O governo federal mexicano deve proporcionar proteção imediata ao jornal Cambio de Sonora, de Hermosillo, para que possa retomar sua publicação, declarou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). O diário anunciou, na quinta-feira, que suspenderia sua publicação depois de repetidas ameaças e dois ataques com uso de explosivos.
Mario Vázquez Rama, presidente da Organização Editorial Mexicana (OEM), proprietária do Cambio de Sonora, anunciou o fechamento do jornal em uma carta publicada no site do periódico. Na carta, Vázquez disse que depois de ataques com explosivos e ameaças, ante a falta de proteção por parte das autoridades locais e devido à situação de insegurança geral em Hermosillo, a OEM se via obrigada a fechar temporariamente o jornal para proteger seus funcionários. Hermosillo está situado no estado nortista de Sonora, cerca de 1.600 quilômetros a noroeste da Cidade do México.
‘O estado de Sonora não garante a segurança e a proteção que [os trabalhadores] requerem’, escreveu Vázquez na carta. ‘Não podemos nos dar ao luxo de esperar.’ A OEM não indicou quando, ou sob quais circunstâncias, retomaria a publicação do Cambio de Sonora.
Em 16 de maio, uma granada explodiu no estacionamento do jornal, segundo informes da imprensa e entrevistas do CPJ. Um mês antes, indivíduos não identificados lançaram, de um veículo em movimento, uma granada no jardim frontal do diário, disse ao CPJ o diretor-geral do jornal, Roberto Gutiérrez, em abril. Ninguém ficou ferido nas explosões, que causaram alguns danos, informou Gutiérrez.
Proteger e punir
Gutiérrez explicou ao CPJ que o Cambio de Sonora havia deixado de fazer reportagens investigativas sobre o crime organizado e o narcotráfico. Acrescentou que não sabia o que poderia ter instigado os ataques.
‘A administração do presidente Calderón deve atuar imediatamente para permitir que o Cambio de Sonora retome sua publicação’, declarou Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. ‘Este incidente abre um grave precedente negativo e reflete como a intimidação impune está amordaçando a imprensa mexicana.’
No México, a guerra entre poderosos cartéis de droga se intensificou nos últimos três anos. As pesquisas do CPJ indicam que os repórteres mexicanos que informam sobre narcotráfico e crime organizado estão enfrentando perigos cada vez mais sérios. Desde o ano 2000, seis jornalistas morreram em represália direta por seu trabalho, enquanto o CPJ continua analisando as circunstâncias que cercam outros 12 assassinatos. Além disso, outros cinco jornalistas estão desaparecidos desde 2005, sendo que três sumiram este ano.
Em 9 de maio, uma delegação do CPJ se reuniu com o embaixador mexicano nos Estados Unidos, Arturo Sarukhan Casamitjana. A delegação instou o governo federal do México a adotar medidas concretas para proteger a liberdade de imprensa e processar os responsáveis por crimes contra jornalistas. [Nova York, 25 de maio de 2007]
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo