Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Imprensa, missão e desafio

A mídia internacional e também brasileira não estão interessadas em dramatizar a contaminação radioativa produzida pelo complexo nuclear de Fukushima. Deveriam: os dados que chegam são cada vez mais preocupantes. Preferem adotar a clave baixa da imprensa nipônica que não tem outra alternativa senão evitar o pânico, o desespero ou uma onda de suicídios.


O Japão não está em condições de discutir agora o seu futuro modelo energético, mas o resto do mundo, por enquanto livre de ameaças ou emergências, pode colocar o debate na agenda pública.


Não se trata de embargar a construção de novas usinas nucleares, trata-se de examinar todas as alternativas e, sobretudo, todas as combinações de fontes renováveis e não-renováveis.


Modelo energético


A matéria é complexa, exige da mídia uma capacidade didática que ela raramente exercita, tanto aqui como no chamado Primeiro Mundo. O setor de energia é geralmente coberto por jornalistas treinados para cobrir a área econômica, mas o tipo de dilema que hoje se apresenta exige uma formação diferenciada.


E isto nos conduz às estratégias de investimento das empresas de mídia: nada se economiza quando se trata de aquisição de novas tecnologias ou novas alternativas mercadológicas. Porém, pouco se gasta na qualificação dos quadros profissionais, confia-se mais na improvisação ou nas matérias oriundas das fontes internacionais.


O debate sobre o modelo energético e a sustentabilidade foi imposto pelo terremoto e pelo tsunami, impossível deixá-lo na gaveta ou simplesmente entregá-lo aos especialistas.


A imprensa precisa reencontrar-se com sua missão convocadora. Antes que seja tarde.