Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Na TV, defesa é “esquecida” e mídia, defendida

No julgamento de Lindemberg Alves, a TV busca algo mais do que audiência: distância do banco dos réus. Acostumados a tomar na veia o soro da repercussão de casos como esse, Datena, Sônia Abrão e seus genéricos passaram os últimos três dias se esquivando da defesa do rapaz, que pretende colocar em julgamento o papel da mídia no episódio.

“O julgamento não é da imprensa. Quem está sendo julgado é esse canalha”, bradou várias vezes José Luiz Datena em seu “Brasil Urgente” (Band). “Falar dos erros da mídia agora é fácil. A defesa está desesperada”, disse Datena.

Segundo a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, a cobertura da mídia atrapalhou o caso. Ao longo das mais de cem horas em que manteve a namorada Eloá Pimentel refém, o réu acompanhou tudo pela TV, ficou cercado por câmeras e helicópteros e chegou a falar ao vivo, por telefone, com Sônia Abrão, na Rede TV!.

Em seu julgamento, não foi diferente. Reconstituições do crime, helicópteros, links em toda a programação tomaram conta da TV.

Estratégia do desacato

Há três dias à espera de um desfecho, a TV viu a audiência de seus jornalísticos crescer em um ou dois pontos e não demorou a dar seu veredicto. Pipocaram especialistas, juristas e curiosos de plantão dispostos a desqualificar a estratégia de defesa e, consequentemente, a advogada de Lindemberg.

“Essa é a defesa mais equivocada que já vi na vida”, disse um especialista no A Tarde É Sua (Rede TV!). “Ela tem a estratégia de defesa de desacatar a juíza, ofender a imprensa. Essa senhora está extrapolando, não vai calar a nossa boca”, disse Datena.

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[Keila Jimenez é colunista da Folha de S.Paulo]