“Como o plano de demissões voluntárias no Washington Post,o quinto nos últimos nove anos, afeta a qualidade da publicação?”, indaga, em sua coluna [10/2/12], o ombudsman do diário, Patrick B. Pexton. Não se sabe ainda quantos profissionais deixarão o jornal. O Washington-Baltimore Newspaper Guild, sindicato que representa muitos funcionários do Post, avalia as condições, o jornal as divulga e os funcionários têm 45 dias para decidir se optam pelo plano.
Este é um plano de demissões destinado a alguns departamentos específicos, como uma tentativa de cortar custos, mas também um esforço para remodelar a redação. Ele também revela algo sobre a estratégia do jornal. O Post espera que de 33 a 48 pessoas deixem o emprego de maneira voluntária, do total de quase 600 funcionários, segundo estimou o editor-executivo Marcus Brauchli. O número parece pequeno – se 48 pessoas saírem, representará 8%.
Mudanças
Dentre as áreas protegidas estão as que representam a missão do Post: política nacional e governo, segurança nacional e internacional, editorial e opinião, colunistas esportivos, de notícias, de estilo e críticos de arte, as seções Sunday Outlook e os guias Weekend e Going Out. No entanto, podem ser reduzidas seções como a metropolitana, que cobre o Distrito de Columbia, Maryland e Virginia e pode perder nove pessoas de uma equipe de 100. Muitos leitores temem que a cobertura local fique prejudicada.
Da unidade especial investigativa – sete repórteres que se dedicam reportagens investigativas longas –, três podem ir. Revisores não estão sendo alvo como nos planos de demissão voluntária anteriores, mas, ainda assim, o departamento pode perder três pessoas. Designers gráficos e digitais não estão elegíveis para o plano, mas pessoas que diagramam as páginas impressas e fotógrafos estão. Isto pode significar menos variedade no design no jornal e mais fotos de agências. O departamento pode perder sete pessoas. Quase todos os colunistas estão protegidos, mas o ombudsman avalia que 21 repórteres e editores podem ir embora – das seções de economia nacional, saúde, ciência e meio ambiente, estilo de vida, esporte e notícias locais.
Na opinião do ombudsman, ainda assim a redação do Post é, de longe, uma das maiores do país, sendo ainda maior do que durante a era Watergate. Mas Pexton se preocupa com o fato de o jornal se distanciar das notícias locais e ir em direção a uma cobertura mais voltada à política nacional e que dependa muito de colunistas.
O argumento de corte de custos é persuasivo. A receita e os lucros estão em baixa, mesmo com a diminuição do declínio da tiragem impressa e aumento do tráfego online. Este é um ano caro, segundo avalia Brauchli, com eleições nacionais e Olimpíadas a caminho – o que implica altos custos com viagens.