Quando foi nomeado ao cargo de chefe de redação da revista americana Time, em maio, Rick Stengel falou em contratar mais ‘estrelas’ do jornalismo que pudessem ajudá-lo a levar o título ao encontro de ‘pontos de vista mais fortes’. Na ocasião, Stengel enfrentava uma temporada de redução de despesas com 550 cortes de empregos. Alguns meses e reestruturações mais tarde, ele finalmente cumpre seu desejo inicial, trazendo nomes de destaque para as páginas da Time.
Michael Kinsley, ex-editor da Slate e da New Republic, e Bill Kristol, editor da Weekly Standard, assinarão colunas; o ex-chefe de redação da Time Walter Isaacson irá contribuir com ensaios sobre questões internacionais; David Von Drehle, veterano repórter e editor do Washington Post, será correspondente político.
Produção moderna
Stengel quer eliminar a idéia de fazer uma publicação noticiosa com um pequeno exército de repórteres e pesquisadores desconhecidos. Na era da internet, não é fácil manter a relevância de uma revista semanal, analisa Howard Kurtz [Washington Post, 18/12/06] para justificar a mudança.
‘Nós vamos de um modelo de produção fabril do século 19 ao modelo de internet do século 21’, compara o chefe de redação. ‘Algumas das coisas que estávamos fazendo eram antiquadas’, diz, oferecendo a receita da modernidade: ‘um grande escritor / repórter com um ponto de vista sobre um assunto importante para nossas vidas – tem algo melhor que isso?’. A nova estrutura da Time terá menos ênfase em fatos originais e mais análises de fatos que já passaram – e que, com certeza, os leitores já viram nos veículos online.
A questão, diz Kurtz, é se este esquema de produção será mais valioso para os leitores ou anulará a importância central da apuração de notícias. ‘Eles não vão fazer o mesmo jornalismo que fizeram pelos últimos 75 anos’, diz Von Drehle. ‘[Este novo jornalismo] será construído em torno de redatores-repórteres com voz própria. É como o lançamento de uma revista que já nasce com uma das grandes marcas do jornalismo americano’.
Tempo fechado
A Time Inc., empresa a qual pertence a revista, passa por um longo período de crise financeira e reestruturação. O grupo fechou recentemente a Teen People e pôs à venda 18 de suas revistas, entre elas títulos segmentados como Popular Science, Parenting e Field & Stream.
A Time também sofre com o momento ruim – diminuiu sua circulação de quatro milhões para 3,25 milhões e aumentou o preço em banca em um dólar, para US$ 4,95. Enquanto isso, a ansiedade corre solta na redação, com fontes internas afirmando que número significativo de funcionários pode ser cortado em breve. Alguns analistas temem que a parte opinativa da Time se sobressaia sobre a parte que dá furos importantes. Stengel, por sua vez, promete equilíbrio de reportagens, análises e opiniões.