Fotojornalistas egípcios organizaram um protesto no centro do Cairo por terem sido excluídos do parlamento depois da publicação de uma foto nada lisonjeira do primeiro-ministro comendo sementes de melancia. Cerca de 30 profissionais de jornais nacionais e agências de notícias internacionais colocaram suas câmeras nos degraus do sindicato de jornalistas e empunharam cartazes onde se lia ‘Nós somos as suas lentes, não nos deixe de fora’ e ‘Nossas câmeras revelam suas violações’.
A manifestação tinha mais um motivo: a perseguição policial a fotojornalistas que tentam cumprir seu trabalho no país. Muitos destes profissionais já tiveram câmeras apreendidas ou quebradas. Nas eleições legislativas de 2005, o fotógrafo da Associated Press Amr Nabil perdeu um olho quando foi atingido por um tijolo arremessado por um membro dos serviços de segurança durante uma manifestação. A exclusão do parlamento, desta forma, é vista pelos fotógrafos como apenas mais um ataque a seu trabalho.
Amendoim
A polêmica imagem foi sacada por um fotógrafo do diário independente al-Masri Al-Youm durante visita do primeiro-ministro, Ahmed Nazif, ao parlamento, na semana passada. O premiê saboreava amendoins e sementes de melancia durante a sessão. No dia seguinte, o presidente do parlamento, Fathi Surur, ordenou a proibição aos fotógrafos no local – eles podem permanecer apenas por cinco minutos antes de cada sessão parlamentar.
A imprensa do Egito – e, principalmente, os jornais de oposição – costuma publicar fotografias de flagrantes dos parlamentares dormindo, brigando ou falando ao celular durante as sessões. ‘Cinco minutos não serão o suficiente para que façamos o nosso trabalho’, afirma o fotógrafo Mahmud Shoeib, do diário estatal al-Gomhuriya, completando que as sessões parlamentares podem se tornar interessantes a qualquer momento. Informações da AFP [3/2/07].