O juiz federal americano Claude Hilton rejeitou, na sexta-feira (12/1), o caso por difamação aberto pelo cientista Stephen Hatfill contra o New York Times. Hatfill, que em 2001 trabalhava para o governo, acusava o colunista Nicholas Kristof de difamá-lo em uma série de textos sobre os envelopes com antrax que assustaram o país naquele ano.
Kristof escreveu que o cientista, inicialmente identificado como Mr. Z, teria se tornado foco das investigações sobre as correspondências envenenadas que mataram cinco pessoas nos EUA. Em agosto de 2002, o colunista escreveu que o doutor Hatfill, especialista em armas biológicas, teria se identificado como ‘Mr. Z’ e reclamado do tratamento injusto que recebia pela imprensa.
Ainda que autoridades federais tivessem realmente identificado o cientista como ‘pessoa de interesse’ na investigação, ele nunca foi acusado formalmente por algum crime. Os ataques com antrax permanecem sem solução.
Processo longo
O caso de Hatfill contra o Times é longo. O juiz Hilton havia determinado, anteriormente, que nenhuma difamação teria ocorrido, mas um painel de três juizes votou pela reinstalação do processo, afirmando que um júri deveria decidir se as colunas de Kristof eram difamatórias. O tribunal de apelações e o Supremo Tribunal se recusaram a intervir no caso.
O jornal argumentava que as colunas de Kristof não culpavam Hatfill pelos ataques, como ele colocou em seu processo. Ao contrário, as colunas teriam como objetivo pressionar o FBI para agir mais prontamente, acusando ou liberando de vez o cientista.
David E. McCraw, advogado do Times, afirmou que foi preciso um grande investimento de tempo e dinheiro para que o jornal pudesse se defender. ‘Mas no fim a lei de difamação funcionou como deveria – na proteção de um jornalismo agressivo e relevante’, completou. Informações de Neil A. Lewis [The New York Times, 13/1/07].