O governo de Minas afirmou na sexta-feira (19/4) que há indícios do envolvimento de policiais na morte de jornalistas na região do Vale do Aço e mudou a cúpula da Polícia Civil na região.
“Existem indícios da participação de policiais civis em alguns desses episódios”, afirmou, sem dar mais detalhes, o delegado-corregedor Elder Dângelo, em referência à morte dos jornalistas e a outros crimes na região.
O jornalista Rodrigo Neto e o repórter fotográfico Walgney Carvalho trabalhavam no jornal Vale do Aço, de Ipatinga. Faria foi morto em março e Carvalho, no domingo (14/4).
Neto trabalhava na apuração de ao menos 14 crimes nos quais há a suspeita de participação de policiais. Ele recebeu ameaças de morte.
A polícia disse que ainda não é possível determinar ligação entre as mortes dos jornalistas. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas já havia, porém, informado à Corregedoria da Polícia Civil que Carvalho corria risco de morrer.
Segundo o chefe da Polícia Civil, Cylton da Matta, ele foi ouvido, mas descartou necessidade de proteção.
Matta negou que haja um grupo de extermínio atuando na região – tese defendida pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.
O delegado-corregedor Dângelo assumirá, interinamente, a divisão que coordena o trabalho de seis delegacias regionais da região, além da unidade de Ipatinga.
Matta disse que as mudanças na cúpula da corporação irão “marcar uma nova fase da polícia na região”.
A morte dos jornalistas amedrontou profissionais e inibiu o trabalho da imprensa local. Matta disse que o exercício da profissão não pode ser ameaçado, e que o Estado oferecerá proteção a jornalistas que se sentirem sob perigo.
O chefe do Departamento de Homicídios de Belo Horizonte, Wagner Pinto, que comanda as investigações, disse que “em breve” as apurações serão esclarecidas.
Prisões
Dois policiais civis foram presos ontem sob suspeita de envolvimento em crimes na região do Vale do Aço.
A polícia, no entanto, não informou se eles tiveram relação direta com os assassinatos dos jornalistas e não divulgou seus nomes.
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Paulo Peixoto, da Folha de S.Paulo