Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Informe sobre repórteres desaparecidos

Há muito tempo, o crime organizado tenta silenciar a imprensa no México, audaciosamente assassinando jornalistas a tiros, em plena luz do dia, nas ruas das cidades. Mas, em um novo relatório especial, ‘Los Desaparecidos‘, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) revela que os inimigos da imprensa estão se utilizando de uma nova tática: o desaparecimento de repórteres.

Sete jornalistas mexicanos desapareceram desde 2005, uma cifra quase sem precedentes nos 27 anos documentados pelo CPJ em todo o mundo. O México já é considerado um dos países mais perigosos do mundo para os jornalistas, com 21 profissionais assassinados desde 2000 – pelo menos sete deles em represália direta por seu trabalho. Mas o aumento do número de desaparecimentos sugere uma importante mudança nos riscos enfrentados pela imprensa mexicana.

No informe, divulgado hoje (30/9), o CPJ examina a possível participação da polícia e de funcionários públicos locais nesta sucessão de desaparecimentos. Segundo as investigações realizadas pelo CPJ, pelo menos cinco dos repórteres desaparecidos investigavam o vínculo entre funcionários de governos locais e o crime organizado nas semanas anteriores à desaparição. Alfredo Jiménez Mota, por exemplo, um ex-boxeador que pesava 110 kg, era um repórter agressivo e ambicioso que expôs as operações de grupos criminosos e de funcionários públicos que, segundo afirmava, estavam ligados a tais grupos. Numa tarde, Jiménez saiu para encontrar uma ‘fonte nervosa’ e nunca regressou.

Aumento da autocensura

Até hoje, nenhum dos sete casos de desaparecimento foi resolvido e, aparentemente, continuam sem pistas. Como, geralmente, os casos de pessoas desaparecidas são considerados crimes comuns e a investigação fica a cargo da polícia local, somente um dos casos de desaparecimento está sendo investigado pelas autoridades federais na Cidade do México. O CPJ tem solicitado ao México que federalize os crimes contra a liberdade de expressão.

Em conseqüência dos desaparecimentos, aumentou a autocensura entre os repórteres mexicanos que cobrem criminalidade. Um repórter confessou que gostava de fazer a cobertura do tema, pois o colocava ‘em meio à ação’. Agora, entretanto, prefere manter-se à distância e observa como a imprensa evita informar sobre o crime organizado em Tabasco.

O informe está disponível online e constará da próxima edição da revista do CPJ, Dangerous Assignments. [Nova York, 30 de setembro de 2008]

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo