Jornais e telejornais já começaram a ‘guerra das quotas’ a propósito dos projetos de lei relativos ao Estatuto da Igualdade Racial e da Lei das Quotas. As matérias publicadas refletem as posições aguerridas de dois grupos diametralmente opostos no tocante às estratégias para resolver o grave problema da desigualdade racial.
É preciso, no entanto, que a mídia não caia na armadilha de converter uma divergência metodológica num confronto extremado que venha a prejudicar os objetivos finais da nova legislação. Enquanto um grupo defende como primeiro passo a criação das quotas nas universidades para estudantes negros e indígenas, os antagonistas alegam que as quotas poderão tornar definitiva a separação racial, e preferem o sistema de percentuais para estudantes oriundos da escola pública.
Este é um debate inédito na vida pública brasileira que não pode ser desperdiçado. E justamente porque é um debate, não pode ser convertido num confronto entre duas facções. Debate é para debater, mostrar argumentos, pró e contra, e a mídia existe exatamente para isso, para iluminar, mostrar os dois lados e, não, para radicalizar os conflitos.
Para começar, sugere-se uma questão mais simples e menos explosiva: afinal quota escreve-se com ‘q’-‘u’ ou com ‘c’-‘o’, como a mídia por preguiça está preferindo?