Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Dois jornalistas assassinados em três dias

Dois assassinatos de jornalistas em três dias tiveram pouca repercussão na imprensa, afora os registros de praxe. No sábado [16/10] à noite, Wanderlei dos Reis, dono do jornal Popular News de Ibitinga, interior de São Paulo, teve sua casa invadida por três homens. Depois de uma discussão seguida de agressões, um deles desferiu-lhe um tiro da perna direita. A bala rompeu a artéria femural, o jornalista passou por uma cirurgia no hospital da cidade, mas não resistiu. Morreu no domingo.


Na noite de segunda-feira [18/10], o jornalista e radialista Francisco Gomes, que também mantinha um blog, foi executado em frente à sua casa em Caicó, no Rio Grande do Norte. Dois homens em uma moto se aproximaram dele e atiraram à queima-roupa. Levado para o pronto-socorro, morreu enquanto era atendido.


Críticos


Em comum entre os dois crimes, o fato de as vítimas serem jornalistas críticos atuando em cidades médias, com cerca de 60 mil habitantes. O Popular News, de Ibitinga, é um jornal gratuito que produz reportagens polêmicas sobre a política local e os problemas do município. Já o potiguar Francisco Gomes era um ativo repórter policial em Caicó e, por causa de suas matérias, vinha sofrendo ameaças de morte motivadas pelas denúncias que fazia contra policiais corruptos e traficantes de drogas na região do Seridó.


Convém não esquecer de incluir nesta compilação macabra o assassinato do jornalista Luiz Barbon Filho, morto em maio de 2007 em Porto Ferreira, interior de São Paulo, com tiros de espingarda calibre 12 disparados por dois encapuzados. O crime continua impune.


De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, organização sem fins lucrativos com sede em Nova York, foram dezenove os jornalistas brasileiros assassinados entre 1994 e 2009, dezesseis dos quais comprovadamente mortos por motivo de sua atividade profissional, isto é, cumpriram o seu dever e pagaram com a vida por isso. São números preocupantes. Que pelo menos sirvam para acionar os alarmes da cidadania.