Gabriel Priolli faz crítica veemente e ágil ao debate sobre o BBB (“O estupro da sensatez”) na costumeira travessia do deserto entre o Ano-Novo e o Carnaval, quando a grande fonte de noticiário, o governo, trabalha em marcha lenta, quando trabalha.
Entretanto, a polêmica sobre o que ele denomina factoide abriga um tópico relevante: o eventual estímulo ao consumo exagerado da droga legal álcool, tangenciado no texto.
Priolli prevê que o debate sobre a regulação da mídia eletrônica, inevitável em algum momento vindouro, será uma guerra, “considerado o desvario observado até agora nesse escândalo, a desproporção absurda entre um factoide ínfimo e suas repercussões astronômicas”.
É muito pouco provável.
Uma coisa é fofocar sobre um reality show, outra é queimar as pestanas informando-se e formando uma opinião própria, dispor-se a ouvir argumentos alheios, separar o que é preocupação válida do que é agitação das empresas em defesa da liberdade de batalhar por audiência usando qualquer meio, e do que é vocação dos poderes para tentar tutelar a sociedade. O tema é complexo. Obriga a pensar e estudar. Principalmente, dá trabalho. Mental.
Haverá talvez uma fogueira intensa, mas pequena, produzida pelos interessados diretos: governo, emissoras, igrejas de diferentes denominações, militantes, quiçá educadores e psicólogos.
As chamas só serão visíveis para a opinião pública se a mídia souber traduzir as polêmicas e mostrar aos cidadãos que diferença faz cada proposta para sua vida e a de sua família.
Não se conte com as emissoras de televisão para divulgar o debate. Essencialmente, como sempre, manobrarão para privilegiar de modo velado seus pontos de vista, ou, o que é bem raro, os defenderão abertamente (e de modo unilateral).