (empatadas) – 1

Share: Durante o programa, 36% dos aparelhos aferidos pelo IBOPE estavam ligados.

DATANEXUS

Globo – 13

SBT – 7

Record – Cultura- 3 (empatadas)

Band- 2

MTV – 1

Share: Durante o programa, 36% dos aparelhos aferidos pelo DATANEXUS estavam ligados.

Nota da redação: A cópia da reportagem exibida, utilizada para checagem dos dados, foi obtida através da empresa de consultoria ‘Controle da Concorrência’.’



PÂNICO NA TV
Esther Hamburger

‘‘Pânico’ desconstrói técnicas televisivas’, copyright Folha de S. Paulo, 28/04/04

‘Dado Donabella adverte: ‘Vocês não podem acreditar no que vêem na televisão!’.

O ator participava de ‘Pânico’, o humorístico-jornalístico-variedades diário da rádio Jovem Pan FM que faz sucesso também na TV. A versão televisiva semanal do show do curioso grupo de jovens paulistanos já é o programa mais assistido da Rede TV! -apesar do horário concorrido de domingo, início de noite.

‘Televisão é uma maravilha, a gente inventa qualquer negócio’, insistiu o ator que se defendia de uma fofoca indiscreta criada pela produção.

A TV adora falar de si mesma. ‘Pânico’ não foge à regra. A utilização tosca de efeitos do espetáculo audiovisual dá a tônica do programa, que se estabelece como lugar de comentário irreverente sobre o próprio repertório televisivo.

Uma legenda improvisada no pé da tela comenta com agilidade as imagens, fazendo versão popularesca da convenção dos canais de notícia a cabo.

A violência que aparece com destaque nos telejornais ganha paródia. No quadro ‘A Hora da Morte’, curta trash de aventura, estrelado por personagens mascarados, não é preciso espremer. O sangue jorra -por exemplo de um saco plástico abastecido diretamente em um açougue.

O repórter-personagem ‘Gil Couves’, alusão a Gil Gomes, comenta notícias de destaque na semana, como a agonia do ídolo Maradona.

O programa de TV complementa o de rádio. Mostrando melhores momentos da semana, o grupo revela o visual que não aparece na performance no rádio. O galã Henri Castelli tasca um ‘beijo técnico’ em dona Inês, para constrangimento da comedida senhora, copeira da emissora, personagem eventual do programa.

O humor barato de ‘Pânico’ vai na linha de experiências consagradas, como a do concorrente Faustão da fase de ‘Perdidos na Noite’, ou a da turma do ‘Casseta & Planeta’, especializada em ironizar personalidades da política e da televisão.

‘Pânico’ é tosco e direto. O comentário avacalhado desconstrói, pela margem, técnicas convencionais de armação televisiva. Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP PÂNICO NA TV. Quando: domingo, às 18h30, na Rede TV!.’