A controversa decisão do governo da Grã-Bretanha de homenagear os jornalistas que trabalharam embutidos (embedded) às tropas britânicas durante a guerra do Iraque sofreu mais um bombardeio crítico. Desta vez, a agência ITN, que gera notícias para ITV, Channel Four, Channel Five e para estações comerciais de rádio, declarou que está dissuadindo os membros de sua equipe a se inscreverem para receber a homenagem.
O Ministério da Defesa britânico irá entregar medalhas para os homenageados. Membros das Forças Armadas e civis mortos no conflito serão automaticamente homenageados, enquanto outros soldados e jornalistas embedded terão que se inscrever para receber a medalha. Segundo uma porta-voz da ITN, seria inadequado que repórteres aceitassem a medalha do Ministério da Defesa. Ela afirmou, entretanto, que a agência não proibiu que seus funcionários se inscrevam.
A União Nacional de Jornalistas também declarou que não considera a homenagem apropriada; já a BBC disse que cabe a cada jornalista decidir se deseja ou não recebê-la. A prática de incluir os repórteres nas tropas durante a guerra do Iraque mostrou-se um sucesso, porque possibilitou que a mídia ficasse bem perto da ação, afirma Claire Cozens [The Guardian, 22/4/04]. Mas há quem considere que permanecer junto aos soldados dificultou a objetividade dos jornalistas e resultou em uma cobertura parcial.
Cerca de 150 jornalistas foram embutidos a tropas de ocupação durante a guerra, incluindo os repórteres da ITN James Mates e Bill Neely. Diversos jornalistas, entre os quais está a repórter do Guardian Audrey Gillan, já avisaram que não irão aceitar a medalha porque ela prejudicaria sua independência e isenção jornalística.
A decisão de homenagear com medalhas os jornalistas embedded foi anunciada em fevereiro pelo ministro das Forças Armadas, Adam Ingram. Na ocasião, ele afirmou que a homenagem iria reconhecer ‘a coragem e os resultados obtidos pelos militares e civis que arriscaram tanto para remover o regime opressivo de Saddam Hussein’.