Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Estudos americanos expandem visão sobre demissões

Uma pesquisa nacional sobre o passado e o futuro do jornalismo americano, conduzida por David H. Weaver, da Universidade de Indiana, revelou que o número total de jornalistas nos EUA caiu de 122 mil para 116 mil entre 1992 e 2002 – com rádio e jornal impresso registrando as maiores perdas. À primeira vista, esta informação parece ser ruim para a indústria jornalística. No entanto, um olhar a partir de uma perspectiva mais ampla mostra que estes dados representam, na verdade, uma tendência de crescimento, noticiam Michael Schudson e Tony Dokoupil na Columbia Journalism Review [março e abril de 2007].

Considerando o aumento da população americana, o número de jornalistas cresceu 20% ao longo destas três décadas, se forem comparados os dados de Weaver de 2002, 1992 e 1982 com uma pesquisa de 1971 do sociólogo John Johnstone. O crescimento absoluto foi de 67% – de 70 mil jornalistas em 1971 para 116 mil em 2002.

Mudanças no mercado

No entanto, não é possível determinar se a queda a partir de 1992 é preocupante para a profissão ou apenas reflete mudanças nos padrões de emprego. É possível que repórteres de rádio e jornal estejam trabalhando também para outras mídias, incluindo TV, onde o número de cargos editoriais quase triplicou entre 1971 e 2002; eles podem ainda ter migrado para sítios de internet ou passado a realizar trabalhos como freelancer, duas categorias importantes não contabilizadas na pesquisa de Weaver.

Em relação à satisfação com o trabalho, o número de jornalistas que se dizem ‘muito satisfeitos’ com seus empregos chegou a 33% em 2002 – o primeiro aumento em 20 anos. Em 1971, o grupo dos ‘muito satisfeitos’ era de 49%.

Papel dos blogueiros

Uma outra pesquisa, de Wilson Lowrey, da Universidade do Alabama, avaliou o impacto dos blogs no jornalismo. O pesquisador coloca os blogueiros em uma situação de ‘rivais ocupacionais’ dos jornalistas e afirma que a relação competitiva entre eles poderia ‘beneficiar o público e a sociedade’ por pressionar os repórteres profissionais a ser mais precisos nas suas informações. Além disso, os blogueiros não têm a necessidade de atrair um grande número de pessoas nem de anunciantes, sendo livres para ser tendenciosos e opinativos.

No fim, destacam Schudson e Dokoupil, os estudos mostram que tentar estimar o número total de jornalistas nos EUA tornou-se, com as novas mídias, um problema de argumentação filosófica mais do que uma questão de metodologias de contagem.