Uma coleção de documentos do século 19, recentemente adquirida pela Associated Press, revela que a maior agência de notícias do mundo foi criada dois anos antes do que acreditavam historiadores e a própria AP.
Os papéis foram doados ao arquivo da agência por Brewster Yale Beach, tataraneto de Moses Yale Beach, por sua vez segundo publisher do New York Sun e principal força na criação da aliança de jornais que viria a formar a AP. Eles mostram que, em maio de 1846, Beach ofereceu a jornais rivais o compartilhamento de notícias sobre a guerra dos EUA contra o México.
O acordo resultante da proposta formou a base para a cooperativa de troca de notícias via telégrafo – na ocasião, a revolucionária invenção de Samuel F.B. Morse começava sua expansão em território americano, ligando Nova York a pontos ao norte, oeste e sul do país.
Historicamente, afirmava-se que a agência tinha como data de origem maio de 1848, durante um encontro de publishers de Nova York no escritório do Sun. Mas os documentos de Beach provam que o primeiro encontro se deu dois anos antes, para discutir a possibilidade do compartilhamento de notícias sobre a guerra.
‘Estes documentos são uma descoberta significativa, não apenas para registro histórico da Associated Press, mas porque reafirmam o papel fundamental da AP, cobrindo as notícias em tempos de guerra e paz, como previsto pelos jornais que a criaram’, afirma Tom Curley, atual presidente da agência.
Organização de informações
Já para estudiosos do assunto, os papéis colocam um ponto final no que o historiador Richard Schwarzlose havia classificado de ‘loucamente imprecisas’ e conflitantes informações sobre a origem da AP. Schwarzlose escreveu, em 1989, o livro The Nation´s Newsbrokers, onde aceitava a data de 1948 como início da agência; da mesma forma como a aceitou o ex-executivo da AP Oliver Gramling, autor do livro AP: The Story of News, de 1940, que passou a seu usado como história oficial da agência.
O documento-chave nos papéis de Beach é um memorando de 1872 assinado pelo filho de Moses, Moses Sperry Beach. Nele, é descrito o acordo de 1846. Na época, cinco jornais se uniram na aventura: além do Sun, o Journal of Commerce, o Courier and Enquirer, o New York Herald e o Express.
Hoje, a AP emprega quatro mil pessoas e distribui notícias para mais de 130 países e um bilhão de leitores, ouvintes e telespectadores. Segundo artigo de Richard Pile [AP, 31/1/06], um grupo de 20 jornalistas e pesquisadores trabalha atualmente em uma nova história da agência, com o objetivo de atualizar a versão de Gramling.