Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Nossos jornais têm estranhos hábitos: nos feriadões, em vez de oferecer aos leitores trepidantes edições, oferecem matérias de gaveta, mornas, descartáveis. O Globo quebrou o tédio do último feriadão sem recorrer a nenhum passe de mágica, mas utilizando a mais antiga ferramenta jornalística: a reportagem. Três investigações conduzidas pelos repórteres do Globo acabaram com o domingo de muita gente e certamente vão agitar as próximas semanas. Se a moda pega, domingo vai ser dia de agito.
Por onde anda o caseiro Francenildo? Em que pé estão as duas ações indenizatórias que os advogados impetraram contra a Caixa Econômica e a revista Época? O caseiro estava sendo apresentado pela mídia como um herói popular, o homem humilde que derrubou o ministro mais forte do governo (Antonio Palocci) e arranhou a credibilidade do mais respeitado (Márcio Thomaz Bastos).
Tão logo noticiou-se a justa reação do caseiro, seu nome magicamente desapareceu da mídia. Isso teria acontecido se os advogados exigissem apenas uma indenização da Caixa Econômica Federal, deixando Época de lado? É uma hipótese, mas quando se busca a verdade as hipóteses não devem ser descartadas, sobretudo quando elas têm alguma lógica.
Surgem então algumas perguntas em outra direção: uma indenização milionária repara os danos morais e devolve a honra agredida? A ‘indústria da indenização’ não pode transformar-se num entrave à livre circulação de informações?
Uma coisa é certa: Francenildo Costa conquistou um lugar em nossa história política. Mas também pode entrar para a história da nossa imprensa.