Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornal condenado a multa recorde no país

O editor-executivo Abubakr Jamai e o subeditor Fahd Iraqui, do jornal marroquino Le Journal Hebdomadaire, terão de pagar multa de US$ 415 mil por difamação, na maior punição contra jornalistas já realizada no país. A queixa que levou à sentença contra o jornal foi feita pelo Centro Europeu de Inteligência Estratégica e Segurança, depois do Le Journal Hebdomadaire ter publicado matéria onde questionava a objetividade de um relatório realizado pelo ‘instituto’ sobre a Frente Polisário – movimento político que disputa o território do Saara Ocidental com o Marrocos e é formado por cerca de 150 mil refugiados que vivem em acampamentos sediados em Tindouf, na Argélia. A corte também ordenou que os jornalistas publicassem a decisão em três títulos – Le Journal Hebdomadaire, Maroc Hebdo e El Ousboe, mas seus advogados informaram que vão apelar da sentença.


A organização Repórteres Sem Fronteiras protestou em seu sítio [16/2/06] contra a decisão do tribunal. ‘Com esta sentença desproporcional – equivalente a 138 salários mínimos em Marrocos –, as cortes determinaram o silêncio de uma das melhores publicações independentes do Magreb, onde a imprensa está constantemente sob o controle do governo’, afirmou. ‘Depois de multar e proibir o jornalista Ali Lmrabet de exercer a profissão por dez anos, por causa de um artigo sobre o disputado território do Saara Ocidental publicado no jornal Tel Quel, é a vez do Le Journal pagar o preço pela política de amordaçar a imprensa investigativa’.


Ali Amar, editor do Le Journal, afirmou que ‘em nenhum momento o processo focou no suposto objeto da difamação. A acusação afirmou que, na realidade, era um julgamento político e a corte era, portanto, convidada a julgar a linha editorial do jornal. Foram mostradas como provas algumas capas de jornais com temas delicados, com o argumento de que elas prejudicavam a imagem do país no exterior’. O Le Journal foi pioneiro ao investigar denúncias de corrupção no governo e irregularidades em empresas, e ao discutir certos temas políticos considerados tabus no país.