Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo tenta barrar livro de ex-agente do MI5

O governo britânico tenta impedir, na justiça, que um ex-agente de segurança do MI5, departamento do serviço secreto do Reino Unido, publique um livro com detalhes de operações e técnicas de recrutamento da organização. O caso começará a ser julgado esta semana, em sigilo, na Alta Corte de Londres. O juiz decidirá se a publicação poderá prejudicar a segurança nacional.


O autor do livro – que deverá se chamar Siberia, código usado pelo agente para sinalizar que sua vida estava em risco – trabalhou para a agência por mais de 15 anos. Após viver situações perigosas, desenvolveu estresse pós-traumático. Em seu período no MI5, ele conseguiu infiltrar-se com sucesso no Exército Republicano Irlandês (IRA) e mais recentemente recrutou agentes para infiltrar em grupos jihadistas que planejavam realizar ataques terroristas no Reino Unido.


Espiões escritores


Esta não é a primeira vez que o governo britânico tenta impedir a publicação de um livro sobre o serviço secreto. Em 1987, Peter Wright, ex-agente do MI5, tentou publicar detalhes de seu trabalho para revelar um traidor dentro do serviço de segurança. Posteriormente, o livro, intitulado Spycatcher, foi publicado no Reino Unido e vendeu mais de dois milhões de cópias; as tentativas de censura acabaram ajudando Wright a promover suas memórias.


Para evitar futuros problemas, o serviço secreto passou a exigir que seus funcionários assinassem cláusulas de confidencialidade nas quais concordam em não tornar pública nenhuma atividade da agência. Ainda não está claro, no entanto, se o ex-agente chegou a assinar este documento. O MI5 é um dos departamentos mais reservados da organização; dos cerca de três mil funcionários do serviço secreto britânico, poucos têm o privilégio de ser escolhidos para trabalhar no setor. Informações de Sean Rayment [Telegraph, 9/3/08].