O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou o violento ataque de quinta-feira [13/8] contra uma dúzia de jornalistas por parte de supostos partidários do governo na Venezuela. Os jornalistas estavam protestando contra um projeto de Lei de Educação que restringiria a liberdade de imprensa.
Supostos partidários do governo golpearam e chutaram os jornalistas, segundo informações da imprensa internacional. Às 14h00, vários jornalistas dos diários Últimas Noticias, El Mundo e Diario Líder, de Caracas, de propriedade do conglomerado midiático Cadena Capriles, caminhavam pela Avenida Urdaneta, no centro de Caracas, para protestar contra o projeto de lei que contém disposições que podem restringir a liberdade de expressão, informou a agência Associated Press.
Os jornalistas levavam faixas e distribuíam folhetos advertindo contra as disposições da lei que proíbe a divulgação de conteúdo que, entre outras coisas, possa causar ‘terror em crianças’, que incite ‘ao ódio, à agressividade, à indisciplina’ ou que atente contra ‘a saúde mental e física da população’. Eles foram cercados por supostos partidários do governo que acusaram os jornalistas de serem ‘oligarcas’ e ‘inimigos do povo’, segundo entrevistas do CPJ com os jornalistas locais. O editor do Últimas Noticias, Eleazar Díaz Rangel, disse ao CPJ que os jornalistas estavam com suas credenciais de imprensa. Segundo as informações da imprensa local, os agressores trabalham para a emissora Avila TV, de propriedade do governo.
‘Crimes midiáticos’
‘Estamos indignados com este brutal ataque contra jornalistas que estavam exercendo seu direito de protestar contra cláusulas de uma lei que poderiam ter impacto no livre exercício de seu trabalho informativo’, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. ‘Esta não é a primeira vez que jornalistas são atacados por partidários do governo. As autoridades venezuelanas devem fazer tudo ao seu alcance para pôr fim imediatamente a estes ataques contra a imprensa.’
Ninguém ficou ferido com gravidade, mas ao menos doze jornalistas da Cadena Capriles foram levados para hospitais locais: os repórteres Marcos Ruiz, Fernando Peñalver, César Batiz, Ubaldo Arrieta e María E. Rondon, do jornal Últimas Noticas; Octavio Hernández e Manuel Alejandro Álvarez, do Diario Líder; Jesús Hurando, do El Mundo; e Gabriela Iribarren, Greasi Bolaños, Glexis Pastran e Sergio Moreno.
O governo venezuelano condenou o ataque em um comunicado divulgado na própria quinta-feira e as autoridades locais estão investigando o incidente.
A Assembléia Nacional aprovou na sexta-feira [14/8] a Lei de Educação, informou a AP.
Em 30 de julho, a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz apresentou um projeto para punir ‘crimes midiáticos’ com penas de prisão. A lei, que teria representado um sério retrocesso para a democracia venezuelana, foi descartada pela Assembléia Nacional. Em 3 de agosto, um grupo de mais de 30 simpatizantes do governo armados invadiu as dependências da rede de televisão Globovisión, laçando gás lacrimogêneo, e ferindo uma policial de Caracas e dois funcionários da emissora. No dia seguinte, as autoridades prenderam a ativista pró-governo Lina Ron em conexão com o ataque.
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O CPJ é uma organização independente sem fins lucrativos sediada em Nova York que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo