Enquanto o grupo espanhol Prisa, que edita o jornal El País, um dos maiores da Espanha, colocou à venda sua rede de mídia na Bolívia, o governo boliviano lançou na quinta-feira (22/1) um jornal estatal.
A três dias de um referendo sobre a nova Constituição socialista, o presidente Evo Morales lançou seu próprio jornal, El Cambio, para combater as ‘mentiras’ da imprensa privada. Embaixo do título do Cambio (mudança, em espanhol), está escrita a frase: ‘A verdade nos libertará’.
Com entrevista do presidente Evo Morales na capa e várias páginas de propaganda estatal, o jornal foi publicado com uma tiragem inicial de 5 mil exemplares, a 2 bolivianos (R$ 0,65) cada, menos da metade do preço médio cobrado pelos jornais privados.
‘Por conta de conhecidas agressões de alguns meios de comunicação, ofensas e mentiras atrás de mentiras, decidimos que o Estado também terá seu próprio meio de comunicação chamado Cambio‘, disse Morales em um discurso no palácio do governo, ao apresentar a publicação.
O líder boliviano, que espera a aprovação da nova carta magna socialista e indígena no referendo de depois de amanhã apesar da resistência da oposição, acusou os meios de comunicação privados de ‘deturpar’ e ‘mentir’ sobre sua ação de governo.
Site desconhecido
Além do jornal Cambio, o governo controla uma rede, que já conta com o Canal 7 (emissora de TV com maior alcance nacional), a rádio Patria Nueva (com 36 afiliadas) e mais de 100 estações comunitárias.
Já o grupo espanhol Prisa confirmou ontem a venda de sua participação de 25% na rede de TV ATB por US$ 4,1 milhões.
O comprador é o Akaishi Investments, que adquiriu também a opção de compra sobre a participação do Prisa no Investimentos Grupo Multimídia de Comunicações, que controla o La Razón, um dos principais jornais da Bolívia, e El Extra.
A mídia boliviana afirma que por trás do Akaishi estariam capitais venezuelanos, país cujo governo é aliado de Evo Morales.
Não é possível encontrar um site para a Akaishi Investments, quando se faz pesquisa na internet.