O editor mexicano Miguel Angel Villagómez Valle foi executado quinta-feira, horas depois de ter sido seqüestrado no estado de Michoacán. Seu corpo foi encontrado na sexta-feira (17/10) no estado vizinho de Guerrero. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está investigando os possíveis vínculos entre a morte de Villagómez e seu trabalho como jornalista.
Villagómez, de 29 anos, era fundador do diário La Noticia de Michoacán, radicado em Lázaro Cárdenas, cidade situada na costa pacífica de Michoacán. O jornal é um tablóide regional que cobre regularmente criminalidade e política, assim como esportes e cultura.
Os familiares e colegas de Villagómez disseram ao CPJ que não estão seguros sobre o motivo do assassinato. No entanto, acrescentaram que há aproximadamente um mês Villagómez disse ter recebido um telefonema ameaçador em seu celular. Ele disse que a chamada foi feita por uma pessoa que pertencia ao Zetas, ex-soldados do exército que trabalham para o poderoso cartel de drogas do Golfo. Sua esposa, Irania Iveth Leyva Faustino, contou ao CPJ que ele advertiu a família para que permanecesse alerta.
‘Lamentamos a morte de nosso colega Miguel Angel Villagómez e instamos as autoridades estaduais e federais a investigarem o crime e a levarem os responsáveis à justiça’, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. ‘Exortamos o governo do presidente Felipe Calderón e os líderes do Congresso a responderem prontamente a esta onda de violência sem precedentes contra a imprensa, promovendo uma legislação que federalize os crimes contra a liberdade de expressão e de imprensa.’
Tráfico de drogas e crime organizado
Villagómez desapareceu por volta das 22h30 de quinta-feira, depois de sair do escritório do jornal para deixar dois colegas em suas casas, segundo as entrevistas efetuadas pelo CPJ com as forças de segurança locais, colegas do jornalista e a esposa de Villagómez. Eles informaram que esperavam seu retornou ao jornal, o que não aconteceu. A polícia estadual encontrou o corpo golpeado e baleado do jornalista por volta das 6h00 de sexta-feira em um depósito de lixo próximo a uma estrada na costa de Guerrero, a cerca de 50 quilômetros de Lázaro Cárdenas, onde vivia o jornalista. Seu carro ainda não havia sido encontrado. A polícia estadual não divulgou possíveis suspeitos ou pistas relativas à investigação. Villagómez era casado e tinha três filhos pequenos.
Poderosos cartéis de drogas e uma onda de violência sem precedentes associada ao crime organizado converteram o México em um dos países mais perigosos para a imprensa no mundo. Desde o ano de 2000, 23 jornalistas – incluindo Villagómez – foram assassinados, sete deles em represália direta por seu trabalho. Sete desapareceram desde 2005.
Segundo ‘Un Nuevo Frente en México‘, um informe especial do CPJ publicado em 2007, jornalistas foram assassinados, desapareceram, ou foram brutalmente agredidos em Michoacán devido à cobertura sobre o tráfico de drogas e a violência vinculada ao crime organizado.
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CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo