Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Direto da Redação

JORNALISMO DO SBT
Leila Cordeiro

O jornalismo do patrão, 5/03/07

‘Não é minha intenção vangloriar-me por ter acertado em cheio as previsões que fiz aqui no Direto da Redação. Há um ano e meio, quando Sílvio Santos contratou Ana Paula Padrão para ser a salvadora da pátria do jornalismo do SBT, destruído por ele próprio anos atrás, escrevi em 28 de agosto de 2005 um artigo com o título: ‘SBT Brasil: muito barulho e pouca novidade’.

A emissora anunciava um investimento fabuloso na nova equipe, desde o salário milionário da apresentadora até cenários e equipamentos de última geração, além da promessa da nova contratada de criar um ‘padrão’ de qualidade único para o novo jornalismo do SBT que seria estendido às afiliadas da emissora em todo o Brasil através de um ‘treinamento’ intensivo ministrado por ela própria.

Naquela ocasião, argumentei que credibilidade jornalística não se conquista da noite para o dia. E que uma andorinha só não faz verão. De que adianta investir pesado num só produto se ele não é alanvacado por outros do mesmo calibre? O SBT Brasil, sofisticado e cheio de propostas inovadoras, perdeu-se em meio a uma programação popularesca bem aos moldes da emissora da Anhangüera.

Quase um mês depois, em dezoito de setembro de 2005, escrevi outro artigo sobre o assunto com o nome de ‘SBT Brasil…subiu de horário!’. Neste eu comentava que a mudança do telejornal de 7:15 da noite para 7:45 já era um sinal de intromissão de Silvio, o que significava um precedente perigoso para Ana Paula, que chegou a exigir em contrato que a hora de exibição de seu telejornal não passasse das dez da noite.

A partir daí, Ana Paula perdeu o controle sobre sua criatura. O dono do baú desgostoso com os baixos índices do telejornal resolveu pessoalmente botar ‘a mão na massa’, na tentativa de recuperar o tempo e os números perdidos. E lá se foi a tão prometida independência do jornalismo do SBT.

O que aconteceu com Ana Paula repete-se agora com Carlos Nascimento, outro ex-global, que apesar de respeitado profissional não deslanchou na emissora de Silvio Santos. Nas colunas especializadas comentou-se que a intenção de SS ao contratar Nascimento era realizar um antigo desejo de ter um casal de apresentadores na bancada de seu principal telejornal. Um desejo difícil de se realizar porque Ana Paula sempre gostou de brilhar sozinha. De qualquer maneira, antes que o barco afundasse de vez, ela pulou fora alegando que queria ser ‘produtora independente’ e ter um programa de reportagens especiais. Dela não mais se ouviu falar.

Depois de passar um tempo encostado no jornal de fim de noite, com a saída de APP Nascimento subiu de prestígio indo ancorar o jornal do horário nobre. Mas como no SBT alegria de funcionário dura pouco, o insatisfeito Silvio Santos não deixou que Nascimento ‘voasse solo’ por muito tempo.

Nesta segunda-feira, por determinação expressa do ‘patrão’, Nascimento vai dividir a bancada do SBT Brasil com Cintia Benini, que durante algum tempo apresentou o apelidado ‘telejornal das pernas’, em que ela aparecia junto com outra apresentadora de mini-saia num cenário próprio para a ocasião.

Nascimento não se pronuncia, mas nos corredores comenta-se que ele, trancado em sua sala, não está nada feliz com o rumo dos acontecimentos. Resta saber até quando ele agüentará a humilhação imposta por SS.

Não sei se será desta vez que Sílvio vai aprender a lição. Contratar profissionais da Globo não siginifica que eles vão trazer junto a audiência que tinham. Na Globo, a audiência é da emissora. Os profissionais são apenas peças que podem ser trocadas sem que os índices se modifiquem.

(*) Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e na CBS Telenotícias Brasil, como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros publicados.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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