Como avaliar os reflexos da atuação das TVs públicas na sociedade? Para responder a esta pergunta, as emissoras do campo público de radiodifusão pediram formalmente na quinta-feira (28/5), apoio do governo para a criação de um Instituto de Comunicação Pública Brasileira. O órgão, que teria gestão autônoma e independente, poderia colaborar com a troca de experiências entre as TVs e, especialmente, estudar a criação de métodos de aferição da audiência mais aderentes à realidade da radiodifusão pública.
‘A criação de um instituto de comunicação pública brasileira representa um importante suporte para que a TV pública ponha-se à mostra, com consciência, sem medo de ousar’, afirmam os signatários da Carta de Brasília II, documento resultante do II Fórum Nacional de TVs Públicas, encerrado na quinta-feira. Os participantes do fórum listaram aos representantes do governo e do Congresso Nacional presentes no encerramento do evento as atividades que o instituto terá. São elas:
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coordenar o levantamento do conhecimento e experimentações produzidas pelas TVs públicas, universidades e instituições de pesquisa;**
funcionar como um ambiente de discussão permanente para a repercussão e continuidade das reflexões que buscam configurar o campo público brasileiro de televisão;**
abrigar laboratórios, desenhados para refletir, pesquisar, avaliar e inovar sobre as questões centrais na construção dos modelos de comunicação desejados pelo campo público de televisão;**
estabelecer parcerias com universidades e instituições de ensino, pesquisa e produção, nacionais e internacionais;**
trabalhar como agente crítico dos caminhos propostos para o campo público de televisão;**
atuar no desenvolvimento de novas metodologias de análise de aferição de performance e qualidade que atendam aos princípios e objetivos para o qual a TV Pública foi criada;**
colaborar no desenvolvimento de informações e ferramentas para a prestação de contas junto à sociedade e seus patrocinadores.Medição específica
A necessidade de que as TVs públicas tenham um método específico de análise da audiência foi ressaltada por diversas autoridades presentes no evento. Ao apoiar a ideia, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, lançou mão de uma metáfora para explicar os problemas de as emissoras públicas utilizarem o sistema de medição de audiência das TVs comerciais. O ministro contou que, às vezes, por não achar uma chave de fenda em casa, acaba usando uma faca para apertar os parafusos frouxos.
O improviso funciona em um primeiro momento, mas os parafusos acabam afrouxando depois e a ponta da faca, entortando, continuou o ministro. E concluiu: ‘Se nós usarmos os instrumentos de medição da audiência que a TV comercial construiu, eu sinto que vamos estar usando a faca para apertar o parafuso’. ‘A migração desses instrumentos (da TV comercial para a pública) vai, certamente, entortar a ponta da faca’, arrematou, seguido por aplausos da plateia.
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Do Tela Viva News