Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalistas se mobilizam contra proposta patronal

Mais de 500 jornalistas alagoanos de todas as redações do estado fizeram uma grande mobilização durante toda a última terça-feira, 28/04. O ato foi contrário à proposta das empresas de comunicação de não reajustar o piso salarial da categoria. Os jornalistas alagoanos pedem reajuste de 13% no piso salarial. Como os representantes das empresas apresentaram proposta de sequer reajustar a inflação acumulada do ano, praticamente toda categoria vestiu preto nesta terça-feira.

A mobilização atingiu repórteres e apresentadores de TV, redações de rádio, jornais impressos, web e assessorias. Afiliadas da TV Globo, TV Record, SBT e TV Cultura contaram com praticamente todos os seus profissionais vestindo preto. A mobilização atingiu redações em pelo menos cinco cidades alagoanas e também contou com a participação de jornalistas do estado que atuam fora de Alagoas. Faixas com menção aos proprietários também foram espalhadas por toda a capital. Uma delas foi colocada na avenida mais movimentada de Maceió e acusava o ex-presidente Fernando Collor de Melo, dono do maior grupo de comunicação de Alagoas, a organização Arnon de Melo, de precarizar o trabalho de seus funcionários.

Mesmo com determinações explícitas dos proprietários para evitar a exploração da manifestação, várias matérias veiculadas nos telejornais contavam com repórteres totalmente de preto. Na afiliada da rede Record, a TV Pajuçara, a edição local do Cidade Alerta foi ancorada pelo apresentador Oscar de Melo, que vestia camisa, calça e blazer pretos. O repórter, em sua entrada ao vivo, também estava com camisa preta. Horas antes, o programa esportivo da mesma emissora, também foi ancorado pelo apresentador vestindo preto.

“Foi apenas o começo…

Ao longo do dia, jornalistas postaram nas redes sociais de Alagoas fotos vestindo preto. A mobilização chegou a atingir 100% de duas das principais redações do estado, a TV Pajuçara e o jornal Tribuna Independente. A adesão atingiu ainda jornais impressos locais, rádios e redações de web. Pelo menos 20 departamentos de assessoria de comunicação, como os do Ministério Público de Alagoas e da Secretaria de Educação do Município de Maceió, também aderiram ao movimento.

A iniciativa foi estimulada por um movimento semelhante que ocorreu com colegas jornalistas de uma redação no estado do Rio Grande do Norte no ano passado. Entretanto, a movimentação de Alagoas foi a primeira do país a atingir todas as redações do estado de uma única vez.

Estima-se que 70% dos jornalistas ativos tenham vestido preto nesta terça-feira em Alagoas. Numa mensagem postada na rede social do Sindicato dos Jornalistas, um mosaico reúne cerca de 200 fotos postadas pelos profissionais em Alagoas. A mensagem mostra uma categoria que se uniu para dar uma resposta a proposta apresentada e que o próximo passo seria a paralisação total.

“Força… Foco… Parabéns a todos que direta e indiretamente participaram desse dia histórico. Foi emocionante… foi inspirador. Fomos exemplo ao Brasil de luta de classe. Mais de 500 jornalistas que atuam em Alagoas, e alagoanos em outros estados, usaram suas redes sociais, deram um exemplo de democracia e uma resposta à proposta absurda das empresas de não reajustar o piso salarial da categoria. O preto tomou todas as redações. A mobilização atingiu repórteres e apresentadores de TV… Redações inteiras… Assessorias, colegas da Cooperativa. Todos juntos… E isso foi apenas o começo… Ou a proposta muda… ou as redações param! O recado foi dado…”

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Flavio Peixoto é jornalista e presidente do Sindjornal, Maceió, AL