Depois de um ano de 2011 marcado pelo assassinato de cinco jornalistas – dos quais três por motivos comprovadamente relacionados com sua profissão –, a imprensa brasileira já conta um morto em 2012, na pessoa de Laércio de Souza. Este trabalhador da estação Rádio Sucesso, em Camaçari, no estado da Bahia, sucumbiu aos tiros de dois indivíduos a 3 de janeiro, na localidade de Simões Filho. O assassinato veio na sequência de ameaças enviadas ao celular da vítima, alguns dias e até horas antes do crime, supostamente provenientes de traficantes locais.
“Até ao momento, nada permite estabelecer uma relação direta entre as atividades jornalísticas de Laércio de Souza e seu assassinato. Porém, esta tragédia deve ser vista pelas autoridades como um sinal e levá-las a reforçar a exigência da luta contra a impunidade após um ano negro para a imprensa brasileira, em especial nas regiões do Norte e do Nordeste, nas quais continua sendo perigoso denunciar a corrupção e os diferentes tipos de tráfico. Esperamos que este novo caso seja rapidamente elucidado. Expressamos toda nossa solidariedade à família e aos colegas de Laércio de Souza”, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Laércio de Souza estava dirigindo uma obra social para a comunidade local num terreno que lhe pertencia, em Simões Filho, quando dois indivíduos armados dispararam sobre ele, aproveitando a ausência momentânea de seu irmão, que o acompanhava. O jornalista, atingido por três tiros na mão e na cabeça, terá sido executado numa casa vizinha onde se tentou esconder, segundo depoimentos divulgados pela imprensa. De acordo com a tese dos investigadores, os projetos sociais da vítima incomodavam algumas pessoas ligadas ao crime organizado. A análise do celular do jornalista deverá permitir comprovar essas suspeitas.
Igualmente citada pela imprensa, a produtora daRádio Sucesso, Aline Marques, não fez nenhuma referência a ameaças relacionadas às atividades de Laércio de Souza no serviço da estação. Assim, a pista profissional foi por agora colocada de parte.
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