Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Homem forte da Time promete jornalismo estrelado

Quando foi nomeado ao cargo de chefe de redação da revista americana Time, em maio, Rick Stengel falou em contratar mais ‘estrelas’ do jornalismo que pudessem ajudá-lo a levar o título ao encontro de ‘pontos de vista mais fortes’. Na ocasião, Stengel enfrentava uma temporada de redução de despesas com 550 cortes de empregos. Alguns meses e reestruturações mais tarde, ele finalmente cumpre seu desejo inicial, trazendo nomes de destaque para as páginas da Time.

Michael Kinsley, ex-editor da Slate e da New Republic, e Bill Kristol, editor da Weekly Standard, assinarão colunas; o ex-chefe de redação da Time Walter Isaacson irá contribuir com ensaios sobre questões internacionais; David Von Drehle, veterano repórter e editor do Washington Post, será correspondente político.

Produção moderna

Stengel quer eliminar a idéia de fazer uma publicação noticiosa com um pequeno exército de repórteres e pesquisadores desconhecidos. Na era da internet, não é fácil manter a relevância de uma revista semanal, analisa Howard Kurtz [Washington Post, 18/12/06] para justificar a mudança.

‘Nós vamos de um modelo de produção fabril do século 19 ao modelo de internet do século 21’, compara o chefe de redação. ‘Algumas das coisas que estávamos fazendo eram antiquadas’, diz, oferecendo a receita da modernidade: ‘um grande escritor / repórter com um ponto de vista sobre um assunto importante para nossas vidas – tem algo melhor que isso?’. A nova estrutura da Time terá menos ênfase em fatos originais e mais análises de fatos que já passaram – e que, com certeza, os leitores já viram nos veículos online.

A questão, diz Kurtz, é se este esquema de produção será mais valioso para os leitores ou anulará a importância central da apuração de notícias. ‘Eles não vão fazer o mesmo jornalismo que fizeram pelos últimos 75 anos’, diz Von Drehle. ‘[Este novo jornalismo] será construído em torno de redatores-repórteres com voz própria. É como o lançamento de uma revista que já nasce com uma das grandes marcas do jornalismo americano’.

Tempo fechado

A Time Inc., empresa a qual pertence a revista, passa por um longo período de crise financeira e reestruturação. O grupo fechou recentemente a Teen People e pôs à venda 18 de suas revistas, entre elas títulos segmentados como Popular Science, Parenting e Field & Stream.

A Time também sofre com o momento ruim – diminuiu sua circulação de quatro milhões para 3,25 milhões e aumentou o preço em banca em um dólar, para US$ 4,95. Enquanto isso, a ansiedade corre solta na redação, com fontes internas afirmando que número significativo de funcionários pode ser cortado em breve. Alguns analistas temem que a parte opinativa da Time se sobressaia sobre a parte que dá furos importantes. Stengel, por sua vez, promete equilíbrio de reportagens, análises e opiniões.