Outro dia liguei a TV para assistir ao Jornal Nacional. Como os leitores já devem ter percebido, caso tenham assistido ao programa da Rede Globo nas últimas semanas, a emissora está veiculando reportagens especiais sobre a visita do papa. Nada mais justo: afinal, estamos em um dos países de maior população católica do mundo. OK, mas cobertura não significa subserviência.
Após uma notícia sobre os preparativos da visita de Bento XVI, William Bonner e Fátima Bernardes dão uma nota sobre um comunicado da Igreja ou de algum padre importante (não me lembro ao certo) condenando veementemente o homossexualismo. Os âncoras não expressam nenhuma opinião e seguem o jornal com mais uma reportagem relacionada com a visita do papa.
A Globo se gaba tanto de fazer novelas que tratam de temas como homossexualidade, mas é incapaz de emitir uma opinião contrária à parte retrógrada da Igreja; e ainda por cima veicula mais uma matéria de ‘oba, o papa está chegando’.
Rabo preso
Essa matéria – que veio na seqüência e deixou ensanduichada a nota sobre o homossexualismo, foi ridícula. É como se os apresentadores dissessem: ‘Não importa que a Igreja acha que os gays são doentes. O papa está chegando. Esqueçam. Não discutam. Deixem o preconceito dentro de vocês para sempre!’
Arrisco dizer que o preconceito contra homossexuais está mais arraigado em nossa sociedade do que o preconceito contra negros. Ainda ouvimos (e muitas vezes fazemos) piadinhas sobre os gays, sendo que qualquer tipo de preconceito é condenável da mesma maneira.
A Globo mais uma vez mostrou rabo preso e deixou de prestar um grande serviço à bandeira da igualdade, quando poderia ter criticado a fala do tal padre.
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Estudante de Jornalismo da Unesp, Bauru, SP