Quando o tablóide britânico Daily Mirror reconheceu que o jornal publicou fotografias falsas de abusos de soldados a prisioneiros iraquianos, o editor, Piers Morgan, foi demitido. Já quando o Boston Globe percebeu que havia publicado fotos falsas e obscenas de abusos a um prisioneiro iraquiano – provindas, na verdade, de um sítio pornográfico –, o editor culpou um oficial local que chamou a atenção da mídia para as imagens. O jornal sensacionalista britânico tem padrões mais elevados que o conceituado Globe? Evidentemente, afirma Joseph Farah [WorldNetDaily, 17/5/04].
De acordo com o articulista, o Daily Mirror lidou com o assunto de maneira bem mais profissional. Não apenas pediu desculpas aos leitores – o que o Globe também fez –, como demitiu o responsável e reconheceu o dano que causou à reputação do Exército britânico. O jornal americano ainda não reconheceu esses danos, sendo que o erro aqui é ainda mais grave, já que os editores do Mirror realmente achavam que estavam publicando fotografias genuínas. De sua parte, os editores do Globe nunca acharam que suas fotografias fossem reais e nunca fizeram qualquer tentativa de determinar se eram autênticas. Se achassem que fossem reais, os editores teriam publicado as fotos em local mais proeminente que na segunda seção da segunda página, diz Farah.
Para o crítico, há algo sistematicamente errado com o Boston Globe para que imagens desse tipo sejam publicadas em qualquer parte do jornal em duas edições consecutivas. Enquanto os editores do jornal americano estão obcecados por problemas no Exército dos EUA que levaram aos abusos em Abu Ghraib, o editor responsável, Marty Baron, enfrenta uma séria crise na cultura de sua própria redação.
As imagens publicadas pelo jornal de Boston nunca vão desaparecer, afirma Farah, e completa: ‘Cópias das duas edições serão usadas por extremistas islâmicos como ‘provas’ futuras de abusos de soldados americanos – abusos estes que de fato não ocorreram’.