A discussão sobre a obrigatoriedade do diploma sempre existiu, na verdade, mas só começou a ganhar corpo depois que a juíza federal Carla Rister concedeu liminar (outubro de 2001) suspendendo a exigência. Contrariada em seus propósitos (até prova em contrário inconfessáveis), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) usa sua metralhadora giratória para atingir aqueles que, por dever de ofício, deveria proteger. Com o aval do Planalto e seus integrantes – na maioria, ardorosos defensores da liberdade de imprensa num passado não muito distante – tenta empurrar pela goela da sociedade, e sem nenhum pudor, Conselho de Jornalismo execrado até mesmo por grandes medalhões da imprensa.
Nada parece ser mais importante para essa descaracterizada e ‘ilegítima entidade’ (assim a chamou o colega Alberto Dines) do que o calor dos holofotes. Além de insistir na implantação do malfadado conselho, luta pela manutenção do diploma e conseqüente anulação do registro provisório, única vitória que os não-diplomados em Jornalismo conseguiram até o momento graças à sensibilidade dos juízes do Tribunal Regional Federal.
Poderíamos reunir aqui dezenas de argumentos contra a exigência do diploma, mas nos basta apenas lembrar o incipiente currículo hoje adotado nas faculdades de Jornalismo, a ridícula absorção dos formados no mercado de trabalho (menos de 10% consegue um emprego) e a falta de uma verdadeira vocação (ninguém pode ser fabricado num banco de escola).
Os jornalistas não-diplomados em Jornalismo não querem desrespeitar as leis, mas estarão prontos a contestá-las sempre que ferirem liberdades individuais. São contra o diploma, mas de maneira nenhuma contra o profissionalismo, a ética e a plena democracia. Sofreram as agruras causadas pela repressão, os maus tratos dos patrões e a sanha de cruéis ditadores. Passaram pelo ‘batismo de fogo’, por isso têm crédito de sobra para lançarem esta empreitada. Não são um ‘exército de párias’, como querem fazer parecer os ardorosos defensores do diploma. Muito pelo contrário. Defendem a separação do joio e do trigo, por entenderem que nada é mais nobre do que se exercer com dignidade a profissão.
É assim, preocupados com o nosso futuro – o STF em breve dará sentença final sobre o assunto e poderá causar danos irreparáveis, se formos impedidos de exercer nossas atividades –, que manifestamos nossa revolta pedindo a todos que sejam simpáticos ao movimento e que façam desde já a sua adesão.
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